31 de Março 2019

'Dia das petas'

é quando o homem quiser

A mentira sempre foi uma instituição no mundo da política. Quando se fala de fake news, a novidade está na expressão convencionada, porque as aldrabices e as campanhas enganosas não são prática nascida há dois dias.

Como se sabe, o 'dia das petas' foi criado para o povo se divertir inventando histórias e pregando partidas aos amigos. O 'dia das mentiras sérias' é cada um dos outros 364 dias do ano.

É também consabido que há mentiras que fulguram como verdadeiros monumentos vivos e há mentiras que persistem como monumentos mortos. 

Neste último caso, temos a Marina do Lugar de Baixo. 

Como exemplo de mentira-monumento vivo impõe-se a muito visitada placa do Lido, que eterniza o criador da emblemática piscina, curiosamente construída numa época em que o mesmo criador nem sonhava nascer.

Não é preciso repetir a enunciação de exemplos que estão na memória de todos para fazermos uma pequena homenagem ao popular Profe Mentiras quando estamos na véspera do simbólico Dia das Petas. Se há políticos que aprendem depressa todas as ferramentas que a mentira disponibiliza na vida pública, ele, o Profe, tem de ser reconhecido porta-estandarte dos almocreves-das-petas desta nossa Tabanca das maravilhas. Sem favor. Não precisa de dar socos na mesa nem de se inspirar em textos da Google para lhe darmos uma medalha.

Amanhã é o 1.º de Abril e por acaso também o dia em que os 'propagandeiros municipais', sob orientação técnico-táctica da LPM, começam a falar a toda a hora na 'semana da mentira' já programada para meados de Maio: o chamado festival 'Fica na Cidade', entre 17 e 23 de Maio, segundo a propaganda pré-lançada hoje na imprensa.

Vai ser um barulho ensurdecedor a promover o 'Fica na Cidade' (cidade do Funchal, para quem não sabe) durante um mês e meio - todo o mês de Abril e depois até 17 de Maio. Nesse dia, a pasmaceira regressa logo a seguir ao acto inaugural. Os 36 concertos agendados para a semana decorrerão em modo de retiro espiritual, como música de fundo na cidade-fantasma que costume ser hoje o Funchal depois das 7 da tarde. Para pior nos dias em que decorre o festival, já na sua 5.ª edição. 

Portanto, depois do frenesim propagandístico durante um mês e meio, arrancam finalmente os 6 dias de uma mentira travestida de festival, outro velório de adormecer os pacientes da insónia.

Os músicos passam o fim de tarde com uns acordes nos acanhados palcos, parece que a afinar os instrumentos. As mesas das esplanadas montadas para o efeito sem vivalma. Apenas 3 ou 4 boys destacados pelos PSoas a emborcar imperial no balcão dos bares improvisados, para mostrar algum movimento e manipular as fotografias. Os empregados olham uns para os outros à espera do fecho da cegada. Os vira-latas da cidade nem lá param, por perceberem depressa que ali é impossível haver restos.

Tudo como nas 4 edições anteriores.

O dito festival só não é um barrete para a clientela empresarial que trata dos contratos da música e afins. 

Não tenho nada com isso, mas o Profe Pára-quedista, que amanhã 1.º de Abril se pode dar ao luxo de apenas vender mentirinhas a brincar, precisa de algumas cautelas tendo em vista os efeitos do 'Fica na Cidade'. Veja lá se a populaça vai mesmo na sua conversa e lhe pespega no dia 22 de Setembro com o slogan do fúnebre festival.