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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

LARANJAL





MIGUEL PEDE CONGRESSO EXTRA
MAS JARDIM ARMADILHOU ESTATUTOS


Mistério: se diz que vai embora e sabe que os vários pretendentes à sucessão 'alinham' na antecipação das eleições internas, por que raio Jardim teima em amolar um processo que não lhe diz respeito? Quem é que costuma dizer que o PSD "não é uma monarquia"? Esta sexta-feira, Albuquerque sempre deu a conferência de imprensa para pedir a antecipação do congresso que o conselho regional, minado por Jardim, vai negar.


Miguel Albuquerque e Rui Abreu na Rua dos Netos, para a conferência de imprensa no 'Hotel Orquídea'.

Se o chefe do governo e do PSD já resolveu mesmo ir embora em Janeiro de 2015, por que tranca um processo electivo que não lhe diz respeito? Só pelo prazer de se refastelar mais uns 5 ou 6 meses nas Angústias?
Não. A verdade é que ele não 'resolveu mesmo' ir embora. Pelo contrário, aquilo que pretende é ir ultrapassando, mesmo desajeitadamente, as sucessivas tempestades como as eleições internas do ano passado e as autárquicas do passado domingo a ver se, chegando à corrida marcada para Dezembro de 2014, as condições se alteraram de modo a poder continuar nos 4 anos seguintes.
Essa é que é essa.
Alguém acredita que todas estas lutas que ele alimenta internamente no partido visam entregar, limpinho, o poder a Manuel António Correia?
Repetimos: se o homem sinceramente aceita ir embora, porque não sai da pista? Por que mete o bedelho onde não é chamado? Não foi ele a dizer, várias vezes, que o PSD não é uma monarquia e que, portanto, não influenciaria a sucessão?
O PSD tem vários candidatos assumidos à liderança. Miguel Albuquerque. Manuel António, que, desde o lançamento da candidatura nos Canhas, se diz sem receio de enfrentar seja quem for e a que horas for. Miguel de Sousa, que avançará logo que Jardim não o faça. Cunha e Silva também avisou que não ficará de braços cruzados. Sérgio Marques idem. Que birra é essa de Jardim que o faz combater tudo o que cheire a Miguel Albuquerque, casualmente o pretendente que o enfrenta directamente e recusa protelar o processo?


Albuquerque pica para atrair Jardim à luta




Como anunciara, Miguel Albuquerque veio esta sexta-feira reiterar a sua candidatura. E, mais do que isso, anunciar a proposta de antecipação das eleições internas, como reacção à derrota laranja nas autárquicas. Mais do que isso ainda, exprimiu-se perante os jornalistas que encheram a sala do 'Orquídea' de forma provocatória, para ferir o orgulho de Jardim, para o chamar à luta.

E porquê?
Porque o presidente cessante da Câmara sabe que os estatutos do PSD-M estão armadilhados. Jardim anteviu o futuro à distância e jogou pelo seguro. Resultado: mesmo que alguém arranje 300 assinaturas para exigir um congresso extraordinário, lá está o preceito que atribui ao conselho regional a última palavra sobre o assunto. Se não interessar a Jardim, não há congresso, ponto final.

Ora, Miguel Albuquerque, de mãos atadas nesse pormenor, só tem um caminho: denunciar o medo que Jardim sente de medir forças com ele. A ver se ele, Jardim, rebusca uma coragem que já não tem para vir enfrentá-lo a breve trecho.
O congresso ordinário, precedido de eleições, está marcado para Dezembro 2014-Janeiro 2015. Miguel poderia esperar pela data marcada. Mas as autárquicas de domingo sancionaram o declínio acelerado na Rua dos Netos. Mais do que 'apanhar' rapidamente um Jardim debilitado para lhe roubar a liderança, a Miguel urge evitar o crescimento da 'bola de neve' chamada oposição regional.

Humildade em vez de arrogância

O social-democrata rebelde, que em 2012 quase correu com Jardim do PSD, apareceu esta sexta-feira a dizer perante a comunicação social que a derrota nas autárquicas só veio confirmar "uma tendência que se verifica desde há 6 anos". O resultado, afirmou, insinua-se à vista de todos: o PSD transformou-se num "partido minoritário ao nível municipal".
Para o pretendente, a liderança de Jardim esgotou-se, desprovida de adesão e credibilidade. Lá está: "É imperativo mudar de liderança e de política enquanto é tempo." Só dessa maneira será possível acorrer à urgência de "reconciliar o partido com a sociedade e com todos os militantes e simpatizantes" do PSD.
Provocação a Jardim: é urgente agir com "humildade democrática" e não com "arrogância". Os tempos mudaram, o tempo corre. Se o partido perdeu as principais câmaras da Região, não é aceitável "aguardar passivamente, sem mudança ou com mudanças cosméticas, a recuperação das bases tradicionais de apoio".

A grande questão, diz acertadamente Albuquerque, é esta: "O tempo corre contra o PSD-M." A oposição não dorme, enquanto os social-democratas adiam a revitalização interna. E o verdadeiro combate do pretendente é evitar que a oposição tenha tempo para "consolidar os seus ganhos eleitorais".
O problema é que não depende de Albuquerque retirar já o empecilho do caminho, Jardim, por mais que tenha insistido hoje na devolução da voz aos militantes para que se pronunciem nesta situação de emergência do partido. 
O edil em fase de despedida municipal bem apregoa, como fez há horas: a 'marcação' ou 'não marcação' de um congresso antecipado deve depender apenas e exclusivamente dos militantes, nos termos estatutários. 
Mas aí é que está o busílis: nos termos estatutários. 
Como dissemos, aparecem as 300 assinaturas, sim senhor, os militantes cumpriram o seu a papel de propor a antecipação do congresso. Mas... falta o pormenor de o conselho regional dizer que, sim senhor, há justificação para uma reunião magna electiva. Pois: isso não será com este conselho regional, escolhido por Jardim. Poderia ser. Mas com votação secreta. Qual daqueles conselheiros é capaz de, mesmo querendo, levantar o braço nas barbas de Jardim para fazer a vontade a um rival do 'grande líder'?
Bem anda Miguel Albuquerque ao dizer, como disse hoje, que o PSD "não pode estar subordinado à vontade de um homem só". Mas em teoria. Na prática é o que os estatutos mandam.
Mais uma vez repetiu Miguel: "Estou disponível para assumir, em qualquer contexto, desde que estejam asseguradas as condições de democracia interna e de legalidade estatutária, um projecto alternativo para o PSD-M." Sim, mas no caso há uma 'legalidade estatutária' que permite a Jardim fugir à luta.


Atitude 'suicidária' não afecta quem tem 7 vidas

Depois da leitura da sua comunicação, Albuquerque respondeu às perguntas dos jornalistas, sempre na mesma tónica. Como se acreditasse que Jardim mais a sua equipa de 'yesmen' sentirão vergonha de se refugiar no conselho regional. "Seria suicidário não aceitar o congresso num contexto desses, com 300 assinaturas", bateu e rebateu. "A vontade dos militantes é determinante, não tem nada de especial o conselho regional respeitar a vontade dos militantes." 
Devia ser determinante, a vontade dos militantes - mas não é, como já se disse.

Segundo nos diria depois Miguel Albuquerque, a recolha das 300 assinaturas vai em frente. Na esperança de que Jardim cederá. Mas, ao contrário do que Miguel dizia aos jornalistas, as razões objectivas para um congresso extraordinário, que existem efectivamente, não mudarão a recusa do chefe, é escusado insistir. 
Pelo contrário, quanto mais apertado, mais Jardim intensificará a 'caça às bruxas' que Albuquerque denunciou hoje na conferência de imprensa. Mais se banalizarão as "ameaças pessoais".
O ainda autarca, candidato assumido à liderança do PSD, aposta no regresso do partido à condição de charneira na política regional. Diz que tudo fará para recuperar o partido "popular", que nos últimos tempos se transformou em "popularucho". Quer reconquistar a juventude qualificada que fugiu do partido e da Madeira. Acha imprescindível tratar com respeito o órgão símbolo da Autonomia, o parlamento regional - e o governo terá de lhe prestar contas.
Parecem ideias de La Palice, mas não para esta Madeira 'sui generis', como todos sabemos. 
Miguel cantou as vantagens do diálogo, mas mostrou muita firmeza ao aflorar o chamado 'núcleo duro' do PSD, expressão que logo mudou para "grupo dos mais chegados" a Jardim. Nesse patamar dos "chegados", persiste uma "grande aversão ao risco": eles não querem perder as mordomias que as propostas de Miguel põem em causa. 
O candidato à sucessão refere-se àqueles para quem fidelidade significa dizer 'sim' ao chefe. "Isso de fidelidade liga-se mais ao cão", ilustrou. Ser leal, diz, é ser frontal. Daí o seu espanto pelo que foi dito na última reunião da comissão política do PSD, quarta-feira: que o facto de aparecer mais uma lista, a de Albuquerque, nas eleições internas de 2012, foi um factor de "divisionismo". 
"Então, não sei o que é um partido democrático", arrumou Albuquerque, na conferência de imprensa. "Num partido democrático, as pessoas não têm de pensar todas da mesma maneira. O partido deve até reflectir essas diferenças."
Por causa dessa maneira anti-democrática de pensar é que os militantes fogem, dando vez a resultados eleitorais desastrosos como os de domingo. Que não surpreenderam Albuquerque: "Na moção que apresentei o ano passado em congresso, chamada 'Tempo de Mudança', eu já previa que esta derrota viesse acontecer."

Outra provocação a Jardim, sobre a derrota de domingo: "Eu demitia-me."
A mensagem para ficar é a das eleições internas, que Miguel pretende apressar. Eleições que sejam disputadas "com transparência e lisura". E com "tratamento equitativo de todas as candidaturas". Porque "ninguém dentro do partido é mais importante do que os outros".



Resultados práticos da conferência de imprensa de Miguel Albuquerque só os veremos se Jardim acusar o toque e se encher de brios, saltando para o campo de batalha. 
Ou será que é mesmo Manuel António que ele, grande chefe, quer ver candidatar-se contra Miguel?
[Esta última interrogação foi para concluirmos a extensa peça em toada descontraída.]   

9 comentários:

Anónimo disse...

A esperada recusa em antecipar as eleições internas por parte de AJJ e apaniguados, tem como objectivo estratégico fazer com que os cerca de 1200 novos militantes angariados recentemente por Manuel Antonio tenham o tempo de militância, estatutariamente prevista, para poderem votar.

Luís Calisto disse...

Concordo. Mas, em todo o caso, a febre mais alta de angariação de militantes por Manuel António foi há mais tempo. Portanto, em Junho do ano que vem terão mais de um ano de filiação.

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

A arrogância é um tique da mediocridade. Esta é minha, mas é verdade.

Luís Calisto disse...

Caro Coronel
A competência não se impõe, exerce-se.

Anónimo disse...

SIMPLESMENTE VERGONHOSO
O tratamento jornalístico dos dois matutinos regionais relativo ao mais importante facto político de ontem é bem diferente. No DN, os anúncios da candidatura à liderança do PDS-M, quer de Miguel Albuquerque quer de Manuel António, têm tratamento isento e igualitário. No JM o anúncio da candidatura de Miguel Albuquerque foi dolosa e deliberadamente omitido.
A corrida à liderança do PSD começa formalmente com um asqueroso ato de censura pidesca no JM. Jornal da Madeira que é pago pelos contribuintes, refira-se!
Manuel António Correia,que eu tenho em conta de pessoa de bem, tem necessariamente de vir a público, em nome da ética e dos bons costumes, repudiar o Black Out informativo em relação ao seu adversário político. De outro modo, ficará indelevelmente ligado a mais vil tática Estalinista de censura jornalística.

Anónimo disse...

Ainda não houve ninguém com conhecimentos a fundo de leis ,que fizesse uma exposição ao Vaticano sobre a promiscuidade da diocese do Funchal,na pessoa do bispo,com o partido do poder,em deixar que se publiquem injúrias,gratuitamente,se façam campanhas políticas muito sujas e tudo o resto da nojencia que é esse pasquim????Ê vergonhoso este bispo,ao ponto da conivência em deixar o presidente do governo decidir quem entra numa sacristia,não tem coluna vertical,a nao ser para se pavonear com os paramentos das cerimônias religiosas qual cardeal Richelieu..

Anónimo disse...

Todo o mundo a querer ir para o poleiro e ainda falta o segundo REI DA MADEIRA a se prenunciar " João Cunha e Silva" aguardemos mais episódios nesta tourada de delfins.

Anónimo disse...

Duplo desafio de análise ao editor da Fénix:
- o que acha da possibilidade de Bernardo Trindade ser o cabeça de lista de uma coligação da oposição nas eleições regionais?
- Qual a coligação mais provavel neste momento? A cafofiana (PS e mais 5) ou a do arco da governabilidade (PS e CDS)?
Post scriptum - Não sei se reparou no namoro que José Manuel Rodrigues e Ricardo Vieira fizeram esta semana aos socialistas?!

Luís Calisto disse...

Bom:
- Bernardo Trindade é um nome credível, como muitos outros. E há mais tantos que o sistema instalado inibiu de se apresentarem ao serviço da comunidade. Acho que hão-de finalmente aparecer.
- Não podemos deixar de louvar os partidos que integraram a coligação 'Mudança'. Abdicaram dos seus interesses chamados de capelinha para participarem na desconstrução regional sem a qual continuaríamos na Idade Média. Espero que, agora que se pode legitimamente pensar na construção, esses partidos e outros continuem a trabalhar com a Madeira no pensamento. Há-de chegar o tempo da política superior, quando os partidos puderem dirimir as diferentes linhas filosóficas, num apuramento e demarcação de ideias que, em conjunto, constituem o nervo da dialéctica e da democracia. Perdemos demasiado tempo nas trevas para arriscarmos mais uns anos.
Bom, isto é este seu amigo a pensar alto. Opinião pessoalíssima.