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domingo, 15 de abril de 2012

Madeira ao Vivo

DOMINGO MAIS MEXIDO... PARA ALGUNS


Ao contrário do sábado, a cidade mexeu hoje, sobretudo nas esplanadas.


Regurgitaram de turistas os cafés, esplanadas e restaurantes do centro funchalense, toda a manhã e princípio da tarde. Um domingo diferente do sábado. O 'Norwegian Jade' fulgurante na Pontinha. Os visitantes a fotografar os pontos mais pitorescos do burgo e muitos sentados para o almoço a preços acessíveis. Os grupos musicais de rua tocando sem descanso.

Há sempre excepções e aquele empregado não estava lá muito bem disposto.


Porém, a Rua da Alfândega contrastava com o panorama geral. Bazares com artigos expostos em cima do ladrilhado e só isso: um deserto de povo.
Um deserto... à excepção do empregado de um desse bazares, que de vassoura na mão recolhia folhas e matos das árvores da Av. Arriaga.
"Isto não dá nada nesta rua, isto aqui parace uma cidade fantasma", diz o homem ao deparar-se com o único transeunte da ocasião.
E desabafa. Diz que quase estala quando lê os jornais que dizem: ontem estiveram no Funchal quatro navios, com 7 mil passageiros, os quais não resistiam à tentação de comprar recordações da Madeira... mas encontraram muitas casas comerciais da especialidade fechadas.
- Porra! - explode o homem - Olhe para o cemitério desta rua! De que serve esatarmos aqui abertos se os turistas não passam aqui?
- Alguma razão há-de haver - ripostei - O Apolo, o Funchal e o Restaurante da Sé estão com filas de gente à espera de vez para comer e beber...
- Pois é - desorienta-se o empregado - As pessoas têm uma ideia errada disto. Os turistas que estão ali nas esplanadas são os hóspedes dos hotéis que aproveitaram este sol para visitar o centro da cidade no domingo. E almoçam cá por baixo.
- E os turistas do navio acolá?
- É isso. Esses saem da Pontinha controlados. Vão de camioneta para a 'Patrício e Gouveia', lá adiante (Rua do Anadia). Depois seguem para a 'Madeira Wine'. E depois acha que passam por aqui, antes de voltarem ao navio? Não. Recebem instruções de que as camionetas esperam na Avenida do Mar e lá vão eles pela Calçada de São Lourenço abaixo. Nem ficam a conhecer esta zona aqui. P... que... p... (palavrão bem aplicado, temos de aceitar).
Vejo dois potenciais fregueses, lá ao fundo, no lado do Palácio de São Lourenço.
- Nunca se sabe  - arrisco - se não vem ali salvação do dia para alguma casa destas. Uma toalha bordada das grandes resolve muito problema.
- Por amor de Deus! - reage o homem - São indianos, tripulantes do navio, não vê? Sabe o que vêm comprar? Uma daquelas estatuetas de Nossa Senhora de Fátima que mudam de cor conforme o tempo. Como aqueles galos de Barcelos, conhece? Posso mostrar.

Os tripulantes ainda levam uma santinha para os temporais no mar, mas é pouco.


Dito e feito. Os homens entraram e saíram com uma caixinha cada um, com a imagem da Virgem.
- Compram aquilo, que é barato. E daqui vão a um supermercado comprar sardinhas em conserva, para desenjoarem a bordo. E está feita a despesa cá.
Preparei-me para cavar da zona, porque o homem parecia com carradas de razão. Mas ainda me obrigou a ouvir:
- Tenho saudades do turista português, que deixou de vir por causa da crise. Aqueles do Norte de Portugal faziam despesa, vinham mesmo para umas férias em condições. Só vinham quando estavam em boas condições financeiras. Mas a crise acabou com isso... além das ofensas que esse gajo daí estava sempre a fazer aos continentais. Um dia, esse gajo...

Aleguei um encontro importante para não ouvir mais. As paredes têm ouvidos e eu não tenho direito a seguranças para me defenderem nos actos públicos e vigiarem a casa se eu for ao Porto Santo, como esse 'gajo daí' tem.

Além da Rua da Alfândega, a Rua dos Murças também era mais para passeio do que para comercializar.



Decididamente, as esplanadas é que estavam 'a dar'.



O 'Vermelhinho' com a sua habitual música ambiente dos peruanos.


O ex-iate dos Beatles facturou qualquer coisa...


À beira do aterro, passeava-se.



O Golden teve bom domingo.


...E os indianos levaram santinhos e conservas para bordo.

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