NASP ESCLARECE:
"SÉRGIO NÃO CRIOU CLIENTELAS
A QUEM SE JUSTIFICAR"
"SÉRGIO NÃO CRIOU CLIENTELAS
A QUEM SE JUSTIFICAR"
* Apoiantes de Sérgio Marques registam insinuações e insultos provocados pela notícia da candidatura
* Sérgio foi às Angústias, de facto, mas para, antes de avançar, colocar o seu lugar na comissão política à disposição
* NASP diz que não responderá na mesma moeda aos atacados de "nervosismo", porém não se abstém de esclarecer
O NASP-Núcleo de Apoio Sérgio à Presidência inteirou-se das reacções que o lançamento da nova candidatura à liderança do PSD-M provocou, "registando sem surpresa os insultos e as insinuações". Segundo fonte próxima da candidatura, que também constatou entusiasmo em algumas áreas do PSD pelo avanço de Sérgio, não haverá resposta a quantos reagiram com "nervosismo", por não ser assunto que interesse aos militantes de base ou aos madeirenses em geral.
Propostas, projectos, ideias e um caminho que ajude "a sair da situação onde todos estamos enclausurados", isso é que está no centro das atenções do antigo eurodeputado, que anunciou a sua candidatura logo aos primeiros minutos desta quarta-feira, em comunicado posto numa página do facebook para o efeito criada.
Apesar de quererem evitar a polémica, fontes ligadas ao NASP contra-atacam os tais 'nervosos' anti-Sérgio, dizendo que "não vale a pena criticar, como muitos fazem, o estilo do presidente do partido se, logo à aparição do primeiro 'challenger' com peso, se repete a fórmula".
Primeiro 'challenger' com peso. Só pode ser farpa com destino a Miguel Albuquerque. E é. Porque a mensagem dos apoiantes do novo candidato asseguram que "com o desvendar das propostas programáticas de Sérgio Marques, cedo se perceberá que essas propostas vão muito além do que qualquer coisa, e não foi muito, que já se tivesse anunciado como programa".
Mais ainda: "Sérgio não criou dependências à sua volta, portanto não tem clientelas a quem se justificar."
Os "nervosos" do lado do ex-presidente da Câmara ficam com este esclarecimento. Mas todos quantos especularam sobre a visita de Sérgio Marques à Presidência do Governo, antes de anunciar a sua candidatura, também ouvem. Do esclarecimento que nos fazem as fontes do NASP, deduzimos que o antigo deputado regional e europeu quis, dentro da ética política, informar o líder social-democrata da decisão de avançar e, em face disso, colocar à sua disposição o lugar que ocupa na comissão política regional, presidida exactamente por Jardim.
Todavia, a frontalidade e a coragem de Sérgio levaram a que o líder resolvesse renovar-lhe a confiança e mantê-lo na comissão política - segundo nos revelam as fontes da candidatura. Sem que, ressalvam, tenham ficado dúvidas sobre as enormes diferenças que separam um do outro, aos níveis de estilo e projecto.
Os mesmos informadores sublinham que Sérgio "sempre falou frontalmente a Jardim das suas discordâncias quanto às opções que iam sendo tomadas". Além disso, fê-lo "sem se escudar em terceiros, no anonimato ou em 'bocas' de jornais".
Sobre a posição de alguns barões de retaguarda que defendem o salto geracional para um candidato à liderança do PSD mais novo do que os já perfilados, elementos próximos do NASP entendem que quem alimenta legítimas aspirações deve avançar, se tiver coragem para isso, mas que, se possível, "não comece a lançar delfins dos delfins, sob pena de todo um processo que se quer refundador se transforme numa desengonçada farsa, expondo o partido ao descrédito".
Finalmente, os adeptos próximos da nova candidatura recordam o comunicado de lançamento na parte em que Sérgio rejeitava, liminarmente, "ajustes de contas, caça às bruxas e revanchismo". As energias estarão centradas no futuro, é ponto assente.
O POLÍTICO E ADVOGADO QUE AOS 56 ANOS QUER CONCRETIZAR UM SONHO ANTIGO
Quando entrou na política, tinha terminado a licenciatura no curso de Direito, em Lisboa, no ano de 1980, a que se seguiu a pós-graduação em Estudos Europeus pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Cumprida a tropa, na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, em Julho de 1981, começou no estágio para exercício da advocacia, entrando normalmente em actividade. Entretanto, desempenhava funções de consultor jurídico e adjunto de gabinete na então Secretaria Regional do Equipamento Social.
De 1984 a 2000 - 4 mandatos -, representou o PSD na Assembleia Legislativa Regional, chegando a vice do grupo parlamentar e presidente de várias comissões especializadas.
Mas, entre Março de 1989 e Julho de 1990, exerceu o cargo de director regional de Planeamento, reportando ao vice do governo regional, que era Miguel de Sousa - com quem deverá bater-se também nesta corrida rumo à liderança do partido. Sérgio participou, pois, na elaboração e na coordenação de programas que ficariam famosos como a OID-POP/M, base do boom de fundos estruturais europeus que permitiram à Região abalançar-se ao desenvolvimentismo que é marca do regime jardinista.
De 1990 a 1999, foi consultor e gestor de empresas do ramo dos transportes marítimos e operações portuárias. E é esta antiga ligação profissional ao desde sempre polémico grupo Sousas que, como já percebemos pelas primeiras reacções à sua candidatura, os adversários utilizarão nos debates. Mas, neste capítulo de suspeitas e envolvimentos, Sérgio Marques, julgamos, ganha distanciado à concorrência, pelas características das suas actividades políticas e profissionais, pelo menos as visíveis. Ou outros têm andado muito mais na brecha.
Antevemos, de facto, dois argumentos na campanha eleitoral interna que o ex-eurodeputado terá de fazer desintegrar depressa e com muita clareza: o tempo de consultor e gestor em barcos e portos; e a proximidade que possa manter com chefe Jardim.
Em Julho de 1999, Sérgio Marques foi eleito para o Parlamento Europeu. Depois, reeleito para um segundo mandato. Até que um desentendimento com Jardim, à passagem para o terceiro, o levou a desistir da lista, entrando Nuno Teixeira para o seu lugar.
Foi nessa altura que Jardim criou a expressão 'único importante' [no PSD] com que se baptizou a si próprio para desvalorizar a decisão radical de Sérgio.
Não chegaríamos ao dia de hoje sem outro episódio do qual Sérgio não saiu muito bem tratado: a nomeação em falso para candidato social-democrata à Câmara do Funchal, nas últimas autárquicas.
Hoje, apesar desses incidentes de percurso, Sérgio Marques está muitíssimo distante de ser uma figura desgastada dentro do chamado Laranjal. Também por isso, é naturalíssimo que ele entenda ser hora de voltar à política activa. Fá-lo concorrendo à presidência da comissão política do partido, apesar de se preverem muitos concorrentes na disputa.
Agora ou nunca. Acompanhamos o processo da sucessão desde sempre e sabemos que o sonho de Sérgio nasceu há muito, criando paulatinamente raízes à medida da inteligência, perspicácia, saber político e sentido democrático que se lhe reconhecem. Só que sempre fugiu ao alarde.