JARDIM SEM CONDIÇÕES PARA CONTINUAR
O chefe do governo chegou ao fim da linha: só lhe resta o caminho da demissão. Perdeu a única função que lhe dava alguma importância, a de manter a unidade, ainda que fictícia, dentro do seu partido. |
Ao mandar Manuel António avançar já com a sua candidatura à liderança do PSD-Madeira, o ainda chefe do laranjal perdeu o resto das condições que pudesse deter para continuar a governar a Madeira. Sem dinheiro nem ideias para o futuro, o presidente com 34 anos de poder apenas era tolerado na vida activa pela unidade férrea que mantinha nas suas hostes. Era a única mais-valia que representava. Agora que a situação político-partidária se precipitou, mais empecilho se torna Jardim à vida madeirense.
A Região vive sufocada financeiramente e comandada a partir do exterior, em virtude da crise internacional mas com agravamento muito significativo provocado pela monstruosa dívida escondida durante o desenvolvimentismo suicida imposto pelo próprio Jardim. O processo de recuperação, aliás sem garantia de sucesso, do que não precisa é de quem, como Jardim, arrasta todos os dias a Madeira para o conflito interno e para a diatribe com Lisboa sem o que não consegue sobreviver. Porque a sua perenidade assentou na intriga e no terror que infundia nos adversários e nos próprios companheiros de partido.
Sem o menor crédito na praça
A verdade é que Jardim está sem o menor crédito na praça. Porque se ele próprio sentisse que tinha a menor hipótese jamais se decidiria pela renúncia, como fez ontem, ao empurrar Manuel António para o combate directo com Miguel Albuquerque.
E aqui está o nó górdio do processo: o chefe do governo deu um passo que muito lhe deve ter custado, dada a doentia obsessão pelo poder. Anunciou que perdeu as ilusões de mandar até a cadeira derrear. Que se vai contentar em dar ordens através do seu delfim, Manuel António. Mas as coisas estão mudadas há muito, embora os que o rodeiam lhe escondessem a realidade - e ele próprio não a quisesse saber.
As coisas estão mudadas a ponto de não ser líquido que ele, Jardim, consiga impor o seu candidato aos militantes. Uma sondagem neste momento demonstraria precisamente o contrário e por resultado humilhante. Ele, Jardim, julgava que andava na rua, mas não, apenas se exibia sem ouvir a verdade. E a verdade é que ele esteve 30 anos a mais na política da Madeira.
As coisas mudaram, também, porque a oposição se tornou mais adulta. A viragem total desponta no horizonte desta Madeira que o ditador desfez em cinzas.
Jardim acaba de se confessar incapaz de segurar o navio que estrebucha desgovernado na Rua dos Netos, no meio de um vendaval sem fim à vista. E evidentemente que já não tem hipóteses de segurar a governação da Madeira. Para não ampliar a vergonha, resta-lhe um só caminho: a demissão de presidente do governo regional. A demissão é a única ajuda que pode oferecer à Madeira, sobretudo neste contexto impossível, de graves dificuldades financeiras, de complicado relacionamento com o exterior, de incerteza quanto à recuperação.
Se teimar em ficar mais uns tempos para desfrutar de mais umas inaugurações e viagens a Bruxelas, sofrerá as consequências de já ninguém o respeitar, como já se verifica.
A sua saída pode ajudar, nem que seja por fazer encolher as garras dos elementos externos que costumam atingir a Madeira julgando que o atingem a ele.
5 comentários:
Mmm... a candidatura do Manuel António não é uma peta!?
Caro Sr. Luís Calisto
Como muito bem sabemos, Jardim não tem culpa de nada. A nível externo, são culpados a maçonaria, o Tintim, o Sherlock Holmes, o James Bond e por aí fora. Mas a nível interno também os há decerto. E, ao que parece, foram todos duramente castigados ao verem-se ultrapassados nas suas aspirações políticas por um tenrinho qualquer que há tempos caiu no GR de pára-quedas.
Os barões e os lambe-botas, vão disfarçar o despeito mas não vão perdoar. Pela frente vão aplaudir a ideia e dizer que apoiam o recém promovido a delfim. Mas, pelas costas, vão-lhe roer a corda.
É a vida...
Ao sr. Anónimo:
Não é peta porque foi avançada dia 31 de Março e não 1 de Abril. Mas de facto parece: como é que o homem, o outro, finalmente larga o bordão?
Ao sr. Fernando Vouga
Concordo a 100%. Pela frente, ajoelhar-se-ão como sempre andaram toda a vida. Pelas costas, as orelhas do delfim definitivo pegarão lume e não há bombeiros que apaguem aquilo.
Tem a palavra a oposição.
Pois meus caros Fernando e Luís as coisas, como venho dizendo há muito, (vade retro já pareço "ele")caminham para a balcanização. Aceleram para o fim mas ainda não se sabe como acabarão.
Caro Jorge Figueira
Desde que as coisas acabem, não interessa como (no caso que todos sabemos).
Obrigado pelos comentários, por sinal inteligentes, constantes desta janela.
LC
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