11 de Março 2019
Idolatria
à primeira vista
Ler a chamada de 1.ª página do DN dominical para uma entrevista com Sara Cerdas causou-me um misto de curiosidade e preocupação. Curiosidade por conhecer a futura eurodeputada do PS-M. Preocupação pelas minhas faculdades interpretativas.
"A minha referência política é Paulo Cafofo" - o título citava Sara Cerdas. E eu a pensar: tenho andado a rezar para que o Cafofo se defina politicamente, que emita um clarão doutrinário, que deixe escapar um rasgo de estratego para lhe percebermos o alcance, que nos deixe ver ao menos a pontinha da sua linha ideológica, porque em sete anos nada disso encontrei no ora candidato ao governo. E aparece uma médica tão jovem que, vivendo bem distante da Tabanca vai para muitos anos, num ápice faz uma radiografia ao político a ponto de o tomar como referência!
Corri pelas páginas da edição dominical dentro em busca do corpo da entrevista, e foi pior. "Cafofo é o meu ídolo político", brada fulgurantemente a entrevistada em caracteres garrafais. De que estaria a falar a candidata? De uma idolatria no sentido de amor político apaixonado? Ou pretenderia simplesmente dar ênfase à ideia da "referência política"?
Num caso ou noutro, que teria a futura euro-parlamentar apanhado à distância que eu não visse de perto? Procurei pelas fundamentações da emergente idólatra, na tentativa de encontrar no panegírico vertentes desconhecidas da veneranda personagem. Nada vi sobre a doutrina ou linha política do ser idolatrado. Néria sobre as suas hipotéticas qualidades de liderança. Zero sobre alguma visão estratégica que me houvesse passado despercebida nestes anos todos. Afinal, a reconhecida e agradecida candidata faz de Cafofo a sua referência "por ser alguém que vem da sociedade civil e é convidado para integrar a política".
Fracas razões para fazer do professor um ídolo político, pensei, avançando à cata de mais algum fundamento, que encontrei: Sara Cerdas, apesar de viver há anos lá fora e apenas visitar a ilhota quando o rei faz anos, esclarece que, enquanto funchalense, "está muito satisfeita com o trabalho desenvolvido na Câmara Municipal do Funchal". Mais uma declaração que me preocupou. Como é que, vivendo tão perto, não consigo detectar um trabalho de Cafofo na câmara susceptível de elogio?! Como é que vejo o Funchal de hoje como cidade-trapiche, com trânsito caótico, estacionamento ao monte, asfalto e calçada às crateras, lombas mais altas do que o alto de certas carecas, serviços aos munícipes desesperantes, esplanadas desordenadas, ruas mutiladas à louca, obras intermináveis, reabilitação virtual, uma cidade fantasma depois das sete da tarde, política de compadrio e organismos autárquicos utilizados para empregar a clientela! Nem sequer vou falar dos 13 mortos do Monte e das supostas fraudes no local do acidente, da fuga ao parlamento, da amnésia no MP, do murro na mesa do Costa, da polícia municipal, das passeatas ao exterior para nós pagarmos - e agora do tempo a gastar, a expensas da câmara, na campanha europeia que começa quarta-feira, com a presença do cabeça-de-lista nacional. Logo à primeira se percebeu que Cafofo não deixará um palmo de terreno para a candidata se dar a conhecer, será dele o palco, espaço que ele por acaso aproveita sem jeito.
O elogio que Sara faz do trabalho na câmara deve-se ao facto de a funchalense morar longe, só pode ser isso. Elogio que só agora explodiu, por razões grosseiramente óbvias.
O elogio que Sara faz do trabalho na câmara deve-se ao facto de a funchalense morar longe, só pode ser isso. Elogio que só agora explodiu, por razões grosseiramente óbvias.
O entrevistador, Miguel Fernandes Luís, perguntou o porquê de a futura eurodeputada não ter feito qualquer referência à Madeira em centenas de publicações na conta Twitter. Pois não, foi a resposta. Mas vejam o FB.
Ficamos então à espera que a candidata recupere algum post mais antigo sobre a idolatria de que agora se diz possuída. Que é para os maldizentes desta terra deixarem de a chamar oportunista logo de entrada.
A meu ver, trata-se de um esquisito caso de idolatria à primeira vista.
Peguemos na deixa. Se a candidata sente a obrigação de engraxar quem lhe proporciona a inesperada oportunidade, devia fazê-lo quando quisesse, menos agora. Receber um convite celestial e na mesma hora jurar adoração a S. Pedro com ou sem galo a cantar três vezes é feio. Cheira a falso, a traficância, a retrocesso. Sara Cerdas fez a primeira vénia por telefone, segundo a entrevista, quando se declarou a Cafofo como a idólatra que veio do frio. Mas tanto incenso na prostração em público não é agradável para ninguém, tirando os seres narcisos, apaixonados pelo espelho.
Do que a Região precisa é de reforços políticos jovens, realmente, mas jovens com determinação capaz de sobressaltar a sociedade anestesiada por uma estratégia cultural ultramontana que ainda subsiste. Estava à espera de tudo menos de apanhar a estas horas com uma cultura de idolatria pintada de fresco. Mas pensando friamente, acho que esse culto de personalidade, estimulado em vez de rejeitado pelos ídolos em moda, faz todo o sentido na triste actualidade que 'gramamos'.
Vislumbrará Sara Cerdas os pés-de-barro dos novos ídolos quando não for mais possível esconder que ela própria foi a segunda escolha do PS-M para a lista europeia? Hum... Pelas primeiras impressões, é pormenor irrelevante para ela.
A entrevistada afirma entender que é tempo de mudar a Madeira e que para isso aí está o PS como "única força política com uma visão estratégica para o desenvolvimento da Região a longo prazo". Uma conclusão bastante rápida para quem acaba de falar pela primeira vez com Cafofo e Câmara e só conheceu a estrutura do PS-M agora num jantar, o das mulheres, no final da semana. Chegou-lhe para perceber que a solução está ali.
Por acaso, televimos uma declaração de alguns segundos da candidata, nesse jantar de socialistas para celebrar o Dia da Mulher. Se não foi traída pelos nervos, o que seria perfeitamente admissível, então a comunicação está longe de ser o seu forte. A voz mal colocada, as ideias decoradas a sair com dificuldade, o desconforto diante das câmaras, e finalmente a aridez da entrevista de domingo no DN: tudo junto permite-me perceber melhor a medieva escolha que fez para seu ídolo político.
25 comentários:
Cafôfo Idolo político? Só se for com pés de barro.
“ Idolo com m pés de barro são aqueles que se pavoneiam pelas ruas, colocam-se, eles próprios, num pedestal, até porque só os pequenos precisam de pedestal para serem vistos, e dizem lá das suas alturas, em alta voz: «nós somos os maiores».
De facto, são os “maiores” na mesquinhez, na pequenez de sentimentos, que os fazem ser solidários apenas com quem lhes convém, e não com quem precisa. Praticam a política do faz-de-conta. Que é assim (como se usa dizer agora): faz-de-conta que somos; faz-de-conta que pensamos; faz-de-conta que sentimos; faz-de-conta que vemos; faz-de-conta que ouvimos; faz-de-conta que fazemos; faz-de-conta que vamos...
E faz-de-conta que o povo acredita.
Então criam uma espécie de sociedade fictícia. Primeiro, vão eliminando, aos pontapés, pela calada, para não darem nas vistas, que é como quem diz, sorrateiramente, quem se lhes opõe; depois dão umas palmadinhas nas costas aos interesseiros, que precisamente por serem interesseiros, deixam-se, desse modo, aliciar voluntariamente; sorriem com sorrisos de orelha a orelha aos desconfiados, que perante um tal sorriso, e na dúvida, dão-lhes um benefício. Quanto aos que não sabem e não querem saber, fazem-lhes promessas que não cumprem, mas esses têm a memória muito curta, e esquecem-se deste significativo pormenor, e na próxima vez, lá estão eles, a acreditar outra vez. Aos que têm medo, ameaçam-nos com tudo o que podem, subtilmente, para que os demais não se apercebam.
Aos outros, aos que não têm medo, arreganham-lhes as dentaduras, algumas postiças, outras com dentes dourados, outros furados, outros amarelos, pelo tempo que passam à janela da boca, ou mesmo branqueados com pastas dentífricas de luxo. Passeiam-se nos seus automóveis de milhões, e não passam cavaco senão àqueles que lhes fazem vénias, com hérnias e tudo.
Todavia, os ídolos com pés de barro têm uma vida efémera, como tudo o que é frágil, mas não sabem, ou fingem que não sabem. Vivem como se fossem eternos. Como se não estivessem destinados a morrer num amanhã, próximo ou longínquo, mas certo e seguro. Agarram-se aos tachos (não aos da cozinha, porque esses, estão destinados à grande maioria das mulheres) como a uma tábua de salvação, pensando que esses tachos são também eternos. Como se enganam esses ídolos! Um dia, quando menos esperam, basta um ligeiríssimo tremor na voz, para que caiam dos seus pedestais e se escaqueirem no chão, que tão pomposamente pisam.
E o que restará deles então? Fragmentos inúteis, que os vindouros juntarão, para que se faça a verdadeira e legítima justiça, e se reponha toda a verdade sobre o agora vigente Reino do Caciquismo”
Ridícula a entrevista da menina.
Parece uma pacóvia provinciana a que não enxerga para além da Ponta de São Lourenço.
Nao é de gente sem mundo e de vistas curtas que necessitamos no Parlamento Europeu.
Entrou já a perder. Lamento
É só para rir.
E vem o namoradinho defendé-lá com unhas e dentes, comparando Cafofo com Soares, Sampaio e até com Obama. Outro simplório que se cobriu de ridículo ao defender o idenfensavel
Se não fosse o Fénix nem sabia que essa menina tinha dito semelhantes "chachadas"! Como deixei de ler o boletim municipal do srº Cafôfo, não me interessa ler propaganda política, ainda mais paga pelo dinheiro dos nossos impostos! Vá lá que o srº Calisto fez um resumo muito perspicaz de uma menina que vai ser eurodeputada, mas que em termos mentais e de conhecimento do mundo desenvolvido deixa muito a desejar!
No meu tempo de estudante, as universidades eram centros de rebeldia, contra as injustiças, a corrupção, a pobreza e a exploração do ser humano! Agora parece que a nossa juventude apenas segue o carreirismo daqueles que cairam de pára-quedas na política!
Demonstrou ao que vem, e pelo que vem.
Nem uma ideia, nem uma opinião própria sobre a Europa a que se candidata.
Apenas um lamber de botas a quem a convidou para um cargo.
ZERO. Zero de ideias. Zero de visão. Zero de objectivos.
Pasquim do DN precisava de encher duas páginas e nada melhor que encenar uma entrevista com a rapariguinha que, nota-se bem, caída de para quedas, nem sabe bem onde aterrou.
Mas como a CMF, de uma forma ou de outra, paga aquelas duas paginas ao DN...
Das 07.05,
Que bem, nunca vi o Prof Mentiras tão bem caracterizado!!!!
Será que o pasquim Municipal também vai dar o mesmo destaque mediático à candidata do PSD-M quando está for confirmada, isto é, com chamada de capa e entrevista de duas páginas?... Fico a aguardar.
Mas então o ídolo politico dela é alguém que não tem doutrina politica,
que não tem coragem para se filiar num partido politico,
que não foi a debate para líder do partido,
que não foi a eleições para líder do partido,
que não foi à Assembleia Legislativa responder a inquérito,
enfim, querem mais?
Esta menina só é candidata por uma razão:ser mulher.
A paridade pare destas coisas, que só envergonham as mulheres. Coloca em evidencia, que qualquer mulher, somente por sê-lo, pode ser nomeada para altos cargos políticos, mesmo que nunca se tenha interessado por política, como ficou bem à vista na entrevista. E ainda passa um atestado de incompetência a todas as militantes ou simpatizantes do PSM, que com esta nomeação ficam a saber o que valem ... NADA!
A menina Cedras vai idolatrar um político que foge às suas responsabilidades políticas como o diabo foge da cruz?
Um político mentiroso compulsivo, que recusa ir ao primeiro órgão da autonomia política da Madeira, e recusa responder perante os deputados eleitos pelo povo?
Um político que não assume as suas responsabilidades na morte de 13 pessoas no Monte? Um político que não é solidário com a sua vereadora do ambiente, e vai para o Ministério Público dizer mentiras, e que não se lembra de nada? Um político que a primeira coisa que faz é se juntar à máfia no bom sentido?
De facto com políticos desta craveira estámos numa terreola africana!
Ó das 11.25,
A lei da paridade não implica que a mulher nomeada seja incompetente ou impreparada para um determinado cargo.
Pode ser nomeada uma mulher competente.
Uma coisa não implica a outra.
É dos carecas que elas gostam mais!! É carnaval, ninguém leva a mal.
Lá por ter que ser uma mulher, não precisava de ser incompetente, é bem verdade,
Mas como é namorada do secretário geral do PS Madeira...
Esta nomeação começa a ser o principio do fim.
O próprio PS Madeira vai roer a corda
O PS Madeira anda em jeito de masturbação colectiva.
Todos iludidos com o ovo no rabo da galinha. Tem sido confrangedor assistir a tudo isto.
Afinal os militantes do PS servem para quê? Só para carregar a bandeirinha? É passar um atestado de menoridade a todos os militantes. É cada vez mais um grupo de amigos que se nomeiam entre si.
Vamos estar atentos ao objectivo desta candidatura: as nomeações para os "tachos" na Europa.
Quem deve estar a esfregar as mãos de contente, com esta escolha do PS-Madeira, é o PSD-M. Vai dar uma "cabazada" e vai ganhar balanço para as Regionais.
A grande Qualidade desta "escolhida" é ser namorada ou amiga do Picareta Falante! Grande virtude, realmente... Sem desprimor para a Senhora Doutora, esse não é o melhor cartão de visita, antes pelo contrário... E a julgar pelo que disse na entrevista de ontem no DN, realmente, a menina não vale grande coisa!
quem acha o cafofo um maior ídolo politico deve ter aquelas palas que os burros tem nos olhos
Ao das 15:39
Parece que anda a correr atras da equipe da Liliana Rodrigues e já lhe apanhou o seçretário por umas milenas. Agora faltam os outros. É o desespero.
Devem ver se percebi.
A escolhida para candidata do PS Madeira ao Parlamento Europeu foi discutida, escolhida e indicada como? Ela é militante do PS?
Só queria ser esclarecido para entender.
Outra questão. Ela vai poder falar ou só vai fazer Cafofo brilhar?
Mas será que algum madeirense que se preze vai votar nesta miúda que numa entrevista baralha se toda e não tem uma ideia definida?
Esta escolha foi dar o trunfo a Miguel Albuquerque , vai ganhar muito balanço para as regionais . Lembrem se disto , fica dito!
Penso que num debate, leva 10 a 0 da Cláudia Monteiro de Aguiar. Esta, se fôr arguta, vai pedir debates a dois. A Sara Cerdas, se fôr esperta, fugirá disso como o Diabo da Cruz.
Basta seguir o ídolo....fugir a tudo o que é confronto
Mas ela tem voz própria ou vai papaguear apenas o que o seu ídolo lhe diz? Também já lhe preparou a equipa,tudo da confiança do ídolo. Assim é fácil, só falta dizer-lhe o que vestir e comer. Nem sabe a coitada no que se meteu, é uma toca de lobos, todos a ver se apanham o osso e a dizerem cobras e lagartos uns dos outros pelas costas, o Iglésias do Gouveia, o Gouveia do Cafofo, o Gouveia do Vieira e o Camara a apitar sem ninguém lhe ligar nenhuma. Volta Carlos que estás perdoado.
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