JARDIM SOFRE DERROTA PESADA E HUMILHA SÉRGIO PELA SEGUNDA VEZ
CHEFE LARANJA OBRIGADO A DAR APOIO A BRUNO PEREIRA E A FALAR NA SUA PRÓPRIA RETIRADA. ALBUQUERQUE PREFERE SER 'DESEMPREGADO POLÍTICO' A 'BONECO' DE JARDIM
O chefe do PSD local, ao ordenar a Manuel António que manifestasse nesta sexta-feira o seu apoio à candidatura de Bruno Pereira anunciada na Câmara do Funchal, vergou-se humilhantemente à corrente em embrião que, por dentro do partido e na cena regional, lhe faria frente durante um ano e meio, até às eleições autárquicas. Trata-se de uma derrota só explicável pela ânsia de Alberto João Jardim para continuar agarrado ao poder custe o que custar.
No caso, custou-lhe uma derrota humilhante. Mas outro protagonista sofreu idêntica humilhação. Pela segunda vez, a imagem de Sérgio Marques é arrasada na praça pública e pela segunda vez às mãos de Jardim.
Saiu caro ao chefe instalado na Rua dos Netos e na Quinta das Angústias tentar fazer com a lista autárquica funchalense para 2013 aquilo que costuma fazer em tudo o mais: decidir sozinho. Ele costuma chegar ao requinte de avisar que não anunciará um só candidato sem o discutir previamente com a Comissão Política do partido, zombando assim de todos quantos lá estão. É que, quando muito, aparece na reunião com nomes consumados e sem discussão possível. Mas, pior, em todas as versões eleitorais, embora este ano começasse a récita mais cedo, acaba por desovar os nomes dos seus cabeças-de-lista municipais à medida que excursiona de concelho em concelho e de freguesia em freguesia. Anuncia então os nomes sem se lembrar já da Comissão Política. Nos últimos dias, tinha na manga um candidato para noticiar a cada inauguração de tabuletas de veredas, que é o mais importante que encontra, nos tempos miseráveis que correm, para levar micros e câmaras atrás de si.
Proceder desse modo no Funchal deu para o torto. Insinuou-se com uma aposta em Sérgio Marques e tramou-se perante uma inesperada e peremptória reacção municipal. Ainda tentou Jardim falar grosso, esta semana, inebriado pelo bucolismo romântico de São Vicente, avisando a plenos pulmões: "Quem se atravessar no meu caminho terá de me enfrentar pessoalmente!" Gargalhada na Câmara do Funchal. "O Miguel já está a tremer", reagiu a facção de Miguel Albuquerque em marcha para a conquista do PSD-Madeira. Não só Albuquerque se lhe atravessou no caminho há muito como os actuais vereadores laranja, 'despachados' sumariamente por Jardim, como é seu timbre, lhe bloquearam os propósitos insinuando-se com uma lista independente para concorrer às eleições... contra aquela que Jardim planeava levando Sérgio Marques à frente.
Jardim obrigado a 'engolir' o despachado Bruno Pereira
Bruno, da linha municipal, vergou Jardim. |
Humilhado na couraça que ainda julgava ter, o chefe opera uma cambalhota que o faz virar de posição 180 graus completos: o nome do PSD passa a ser o do 'despachado' Bruno Pereira, que aparecia à frente na lista de independentes. E, para tentar disfarçar a derrota, manda que seja Manuel António, no papel de candidato da linha Jardim à liderança do partido, a indicar o seu apoio a Bruno.
Como se Manuel António fosse apoiar um candidato que não o determinado pelo chefe.
De facto, Jardim nunca apontou publicamente o nome de Sérgio Marques. Mas também não o negou. Sem dúvida que Sérgio era o homem certo, para ele. Disse-o na mesma conversa privada em que, já vai um tempinho, apontou Manuel António Correia para seu sucessor, referindo inclusive o interesse de Cavaco Silva no assunto e na referência do Presidente da República ao nome do actual secretário regional do Ambiente.
Mas segunda humilhação estava reservada para Sérgio Marques. A primeira foi quando fez notar que o lugar na lista laranja às europeias destoava do seu palmarés político. Jardim arrasou publicamente o então eurodeputado, reivindicando para si próprio a condição de 'Único Importante' no partido e dispensando automaticamente Sérgio das eleições, substituindo-o por Nuno Teixeira, da linha Cunha e Silva.
Esta segunda humilhação de Sérgio, que desaparece da história das autárquicas de um momento a outro, acontece por culpa própria. Deveria ter rejeitado publicamente a hipótese de voltar à mão do chefe que o humilhara uma primeira vez. Porque, era evidente, Jardim só queria aproveitar-se dele, Sérgio, para tirar Bruno Pereira do mapa e assim atingir Miguel Albuquerque, o presidente que sai por limitação de mandatos. Numa palavra, tratava-se erradicar o miguelismo da história.
Sérgio não se impôs. Deixou correr. Sem uma palavra - nem sim, nem não, pelo contrário. Possivelmente por calculismo. Do mal o menos, a passagem pela câmara poderia conferir mais substância ao seu estatuto político, tendo em vista uma chance posterior de esvoaçar mais alto. E agora vê a reviravolta de que o chefe Jardim foi capaz só para se segurar a si próprio aos comandos desactivados do navio desgovernado.
Laranjal espatifa-se pela escadaria abaixo
Amizade, intriga, traição e inveja: um filme já cansado. |
Chefe das Angústias andou a reflectir e nesta sexta-feira fez o seu número de ilusionismo para tentar serenar a tripulação partidária. Com a cúpula rendida perante a candidatura de Bruno Pereira, acabar-se-ia a contestação dos 'despachados' da Câmara. Com um excelente contrapeso: isolar Miguel Albuquerque, desencorajando-o perante o desafio de avançar para uma disputa da liderança do partido já sem contar com os seus apoiantes municipais, entretanto reinvestidos. Reinvestidos, se ganharam as eleições autárquicas, o que será muito difícil se a oposição actuar com pragmatismo e criatividade, tratando de galgar degraus enquanto o laranjal se espatifa estrondosamente pela escadaria abaixo.
Serenados os ventos no campo municipal, o chefe tentou agora, também, fazer calar o controverso tema da sucessão. Enquanto Manuel António falava da novidade Bruno Pereira, o chefe 'cedia' meia dúzia de meses de governo ao sucessor, lá para fins do mandato, em 2015. Portanto: parem uns tempos de sugerir ao homem que se vá embora, porque desta vez ele vai mesmo e até já ofereceu meses de jogo a quem lhe suceder.
Objectivamente, ninguém acredita neste chefe do governo. Pois se já chegou a despedir-se das comunidades, em duradoura passeata pelo estrangeiro - ao tempo que isso foi! - dizendo que só fazia mais um mandato, e ainda lá está agarrado à cadeira como craca no rochedo!
Como máquina trituradora de colegas de partido quando se trata de se consolidar a si próprio no poleiro da política, Jardim também acaba de arrasar uma figura que sempre lhe foi fiel e a quem usou para tapar ambições a outros: João Cunha e Silva. O vice desaparece de cena nos novos episódios representados com realização de Jardim. A não ser que Cunha leve mesmo em frente a sua candidatura à chefia do PSD-M, o fim da linha chegou mais cedo do que previa.
Tornou-se insustentável a posição que o ex-delfim ocupa no interior do próprio governo, um vice que executa ao lado de um anunciado futuro chefe, Manuel António Correia. Jardim sabia o que fazia quando mandou Correia candidatar-se.
As últimas que soubemos dão Cunha e Silva como em fase de arrumação do gabinete para bater a porta com estrondo. Seria a saída mais digna para esta fase da sua carreira.
Albuquerque mantém apoio a Bruno
"É melhor desempregado do que boneco." |
Já esta manhã de sábado, o actual presidente da Câmara do Funchal mantinha-se como antes: "Sempre disse que o Bruno Pereira era o melhor candidato para o PSD." Ou seja, o apoio à candidatura do seu vice continua.
Ontem, Jardim voltou a ferir Albuquerque, referindo-se à sua condição de futuro 'desempregado político'. O que não fica sem resposta: "Prefiro ser desempregado político a deixar que me tratem como um boneco."
E mais não quis dizer o actual edil n.º 1 da Câmara da capital. Partiu de fim-de-semana com razões para festejar uma primeira vitória.
Mas outro elemento municipal, apoiante de Albuquerque, a quem localizámos pelo telefone, foi mais longe na reacção às farpas reiteradas esta sexta-feira: "Ele (Jardim) é que sempre se mostrou receoso de andar desempregado e por isso tudo fez para ficar no poder este tempo todo. Tirando as aulas que deu, e mal, para não falar dos seus instintos políticos que lhe valeram o saneamento depois do 25 de Abril, nunca fez nada na vida. É licenciado em Direito, nem estágio fez, quanto mais ir trabalhar à barra!"
7 comentários:
A comunicação social madeirense é também muito culpada em relação a este estado de coisas: veja-se, por exemplo, o DNotícias de hoje e a TSF, a dar ampla guarida a um queque, amparado desde o berço, a marcar posição com a linha dura do partido (que o congresso só deveria de ser depois das autárquicas).
Estrelar um indivíduo, comprovadamente sem essência ilustre ou bravia técnica, só por ser de "boas famílias" e sobrinho de "quem é", é terrível e é um péssimo serviço à coletividade.
Em relação ao duelo em curso, obviamente que já sei quem será o próximo presidente do Governo Regional:MAC!! Não tenham dúvidas! O Senhor Secretário dos Recursos Naturais é um homem cuja ambição não tem limites, pelo que todas as armas ao serviço da patifaria humana serão utilizadas.
O Povo - ahhh esse Povo!! - será novamente possuido "por tráz", num vertiginoso mas sapiente golpe de submissão.
Respeitosos cumprimentos.
Pois se o povo, caro Comentador, anda a ser possuído por trás há 30 anos sem um ai!...
Cumprimentos e bom fim-de-semana, longe da nojeira política da Madeira Nova
Mas,quem é este Sérgio?
A autofagia está instalada para a "vanguarda" revolucionária que, entre música e comes e bebes, angaria votos.Não é tão linear que seja MAC ou outro qualquer. Dêem a palavra à oposição pois as divisões vão dificultar a conquista de votos, para mais sem salários e com despesas a crescerem e muito.
Se a oposição costumava dizer que, com Jardim 'lá', as coisas eram mais difíceis para acabar com a ditaudura laranja, está na hora daquele 'empurrãozinho'...
De contrário, será uma mudança para o mesmo.
Caro Sr. Luís Calisto
Com todo o respeito pelas opiniões contrárias, permito-me discordar de quem pensa que esse tal MAC, se for presidente do GR, tenha poder para se aguentar no poleiro.
Jardim, com todos os seus defeitos, soube conquistar, a pulso e atropelos, o poder que deteve até à descoberta do buraco escondido, altura em que, na realidade, se foi abaixo.
Porque o poder não se dá, conquista-se. É como uma herança que, não tendo sido ganha com esforço, se esbanja facilmente.
Uma coisa é passar a governação, outra é o poder. E, além do mais, o poder de Jardim já anda pelas ruas da amargura. Está minado por dentro e não passará de um presente envenenado.
Fora o regime monárquico, o poder, de facto, não se recebe, conquista-se. Insistir no contrário foi o mal, por exemplo, do ex-delfim Cunha e Silva.
Quanto ao presente envenenado, é fugir dele.
O futuro é negro, como o povo quer.
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