CENAS ESCATOLÓGICAS DE UMA INVESTIGAÇÃO
Estas linhas são impróprias para quem é fraco de estômago. Por isso...
Já se sabia que o edifício da ex-Secretaria Regional do Equipamento Social é vistoso por fora, mas com muitas carências por dentro. Ali, tal como nas demais dependências oficiais da ilhota, desde as direcções regionais aos institutos e escolas, falta tudo o que depende de despesas correntes. Incluindo o papel higiénico. Aqueles diabretes da troika!
Então, já não foi só um quadro dos serviços governamentais actualmente instalados no Campo da Barca a ser encontrado com rolos suspeitos debaixo do braço ou mesmo apanhado a roubar papel no WC de algum restaurante. É que, em caso de emergência lá no serviço...
Compreensível. Agora do que ninguém estava à espera...
O comandante da GNR na Madeira, quando tomou posse, em Janeiro. (Foto DN, com a devida vénia) |
Take 1
Durante as investigações desta segunda-feira no interior do famoso prédio, o comandante da GNR na Madeira sentiu as suas necessidades, como acontece a qualquer ser de bem. E o tenente-coronel Paulo Saraiva Soares dirigiu-se à casa de banho mais à mão. Tratava-se de... como é que se debita este tipo de informação...? Bom, era uma operação que requeria... enfim, era função mais demorada do que um simples chichi.
Foi quando, já no final da dita operação, o homem reparou na falta dessa raridade nos departamentos governamentais que é o papel higiénico. Então, esperou que aparecesse alguém. Esperou, esperou... e finalmente alguém chegou.
- Oh amigo, será que...
Lá o quadro dos serviços abordado teve uma ideia: dirigiu-se à casa de banho das senhoras e voltou com uma razoável tira do precioso papel.
Mas ninguém apagou aquele mau bocado ao tenente-coronel, que certamente já rezava por uma solução milagrosa caso não aparecesse mesmo alguém nas horas mais próximas. Tudo por causa do raio do papel higiénico que não existe! Caricata situação! E estamos a falar do comandante de uma GNR na Madeira, não de uma simples praça!
Esta crise não tem fim!
Take 2
Um engenheiro que já teve responsabilidades na Hidráulica e que foi notícia em tempos por ter alguém dos serviços a trabalhar no seu jardim particular, ou coisa que o valha - sabe-se o que são as vozes - deixou-se atacar por uma irresistível vontade de se meter na casa de banho na precisa altura em que os elementos da GNR e os investigadores entraram segunda-feira no pédio do Campo da Barca. O tempo passou, passou, e nada de o homem voltar cá para fora. Intrigados os presentes, foram então tentar perceber o que se passava. Chamaram-no insistentemente e lá o engenheiro acabou por sair.
Não nos perguntem, porque não sabemos pormenores dessa estranha operação WC.
Take 3
...Não sabemos mais pormenores e depois não queremos ser desmentidos nalgum comunicado emanado da Quinta das Angústias, como o desta terça-feira que contraria as manchetes do 'Público' e do 'DN' de Lisboa.
Quanto a este último, diz sua excelência o rei das Angústias que na operação de segunda-feira não houve referências a "crimes de corrupção, associação criminosa, fraude fiscal ou branqueamento de capitais". Era preciso haver?
No caso do 'Público', o rótulo de mentiroso aponta o seguinte: é falso que a um engenheiro portador de documentos do serviço das Estradas fosse cortado o passo durante as investigações. Aconteceu apenas o seguinte, diz o comunicado: "Foi solicitado a um dos muitos engenheiros que facultasse a sua mala particular." O que, portanto, é completamente diferente. Diferente para os homens das Angústias, porque ninguém vê disparidade nenhuma entre as duas informações. É como o outro que diz: não roubei, subtraí. Sempre há diferença.
Além do mais, como vai alguém acreditar numa instituição - a presidência do governo regional - que disse haver motivação política por trás destas investigações!; que fala das patifarias anti-Madeira de uma maçonaria de que nunca se viu qualquer efeito; que chama comunas indiscriminadamente a quem quer que seja; onde o chefe nega à tarde o que disse de manhã; onde o chefe elogia agora o Presidente da República e daqui a pouco amesquinha o Sr. Silva; e o longo rosário de mentiras que toda a gente sabe de cor.
E aqui é hora de fechar as operações escatológicas, em nome do ambiente e do bom gosto.
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