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quinta-feira, 9 de junho de 2016

CONFEITARIA FELISBERTA, ASSUNTO RECORRENTE



E SE UMA ALMA CARIDOSA OLHASSE
PELA OBRA DE D. FELISBERTA ROSA?




Defender a imagem de uma cidade é, ou devia ser, conservar devotamente o que foi bem feito e deitar abaixo o que foi arquitectado com os pés. Mas há ainda uma terceira via, que é 'nem sim nem não, pelo contrário'...


O tema é recorrente. Felizmente, muitos funchalenses têm manifestado desencanto em face do estado em que se encontra a fachada, e evidentemente os interiores, da antiga e famosíssima Confeitaria Felisberta. Muitos têm defendido uma solução que não magoe as memórias. Mas acho que toda a vez que uma pessoa passa pela Rua das Pretas e se depara com aquele espectáculo tétrico, apetece rezar aos céus para que apareça uma alma caridosa e...
Há 90 anos, em 1926, as dificuldades da confeitaria eram enormes, não pelo negócio em si, mas pela crise que avassalava o país e a Madeira. Os estabelecimentos comerciais viviam horas amargas e a Felisberta fazia parte da regra. Mas D. Felisberta Rodrigues reagiu pela surpresa e, em lugar de retrair, expandiu a casa, com uma grande transformação que até incluiu uma novíssima sala de chá e refrescos. Já a tia de Felisberta Rodrigues, D. Felisberta Rosa, mostrara grande coragem ao correr o risco de fundar uma confeitaria no Funchal, com o seu nome, no antiquíssimo ano de 1837!
Há 90 anos, o negócio deu um salto, com a sala de chá e outras novidades. Além de cativar e preseverar simpatias entre as diversas camadas sociais do Funchal, a modernização operada então na Felisberta cimentou a fidelidade dos estrangeiros que visitavam periodicamente a Madeira, "como sucedeu", notava o DN nesse mesmo 1926 a propósito da inauguração dos melhoramentos, "com a falecida Imperatriz de Áustria, quando da sua última visita à Madeira, que logo se informou se ainda existia este estabelecimento e a sua proprietária, visitando-o e fazendo compras importantes".
O prestígio da Confeitaria deu-lhe forças para resistir às vicissitudes que foram surgindo pelo século XX acima, até ao dia em que... 
O resultado está ali, doendo à vista de todos.
Em nossa opinião, defender o património de uma cidade é conservar o que de bom foi feito e mandar abaixo o que de mau gosto foi erguido - sem vacas sagradas a atrapalhar a visão dos homens.
Não sei se 'patrimónios' como a Confeitaria Felisberta se integram em algum dos dois casos. A dolorosa imagem nem é recuperada nem é apagada. Está ali como um fantasma vivo.
...Mas esqueçamos o assunto, até nova passagem pela Rua das Pretas.

4 comentários:

Anónimo disse...

Qualquer dia aparece um "pato bravo" da madeira nova e manda aquilo abaixo como fizeram na rua da conceição e em outras ruas emblemáticas do Funchal com a conivência do Presidente da CMF! E como educação e cultura não se compra com dinheiro, nem se aprende nas universidades, é por isso que vemos muitos licenciados tão "matarruanos" como os que cá ficaram! Educação e cultura aprende-se no berço! Ou tem-se ou não se tem!

Anónimo disse...

"tudo" nasce, cresce e morre. qualquer marca, evento, ato, palavra, livro, ... (o que quisermos)surge, permanece e/ou desaparece.
são os sinais dos tempo e marcam a sua época.
... mas tambem os (i)responsáveis por ...

Anónimo disse...

as pessoas só se preocupam quando fecha , quando está aberto só invejam

Anónimo disse...

Onde é que anda por aqui a ação da Camara do Funchal , o tal Departamento de Economia e Cultura ?
Será que só serviram para rebentar com o Mercado , com o Teatro e com a Biblioteca Municipal.