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terça-feira, 21 de junho de 2016

Opinião



OS PLANOS




     Há cerca de 50 anos o Estado criou os Planos de Fomento. A palavra plano, à época, tresandava a URSS. Em 1974, enquadrada nos Planos de Fomento Nacionais, a Madeira tinha a sua Comissão de Planeamento. Cabia-lhe pensar e agir sobre toda a economia regional numa visão integrada.
      A ilha é a mesma, mas ocorreram profundas mudanças desde então. Hoje vou escrever sobre Agricultura, pois fomos surpreendidos por afirmações do Sr. Secretário que revelam algum desnorte.
       Hoje (ontem), na página 7 do DN, lemos que a Pecuária foi abandonada. Claro que este resultado não é obra de um ano de Governo. Resulta do desleixo a que sector foi votado. Dinheiro não faltou, basta pensarmos no Centro de Abate concebido para as produções dos anos 40/50. Aquele responsável, na sequência daquilo que há anos vem acontecendo com os seus antecessores, limita-se a prometer. Levamos anos de propaganda em que conseguiram esconder o sol com a peneira. Hoje é necessário mudar o discurso e agir. A Pecuária foi chão que deu uvas e alimentou uma actividade transformadora com peso na Economia.  
        Os outros sectores, com que a agricultura da ilha  contribuía  para sua economia, não estão mais saudáveis que a pecuária. A banana viu reduzida a sua produção para menos de metade. Aqui temos o desastre da comercialização como paradigma daquilo que não deve ser feito. Um só armazém, entretanto desafectado do sector e alienado ao Grupo Sá, podia manusear toda a produção dos anos 70. Construíram-se outros armazéns  mas os problemas continuaram. A propaganda que tudo esconde, lançou mão da Agricultura Biológica como a solução do sector. Poderá entreter algumas pessoas mas nunca terá dimensão económica.
        A verdade que urge enfrentar, e para qual se quer solução, reside numa coisa muito simples: a Agricultura não produz. Os agricultores vivem dos rendimentos financeiros gerados na PAC. A realidade é dura mas é esta, não há outra. Pior que os Planos de Fomento foi este Plano Oculto que destruiu, sob a imagem de caminharmos para o progresso, um sector que criava riqueza. Teve a recente "ajuda" da CMF que correu os produtores daquele que foi o seu Mercado dos Lavradores.




Gaudêncio Figueira

6 comentários:

Anónimo disse...

O certo é que bem planeado a agricultura dá dinheiro.

Anónimo disse...

Não há desnorte nenhum. O plano p a pecuária e outros setores tutelados, está muito bem delineado pelo dito cujo e companhia limitada. O objetivo é só um, lançar empreitadas pq isso é q rende qq coisa. Quanto ao resto, é conversa fiada p entreter o povo e no fim serão chamados os de sempre p pagar as contas. Ou seja o povão !!!

Jorge Figueira disse...

Por norma não questiono anónimos. Vou abrir uma excepção perguntando ao anónimo das 10:50 que nos explique qual o seu "plano que dá dinheiro".
Admiti que uma ideia dessas surgisse baseada na Agricultura Biológica. Por isso, antes de afirmar aquilo que afirmei, perguntei a quem sabe mais disto que eu. Confirmaram a minha suspeita.
É sempre bom aprendermos alguma coisa daí a pergunta. Sou como o S. Tomé gosto de ver para crer.

Anónimo disse...

Caro Dr. Gaudêncio,

Na verdade grande parte da economia da Madeira vive dos subsídios. Se não fossem estes, muitas empresas já tinham fechado portas.
E isso acontece em muitos sectores, como bem sabe.
Vivemos numa economia estatizada, porque muito dependente da intervenção via subsídio, indemnização compensatória, etc.
Muita empresa e muito empresário só vive com isso. Já se tornou algo de enraizado.

Jorge Figueira disse...

Não era essa a filosofia dos subsídios da PAC. Pretendia-se criar condições que permitissem a competitividade nos preços (na produção e no consumo) num mercado alargado. Lembra-se das vantagens das produções de inverno que por cá não careciam aquecimento? Foram os tempos da "europeização da agricultura madeirense". A europeização foi tanta que a água que distribuíam só existia nas boas intenções da Secretaria. Ela estava interessada em distribuir dinheiro à lavoura. Se a explorações tinha, ou não, pés para andar não lhe interessava nada.
Concordo consigo quando afirma que a nossa economia vive na subsídio-dependência.
Bruxelas deu dinheiro que, nós, com a nossa má gestão, aproveitámos para destruímos a Agricultura. Considero uma visão muito enviesada da Autonomia, destruir uma actividade produtiva, que em tempos como os actuais, reduziria a fome dos desempregados, muitos deles retirados ao sector primário pela quimera das obras.
Aceito que me expliquem onde estou errado.
Felizmente este anónimos estão mais urbanos, já não insultam.

Anónimo disse...

Tenha calma que o insulto ainda pode vir.
Mas veja a quantidade de subsídios que são distribuídos. Retire essa prática e calcule quantos sobreviverão.
O princípio até está correto, se visto como ajuda ao nascer de algo criador de riqueza, mas que de seguida deve entrar em velocidade de cruzeiro e sustentar-se.
O que vemos no nosso país é a prática do subsídio com caráter de permanência.
De facto aproveitámos tão mal a nossa entrada na UE que até dá vontade de chorar. A mentalidade dos nossos políticos deitou tudo a perder. E, o servilismo, a falta de cultura, e a pouquíssima exigência do nosso povo ajudou muito no forrobodó dos dinheiros comunitários.
Agora pagamos, uns mais que outros, mas sempre os do costume.
E num país onde há reclusos por condução sem carta, por não pagamento de multas, responsáveis por aquilo que foi feito, não há.
Tudo normal !