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terça-feira, 24 de abril de 2012

Madeira ao Vivo

BUSCAS E APREENSÕES ENERVAM BARÕES DO LARANJAL MADEIRENSE


A ausência de soldados da GNR à porta do ex-Equipamento Social surpreendeu os jornalistas, esta manhã.



Não há mais conversa, no dia de hoje: por todo o Funchal, fala-se das investigações às contas da Madeira e não vale a pena mudar de assunto.
Temas principais da manhã: o engenheiro interceptado segunda-feira pela GNR quando tentava sair da ex-Secretaria do Equipamento Social com documentos alegadamente pertencentes às Estradas, como noticia hoje a manchete do 'Público'; e a suspeita que impende sobre o governo regional de corrupção, associação criminosa e fraude fiscal, conforme anuncia, também em manchete, o DN de Lisboa.
No primeiro caso, pergunta-se a todo o instante, pelas ruas, pela identificação "desse engenheiro que levava papelada com ele"; no caso das suspeitas, tenta-se descobrir em que áreas incide cada uma delas.
Mas, pelas secretarias regionais e departamentos governamentais, perpassa um indisfarçável nervosismo que extravasa para a opinião pública. Altos dignitários do governo regional tentaram, na segunda-feira, saber pormenores do que se passava no edifício do Campo da Barca ocupado pela GNR e pelos investigadores, porque não conseguiam estabelecer os contactos desejados lá para dentro. Evidenciavam-se receios pelo que pudesse ressaltar das diligências, mas o mal-estar prendia-se principalmente com a desmoralização de quadros e funcionários face ao terramoto judicial que ameaça despir um regime bastante mal afamado e de onde se espera, a todo o momento, a descoberta de corrupção grossa. O que, diga-se para bem da verdade, ainda não aconteceu até hoje de forma provada e concreta. Os da 'cor' criticam os que falam sem estarem documentados; os adversários do sistema acusam as autoridade competentes de obstruírem, elas próprias, a Justiça e o seu exercício normal. E aqui, realmente, as dúvidas são monumentais - que nos desculpem os magistrados competentes.

Pelo Funchal comentou-se muito, durante a manhã desta terça-feira, o facto de as investigações terem sido entregues à GNR e não à Judiciária ou MP. Como se calcula, esses comentários são bem antipáticos para as instituições postas à margem do processo, pelo menos no início das diligências. E lá ressoam insinuações de que investigadores e magistrados ficam tempo demais na Madeira, o suficiente para se deixarem envolver pelos vícios do sistema regional. 
Este pormenor esteve nas conversas a que assistimos - e foram muitíssimas, em vários pontos da cidade.

Café matinal do Eng.º Santos Costa no 'Apolo' muito notado

Todas aquelas conjecturas e críticas de permeio com relatos de cenas citadinas ligadas ao tema em foco e a boatos delas emergentes.
Dado que as investigações, segunda-feira, começaram pelo prédio onde funcionou a extinta Secretaria do Equipamento Social, evidentemente que as tramas populares viraram atenções para o antigo titular dessa pasta, o Eng.º Luís Santos Costa. Desenhavam-se na zona das esplanadas centrais, pela manhã fora, especulações e cenários a partir do simples facto de o ex-governante haver entrado no 'Apolo' para tomar o seu café matinal, prática de há muitos anos.
É que, ao contrário do habitual, o engenheiro apareceu com o cabelo desprovido de gel, menos 'caprichado', e com camurcina castanha. "Ele veio mostrar que não mudou de hábitos por causa da investigação", diziam uns. "Aquilo era a mesma roupa que ele tinha ontem, deve ter passado a noite a ser interrogado lá dentro", especulavam outros. Especulação pura, pois.
As conjecturas propagaram-se, passando aos nomes dos empresários mais conhecidos da Madeira nova, muitos dos quais considerados próximos do machiquense eng.º Santos Costa. O começo das diligências policiais pelo antigo Equipamento Social, repetimos, ajudou a centrar o foco das atenções no responsável pela pasta.
"Seria bom saber se houve ou não corrida aos balcões das agências de viagens" - outra frase repetida vezes sem conta nesta manhã de terça-feira. Insinuação de que os 'tubarões do regime' estão sempre prontos para deixar o navio se as coisas correrem para o torto.

Teoria do JM/Jardim provoca hilaridade

A contrastar com o nervosismo nas hostes oficiais da Região, destaque-se a boa disposição provocada pela edição alarmista do JM desta terça. Com orientação de Jardim, o jornal alerta para uma 'sinistra campanha' preparada contra a Madeira pelos operacionais das televisões continentais, que decidiram invadir e agitar a ilha enquanto as "forças de ocupação colonial", ou seja, a GNR, massacram as pias instituições governamentais com investigações e buscas. Apesar de repetida imensas vezes nestas três décadas, tal teoria propicia invariavelmente momentos de boa disposição. Foi o que aconteceu nas últimas horas, à mesa da esplanada onde 'conspiravam' contra sua excelência o rei das Angústias vários jornalistas de cá e de lá.
Mais logo à tarde, se é que a tradição continua a ser o que era, o rei entrará na fase de atribuir à maçonaria o comando das operações bélicas, à frente das câmaras de TV, tripés e micros em riste. Sim, senhor, é bom que ele vá doseando as atoardas, para prolongar o deleite.

Que haja consequências, se não...

Quanto à continuação das investigações, a parte da manhã foi um pouco o 'jogo do gato e do rato'. Jornalistas à procura dos investigadores que, ao contrário do que se julgava, não voltaram para o ex-Equipamento Social. Pelo menos que se percebesse. Nem as carrinhas usadas na véspera pela GNR, uma verde e outra branca, se consguiram localizar. Mas nem por isso a RTP-M e a TVI passaram uma manhã de repouso, pelo que vimos na baixa: todos a girar em torno do quartel da GNR, na Avenida do Mar.
O mais lógico é que os investigadores especialistas estivessem fechados para analisar os documentos apreendidos ontem.

Os jornalistas rondaram o quartel da GNR, sem sucesso.


A terminar, o registo de uma legítima preocupação comum: que estas diligências no Funchal tenham emergido de fundamentos importantes e que finalmente haja consequências para o corrupto regime vigente há 30 anos. A tratar-se de uma simples acção a ver o que dá, então os cérebros da jornada espetarão uma facada na credibilidade de quantos exigem uma investigação séria. Estes receios percorrem a Madeira. Os exemplos anteriores não animam por aí além.

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Claro que o ideal seria provar a inocência do Dr. Jardim, de toda a sua equipa e apaniguados. E que tudo não passou de um lamentável engano.
Mas ninguém acredita em tal hipótese e muito menos o jardinal, que sabe muito bem o que fez e o que anda a fazer...
Pelo que me diz respeito, penso que todo este imbróglio se vai sagrar num empate e que tudo vai voltar à estaca zero. Será mais um caso a somar a tantos outros (Casa Pia, Freeport, etc.). Muita parra e pouca uva, para não dizer nenhuma
A presença de Cândida Almeida a chefiar a rusga deixou-me desiludido. Se a memória me não falha, a taxa de insucesso dessa senhora ronda os 100%.

Luís Calisto disse...

Realmente, com os exemplos antigos, e como diz um Amigo meu, agora é como S. Tomé. Só vendo para acreditar. Ou seja, o prognóstico é mesmo... empate.