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terça-feira, 29 de novembro de 2016

DOIS PONTOS



AMERICANICES



João Barreto

joaobarreto2p@gmail.com


A avaliar pelos últimos tweets, Mr. Trump não terá gostado da iniciativa da Mrs. Stein de pedir a recontagem de votos em alguns estados americanos (Pensilvânia, Michigan e Wisconsin) que terão sido decisivos para a sua anunciada eleição como presidente dos Estados Unidos da América. Para quem presumivelmente espera ser consagrado presidente à conta do anacrónico sistema de colégio eleitoral americano - que terá feito sentido no contexto histórico da fundação dos E.U.A.- e sabe que a sua competidora obteve mais dois milhões de votos no universo dos eleitores norte-americanos, esse desgosto (rapidamente reforçado com acusações avulsas e não comprovadas de fraudes eleitorais) soa inquestionavelmente a falso; tão falso quanta a sua legitimidade se aferida pelos padrões democráticos comumente aceites no século XXI.
Gosto da Mrs. Clinton como gosto da demissionária administração da CGD ou da clique dirigente dos partidos da esquerda caviar – gente tecnicamente bem preparada que se considera acima do escrutínio do comum cidadão; abomino o cinismo das elites que se autoconsideram inevitáveis e inultrapassáveis obliterando as origens comuns de todas as revoluções; acredito sobretudo nos valores da liberdade, da democracia, da tolerância e da sã convivência dos povos do mundo: detesto, porém, a ideia de entregar os destinos da humanidade, por via da presidência da maior potência mundial, a um radical que convoca para o seu “inner circle” confessos defensores da supremacia ariana, ultra-liberais, proibicionista, reacionários extremistas, misóginos e toda a sorte de perigosos mentecaptos que costumam albergar-se sob a égide da extrema-direita. Mr. Trump pode até polir o discurso enquanto exibe a prole e as curvas da última mulher que recrutou. Nunca será, por muito amigo que seja do (igualmente celerado) Putin, de confiança.
Se alinhasse num dos crescentes exércitos de crentes de sortidas divindades que vêm pululando por aí, estaria neste momento a rezar fervorosamente para que a anunciada recontagem reponha a vontade clara da maioria dos cidadãos norte-americanos e que o Mr. Trump seja relegado para a “Trump Tower” (monte de trampa em tradução livremente infiel) de onde não deveria ter saído.
Isto posto e prevendo a eventualidade do meu vaticínio não se concretizar, alerto desde já a minha vizinhança para a possibilidade de um “Hummer” preto, repleto de senhores de fato e óculos igualmente escuros, me vir convidar, pela calada da noite, para uma digressão sem regresso à famigerada estância balnear cubana denominada “Guatanamo”, com tudo incluído: bolachada sortida, “waterboarding”, “extreme fitness”, “sleepless nights” e dieta correspondente. Antes isso que um míssil nuclear desviado da rota…!

CUBANADAS
O eterno comandante da revolução cubana entregou, finalmente, a alma ao criador. Resta a dúvida se terá sido a Deus ou a Marx (o Carlos, porque os outros de idêntico apelido têm pouca pachorra para cerimónias de nove dias corridos).
Como o comum dos mortais, teve Fidel os seus dias bons e outros tantos maus. No degrau acima dos demais, ordenou, porque podia, muitas coisas boas (p.ex. educação e cuidados de saúde universais) e outras tantas péssimas (p.ex. perseguição e assassínio de adversários políticos).
Disse um dia que a história o absolveria. Do crime de que era, então, acusado já o foi; dos que cometeu no percurso “rumo a la victoria” contra um regime gangsterizado e podre, tenho poucas dúvidas, de que o será; dos que ordenou, inumeráveis e cruéis, contra os adversários e o seu próprio povo, depois de consolidar o poder, nunca poderá ser perdoado. E, como ele, todos os tiranos de variadas cores e credos que brutalizam os Homens Livres. Mau grado o carisma que ostentam…!

2 comentários:

Raghnar disse...

Pode estar descansado, que Guantanamo já foi fechado conforme promessa eleitoral do presidente ainda em funções, como também um certo muro que está a ser construído há 30 anos só pareceu incomodar os "democratas" há meia dúzia de meses.

Quanto ao "ultra-liberalismo", não deve dizê-los de quem andou a negociar tratados de "livre comércio" nas costas do povo em que constavam a entrega de soberania, judicial inclusive, a entidades supranacionais. O "ultra-liberal" interrompeu-os..

Quanto às "curvas da última mulher" e sua prole, Trump pode ser criticado por muito lado, o que escolheu foi de baixíssimo nível. Ainda bem que é a favor da "sã convivência dos povos do mundo". Está como outros que criticavam Trump por não vir a aceitar os resultados eleitorais e, quando perderam, embirraram qual criança mimada a quem tiraram o chupa.

Trump só pode ser avaliado depois de um mandato. Por enquanto, apenas especulação...

Fernando Vouga disse...

Especulando.
Vejo o Trump como um narcisista irresponsável e trapaceiro. Nada de bom espero dessa figura.
Mas não é nada que os madeirenses não conheçam bem...