CICAS E ENCEFALARTOS
Encephalartos transvenosus |
À primeira vista parecem pequenas palmeiras e o seu nome tem origem na expressão grega “cycos”, que significa semelhante à palmeira. Mas a semelhança é apenas na morfologia das folhas dispostas em coroa e na forma do caule.
Geneticamente são muito diferentes e mais antigas que as palmeiras. As cicas, ou mais corretamente as plantas da ordem das Cycadales, surgiram no Pérmico, último período do Paleozóico ou Era Primária, há 230 milhões de anos.
Atingiram o auge da sua diversidade há cerca de 160 milhões de anos, em pleno Jurássico, segundo período do Mesozóico ou Era Secundária, que decorreu entre 193 e 136 milhões de anos.
Observaram o aparecimento, serviram de alimento e assistiram ao desaparecimento dos dinossauros da face da Terra.
Quando a ilha da Madeira emergiu no Atlântico, há pouco mais de 5 milhões de anos, já os antepassados destas pequenas árvores, viviam na Terra há mais de 150 milhões de anos.
Pela sua longuíssima história são consideradas “fósseis vivos”, embora as atuais espécies sejam a expressão dum prolongado processo evolutivo em áreas restritas do globo, com climas tropicais e subtropicais.
O sul e a costa oriental de África até à ilha de Madagáscar, a Austrália, a América Central e a parte norte da América do Sul, o Sudeste da Ásia e algumas ilhas do Pacífico, constituem os últimos redutos destas plantas que cada vez mais apaixonam botânicos e amantes da natureza.
Lineu, em 1753, englobou todas as plantas da ordem das Cycadales numa só família, a das Cicadáceas. Em 1959, Lawrence Johnson dividiu-as em três famílias: - Cicadáceas; Stangeriáceas; Zamiáceas.
O género Encephalartos, endémico da África do Sul e Oriental, pertence à família das Zamiáceas e, segundo as informações mais recentes, integra 68 espécies.
Encephalartos deriva de duas palavras gregas que significam cabeça e pão, porque no interior das extremidades superiores dos troncos (caules) há uma substância farinácea que as populações indígenas aproveitam para fabricar pão.
Os Encephalartos e os outros dez géneros que integram a ordem das Cycadales são plantas dióicas. Como são gimnospérmicas, umas plantas possuem cones masculinos, outras têm cones femininos. Os cones masculinos têm um diâmetro menor que os femininos.
Na natureza a polinização faz-se com a ajuda de insetos. Para atraí-los, alguns cones masculinos aumentam a sua temperatura, outros exalam odores característicos.
Na falta de polinizadores específicos, tem de ser o homem a executar essa tarefa. Para tal é preciso conhecer muito bem os cones masculinos e femininos de cada espécie.
No Jardim Municipal do Funchal há várias plantas femininas da espécie Encephalartos transvenosus, indígena da região do Transval. Neste momento uma dá nas vistas, porque os cones estão a libertar as enormes sementes protegidas por películas avermelhadas.
Como não houve polinização, não germinarão.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
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