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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Enigma de São Silvestre




ALBUQUERQUE E OS SEUS 
(FUTUROS) MANDATOS






O presidente do governo regional afirmou ontem à beira-mar que as obras necessárias ao prolongamento da Pontinha terão de esperar uns anos e nem sequer decorrerão durante... os seus mandatos. 

Ora, que os tempos não são de abundância em matéria de finanças, sabíamos nós. O que desconhecíamos era o dado adquirido do nosso Sua Majestade quanto a ficar mais mandatos a governar a Tabanca.    
Não dizemos que não vá ser assim, que não fique mais dois mandatos além deste, quem sabe. Porém, é preciso deixar aqui uns reparos à auto-confiança do novo patrão-mor da Tabanca.
Aquilo saiu-lhe com tanta naturalidade que não ficámos com dúvidas: não ocorre a Miguel Albuquerque a hipótese de as coisas continuarem a correr ao seu desgoverno tão malzinho como estão. Ou então ele ainda não se apercebeu de que já vamos para um ano de desgoverno e não se vê nada de nada de concreto que emergisse do novel Establishment Azul. 
Miguel Albuquerque vai fazer-nos o favor de confessar que não fala a sério naquela sua comunicação plasmada no 'face' a respeito do que o seu desgoverno (não) fez. 
Num aspecto ele tem razão. É quando fala sobre o desanuviamento do convívio social na Madeira e sbre os consensos no relacionamento entre partidos - isso melhorou a olhos vistos. Que houve reforma do sistema político regional, sim, seja. Acontece que o povo, em especial o matreiro madeirense, não bebe nem petisca boas maneiras. 
Falar das grandes benesses do CINM?! Outra vez?! Das verbas conseguidas da Europa e das consolidadas junto do Estado?! Que obra é essa? 
A comunicação, ou que raio é, são 12 páginas de lugares comuns mais velhos do que o norte na política doméstica! Confrangedor. Coisa que se escreve em 3 ou 4 minutos, de cor.
Caro sr. Sua Majestade! O que o povo exigirá ao seu governo já neste mandato é emprego. Menos impostos. Menos sem-abrigo jogados em cima de cartões na Rua do Seminário e na Avenida Arriaga! Menos classe média na sopa do Cardoso. Escolas justas. Fim da emigração forçada. Dinheiro para dar de comer aos filhos. Dignidade aos idosos na recta final da vida. O resto é paleio de chacha, Homem de Deus. 
Ai o governo regional não pode fazer milagres? Engraçado, não ouvimos essa na campanha interna do PSD nem na campanha para as regionais. Então promete-se mundos e fundos e na hora da verdade agita-se com a crise global?
Pronto, esse panfleto no 'face' é um pró-forma, para 'encher chouriço', justificar as boas-festas do presidente. Mas não diga que fala a sério. Aliás, aquilo não diz nada, a não ser as tais frases feitas.
É verdade que a gente gosta de ouvir umas bem tocadas pianadas, que têm o seu lugar, apreciar umas imagens do chefe em almoçaradas nas comunidades, umas falas melodoces do presidente, abraços e beijos via comunicação social. Mas isso é a título de folclore. E fora das horas das refeições, porque quando o estômago aperta dispensamos conversa.
O presidente invoca promessas cumpridas em 2015?! Não brinque, Amigo Miguel. Esses apoios às PME e os milhões à agricultura, por exemplo, não passam de retórica no papel, quando não se escoam por entre mãos amigas, desculpe a bruteza. 

Anteontem, 29 de Dezembro, fez um ano que Albuquerque venceu a 2.ª volta das internas no PSD. Mas a verdade é que o partido continua desunido como nunca esteve no tempo do anterior sua Excelência da Velha Tabanca, se exceptuarmos o período final, quando as coisas descambaram e sorriram para os lados do challenger.
Albuquerque, ao falar dos seus 'mandatos', dá a entender que os próximos congressos do Laranjal serão um passeio para ele e para o novo Establishment. Parece convicto ainda de que irá a eleições regionais e as ganhará de modo a prosseguir... os seus 'mandatos'.
Se bem nos lembramos, o antecessor ditadorzinho das Angústias nunca gostou de cantar vitória antes da contagem de votos em cada eleição. Até passava raspanetes aos feiticeiros da tribo que, em lugar de trabalharem nas campanhas, se acomodavam ostentando arrogância triunfalista.
Miguel Albuquerque tem os seus feelings. Já conta com mandatos futuros. Também porque a oposição não o obriga a ser modesto. Carlos Pereira do PS anda deslumbrado com a vida política em Lisboa e tarda a ler Camilo e a sua "Queda de um Anjo". O PP, com José Manuel Rodrigues de lado, Portas irrevogavelmente auto-banido e Rui Barreto em situação de refractário, para não dizer desertor, incomoda menos do que uma pena de pavão. Assim, e contando com o cor-de-rosa com que os mentideros da Região disfarçam diariamente a tragédia madeirense, é natural que o novo chefe se deixe desvanecer. 
Mas há um problemazinho: o povo é manhoso a votar. Não arranje Miguel Albuquerque 'pilim' para contentar a populaça com as velhas lentilhas e verá com quantos paus se faz uma canoa, antes de garantir o próximo 'mandato'. 
As autárquicas já lhe darão um sinal.


BAÍA DO FUNCHAL
 31.12.2015






NA MADEIRA AS FLORES RECEBEM OS VISITANTES 365 DIAS POR ANO

Raimundo Quintal
Funchal, 31 de Dezembro de 2015

FANTÁSTICO E PARADOXAL

A BAÍA DO FUNCHAL DESPERTOU ESTA MANHÃ COM  BELOS NAVIOS DE CRUZEIRO. FANTÁSTICO!
CINCO ESTÃO FUNDEADOS AO LARGO E O CAIS INAUGURADO ESTE ANO E QUE CUSTOU 23 MILHÕES DE EUROS ESTÁ VAZIO.                                                                                                   PARADOXAL!



QUE EM 2016 OS RAIOS DA JUSTIÇA PENETREM NA NEBLINA DA CORRUPÇÃO!

     Raimundo Quintal
Funchal, 31 de Dezembro de 2016

Safari no mar






MAIS UM ESCÂNDALO 
NO DESEMBARQUE



Bem podem os crânios responsáveis pelos portos arranjar os habituais argumentos. Por exemplo, dizer que afinal não é cais nenhum aquele 'Cais 7 1/2' que fica por dentro do 'Cais 8' que afinal também não é cais nenhum. Ou que o perigoso acesso a terra dos turistas esta manhã de 31 pretendeu unicamente oferecer uns 'jogos de aventura' grátis, ao jeito de promoção turística, aos passageiros dos navios ancorados ao largo e que vieram a terra viajando em baleeiras. Quem diz que o 'Cais 8' não funciona por causa das ondas provocadas pelo Lobo Marinho é capaz disso e de muito mais.
Argumentem o que argumentarem, contudo, o que se passou hoje no aterro foi vergonhoso para as inteligências que tanto obraram na Madeira Nova e pelos vistos continuam a obrar.
  

A meia manhã, dos 11 navios previstos para a noite de São Silvestre, tínhamos já 4 deles atracados e outros 4 fundeados ao largo. O tempo estava cinzento e caía chuva miudinha molha-parvos.







Os passageiros dos navios ao largo, porque é impossível dar acostagem a todos os paquetes, tiveram de usar as baleeiras para vir a terra.





As quais baleeiras meteram proa rumo àquele atracadouro que se calhar não é bem atracadouro, devendo servir talvez para proteger o aterro, como faz o 'Cais 8' que não é cais não é nada.





O suposto atracadouro, tremelicando dos 'fingers', animou-se e animou os mirones.







Para os passageiros, o primeiro obstáculo desta espécie de 'jogos da aventura' foi a subida pelo 'escadote' que vai do 'finger' ao alto do chão firme. Exercício demasiado perigoso para a esmagadora maioria dos turistas, acima dos 75 e 80 anos.




















Já em terra firme, suspiros de alívio dos aventureiros à força. Mal sabiam eles que só haviam terminado os exercícios de aquecimento...



Estavam de facto iludidos com a pequena extensão do troço plano, bom para respirar.






Provavelmente para manter o emocionante dos exercícios, os guias apenas forneciam a identificação das camionetas que esperavam os turistas. 







Nada de pormenores, pois, sobre o inesperado obstáculo seguinte. Ainda mais perigoso do que o anterior. Cidadãos locais e turistas que andavam pelo local indignaram-se. Mas os desembarcados seguiam desinformados, direitos ao objectivo.








O objectivo era uma geringonça de pedra. Com degraus demasiado altos para servir de escadaria e demasiado baixos para ser bancadas. Escada não há por ali no famigerado aterro.






Caía uma chuva miúda que mantinha o traiçoeiro piso escorregadio. Aconteceu que os... É melhor o Leitor observar as imagens. Só lhe dizemos que se notava no rosto dos idosos, ajudados por alguns guias e mirones, um misto de pânico e vexame pela situação que eram obrigados a ultrapassar. Até porque os mais novos, embora com esforço, lá pulavam o obstáculo.






A mulher de vermelho passa o 'degrau'...





...Mas falta o marido.









E vai outro 'degrau'...




 As cenas multiplicavam-se, à medida que as baleeiras descarregavam 'aventureiros'. Operações demoradas.








Espectáculo digno da terceira cidade do País.










A este guia, que nos respondeu num inglês marroquino do interior, sugerimos que indicasse aos velhotes a saída mais ao mar, que faz andar um pouco mas não apresenta obstáculos perigosos. Ele continuou preocupado em indicar onde estava a camioneta da sua agência para a excursão. Indiferente, como alguns colegas, ao esforço dos visitantes e aos perigos do percurso.






Alguns felizardos avistavam essa saída mais ao mar e seguiam por lá.






Com algum jeito, era possível tornear as caranguejolas montadas para as festas de logo à noite.








...Caminhando mais um pouco...






... Eis as camionetas! As quais, como alguém referiu no local, afugentavam os turistas todos do Funchal. "Onze navios e não fica um visitante na cidade que dizem querer dinamizar", ouvimos. Mas isso é outra conversa.







Foi uma manhã de revolta - em turistas e em madeirenses. Quando regressarem, mais logo, a descida destes obstáculos ainda será mais perigosa - dizia-se em pleno aterro. Sim, porque o safari à beira-mar tinha segunda parte.








 Enfim, depois de tantas peripécias em terra, os nossos visitantes regressaram às suas naves, cheios de vontade de repetir na Madeira estas experiências excitantes. Sempre há formas de promoção turística baratas. Haja criatividade. 







PS - Se o Leitor Amigo ficou cansado de percorrer esta lengalenga, imagine os pobres dos turistas que cheios de boas intenções vieram assistir ao melhor São Silvestre do Mundo!