Powered By Blogger

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Politicando

GOLPE DE TEATRO NO LARANJAL

ALBUQUERQUE E CUNHA E SILVA JUNTOS E SORRIDENTES NUM ACTO PÚBLICO




Atenção à legenda da RTP-M: o Jardim recuperado é o da Praça de Tenerife. Mais: isto não é truque de montagem.



Populares, funcionários e jornalistas pasmaram com aquilo que viram esta tarde no Campo da Barca: o staff da Câmara do Funchal pediu mais uns instantes antes de começar a visita ao jardim recuperado porque faltava uma personalidade para o acto. De facto, eis que logo de seguida chega uma figura conhecida do governo regional. Nem mais nem menos do que o vice-presidente João Cunha e Silva.
Os presentes entreolharam-se, porque já se perdeu nas brumas do passado a última vez em que ambos os delfins do PSD se encontraram na mesma cerimónia. Estiveram no mesmo lugar, sim, desde que chefe Jardim também estivesse. Sozinhos, há que tempos não!

Nesta tarde de sexta-feira, muita gente esfregou os olhos para ter a certeza de que não sonhava. O presidente da Câmara do Funchal agendou uma visita ao jardim do Campo da Barca, recuperado finalmente depois das enxurradas do 20 de Fevereiro de 2010, dia em que aquela zona foi literalmente varrida, como muitas outras do Funchal e não apenas. No local, Miguel Albuquerque recebeu João Cunha e Silva, já que as obras foram financiadas no âmbito da Lei de Meios, processo liderado pelo vice do governo. Na mesma lógica, o edil recebeu também Ventura Garcês, secretário das Finanças.
Miguel Albuquerque sabia que os governantes o acompanhariam na visita ao jardim recuperado.
Já os circunstantes seguiram pasmados a espontânea e descontraída relação com que os velhos rivais percorreram os jardins: Albuquerque a explicar com toda a naturalidade pormenores dos arranjos ao vice-presidente. E foi com visível amenidade que os dois antigos líderes da JSD se posicionaram lado a lado para prestar declarações à comunicação social. Largos sorrisos em ambos os auto-anunciados candidatos à liderança do PSD-Madeira.
"Tanto Cunha e Silva como Ventura Garcês tinham plenário de governo e mesmo assim compareceram", comentário de um quadro que assistiu ao acto, ainda sem querer acreditar no que via. "Há qualquer coisa de novo na correlação de forças dentro do PSD."
De facto, não se pode analisar de forma simplista o sucedido no Campo da Barca. Não se tratou de uma simples visita, de um banal acto oficial. Tratou-se do reencontro de dois delfins desavindos. Um, Albuquerque, há muito fora das graças de Jardim. Outro que, depois de considerado predilecto do chefe para a sucessão, foi ultrapassado por Manuel António à conta de uma mudança de planos do dito chefe.

Jardim em xeque

O novo dado precisa de análise. Ou João Cunha e Silva comunicou ao presidente do governo o que ia fazer, se é que não foi encorajado por ele a comparecer no Campo da Barca, para fazer 'amolecer' Miguel Albuquerque nos seus propósitos de disputar o partido.Ou então Cunha e Silva decidiu por si próprio participar na agenda e mostrar-se capaz de chegar a entendimento com Albuquerque, o que constitui grave afronta ao chefe Jardim.

A situação afigura-se negra para o líder, num caso ou noutro. Se pretende tréguas com Miguel Albuquerque, o que não seria táctica inédita na carreira de Jardim, com outros protagonistas, obviamente que chega tarde demais. Miguel Albuquerque imprimiu tal velocidade ao seu projecto de liderança que qualquer mudança de direcção lhe seria politicamente fatal. Se Jardim nem sequer teve conhecimento do reencontro entre delfins, institucional mas com muito significado, concluirá que o outro prato da balança começa a ganhar quilos.
Depois do auto-golo do grande chefe, ao substituir-se a Manuel Antnio Correia para combater Miguel, e depois da jornada desta sexta-feira, temos o seguinte resultado:
Jardim, 0 - Albuquerque, 2

E pela prestação de outros delfins, parece que Jardim já terá dificuldades em conseguir um secundário lugar para as provas europeias.



Sem comentários: