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terça-feira, 26 de março de 2019



26 de Março 2019





E se deixassem trabalhar
as candidatas?


  













Com o fortíssimo vento atmosférico a desviar aviões e a reter os grandes paquetes ao largo, e com o vento das cabeças municipais a engarrafar literalmente a baixa do Funchal, eis que uma ventania pseudo-política se forma para não deixar voar em tranquilidade o processo das eleições europeias.
...Pseudo-política porque a vida pública regional nada tem de política. Toda esta má-criação a que se assiste a toda a linha e em todas as linhas se resume à obsessão pela tacharia daqueles que não querem ou não sabem fazer nada na vida.

Numa sociedade com nível decente, orientada pelos princípios e pelas ideologias, a classe "político-partidária" que nos conspurca o dia-a-dia não teria espaço de manobra. Só num clima saturado de incompetência e mediocridade "eles" sobrevivem. 
Estamos em tempo de formação de mais uma tempestade com destino a garantir um processo de eleições europeias com nível abaixo de cão. E as candidatas da Madeira não poderão protagonizar uma campanha com verniz onde ele não existe.     

A semana começou em cheio, neste particular.
Mesmo aqui no Fénix, reproduzimos um trabalho da 'Sábado' sobre os posts da candidata pelo PS divulgados nos tempos em que Sara Cerdas criticava o governo de Costa no FB. 
A notícia da revista evidencia ter a candidata do PS apagado os posts anti-governo assim que recebeu o convite para integrar a lista. 
O erro não está naqueles ataques da médica ao governo. Qual o problema de uma pessoa fazer equipa com quem discordou mais do que uma vez? Discordou, discordou, não há nada que esconder. Quem não deve não teme nem treme.
O erro está, sim, no apagar dos textos. No renegar das ideias mal brilha o ouro. 
Passar uma esponja sobre os caracteres é atitude condenável. Não havia necessidade. Um pontapé na gramática inapagável, esse sim.
Houve outros azares originais nesta candidatura. Sara Cerdas não teve o melhor arranque para uma nova aventura. Ela foi uma segunda escolha, à última hora, circunstância que não tira nenhum bocado a ninguém mas também não convida propriamente ao lançamento de foguetes. Na primeira aparição, já que não passava de uma ilustre desconhecida dos madeirenses, mostrou-se a falar numa festa de mulheres socialistas e desagradou pela insegurança do discurso. Deu também uma entrevista sem ponta de substrato. E caiu na saloiada de engraxar o patrão confessando-se idólatra de Cafofo, a quem nunca conheceu mais gordo. 
É justo porém atender  à inexperiência da candidata socialista. Se para Karl Popper "Vida é Aprendizagem", para Sara terá de ser uma aprendizagem acelerada, porque as eleições estão à porta e o trabalho também. 
Como seria de esperar, a partida deficiente de Sara motivou os adversários ainda barricados no Laranjal para um vendaval de anátemas sobre a candidata do PS.

Há simetria de procedimentos nos dois campos da pré-campanha.
Cláudia Monteiro, a eurodeputada social-democrata que se recandidata, tem aparecido em artigos de opinião e entrevistas como a de ontem no DN. A consistência de ideias é outra. Os 5 anos de vivência noutra dimensão, a coberto das diatribes da Tabanca, aproveitou-os Cláudia competentemente. Como a sua adversária Liliana Rodrigues, na bancada europeia dos socialistas.
Mas Cláudia não escapa aos ataques inspirados na entrevista que deu ao DN. Há comentários (muitos deles aqui no Fénix) que a criticam por ter apontado como ídolo seu pai. Intencionalmente, tomaram essa posição como provocação à rival, que por sua vez tinha citado Cafofo como seu ídolo. 
Acontece que Cláudia não provocou. Limitou-se a responder à provocação - aliás, jornalisticamente oportuna - do entrevistador, que lhe perguntou se também tinha ídolos na sequência do deslize pueril de Cerdas. 
Li comentários a dizer que o ídolo de Cláudia Monteiro, seu pai Monteiro de Aguiar, infelizmente já falecido, foi um dos "camaleões políticos" da Madeira, só faltando chamá-lo de mercenário da política. Indelicado e deformado. Na entrevista, a própria candidata recorda o low-profile do pai. E eu confirmo. Conheci-o de perto quando das frequentes viagens de avião nos malucos anos do PREC: Monteiro nos afazeres de deputado socialista à Constituinte e de sindicalista destacado; eu na qualidade de futebolista integrante da cruzada verde-rubra rumo à 1.ª Divisão. Monteiro de Aguiar era afável, discreto, um quadro político-sindical de grande eficácia. Era competente e não procurou benesses: foi deputado nas bancadas do PS e do PSD. A sua transferência foi como tantas que conhecemos - num sentido e noutro. Alguns que hoje o criticam fizeram o mesmo, julgando que a gente se esqueceu. Mas tudo isso valida a velha regra, mesmo discutível, de que só de clube não se muda.
Venho aqui lastimar antecipadamente o filme que teremos de suportar nas próximas semanas. O genérico a que assistimos nestas primeiras horas não engana: os artistas das baixezas que prevemos para as regionais aproveitarão já umas eleições europeias que deviam ser encaradas com elevação. A imagem da Madeira está em causa. Quanto à qualidade das candidatas. Quanto ao nível da campanha. Quanto às ideias para combater eficazmente os inimigos europeus das ultraperiferias. Quanto aos níveis de abstenção.
As eurodeputadas cessantes - Cláudia Monteiro e Liliana Rodrigues - foram exemplo de uma coexistência de alto nível. Adversárias mas com a Madeira ao alto.
Ambas deixaram os aborígenes tabanqueiros das lutas de galo (salvo seja) a perder de vista.

Seria bom deixar subir o nível nas acções das actuais candidatas. Mas os tachistas desesperados - uns para manter privilégios, outros para os arrebatar - entendem estas Europeias como umas primárias relativamente às regionais. Não percebem que os resultados de 26 de Maio não significam grande coisa. Depende de qual segmento de eleitores - PS ou PSD - for mais atacado pela preguiça, esse bichinho da abstenção.
Ao passo que as regionais contarão com mobilização geral, as Europeias são sempre Europeias. Pouco concorridas. Concorridas sem critério partidário. Quando muito, darão um ténue sinal.
Seria bom as facções fanáticas deixarem debater programas à séria. Até porque ambas as candidatas estão eleitas 'a priori', penda para que lado pender a abstenção. Mas não tenho ilusões. Os outsiders já soltaram os demónios. Os trogloditas têm medo de perder o osso. Chegámos a um ponto em que os jornais espanhóis terão muito que escrever se cá voltarem à cata de mestres do insulto. 
O vendaval continua.

4 comentários:

Anónimo disse...

A candidata do PS é demasiado fraca.

Anónimo disse...

Concordo em absoluto

Deixem a Cerdas fazer o seu trabalho, e poderá ser uma surpresa como foi a Liliana Rodrigues ou a própria Cláudia Monteiro.
Não esquecer que em 2014, a candidata social democrata também "derrapava" e muito, tendo o apoio do ex-eurodeputado Nuno Teixeira nas acções de campanha

Anónimo disse...

Por tudo o que o Calisto escreve, e que eu subscrevo na íntegra, fica claro que a substituição de Liliana Rodrigues por uma desconhecida, se deve única e exclusivamente por aquela não ter alinhado no tachismo tão arreigado à camarilha das PS'oas cafofianas do arroz de lapas.

sia disse...

Deixem ver se entendi:
Agora os eleitores são chamados a votar tipo cheque em branco. Devem votar Cerdas mesmo sem saber ou conhecer qualquer atividade politica ou lutas por causas. Agora como disse Cafofo ser um desconhecido é uma vantagem. Ele é um exemplo disso, afirmou na apresentaçao da candidata.
Só por isso já não votava nela, ainda por cima depois de dizer que Cafofo é o seu idolo politico.
Estão a pedir-me para votar em desconhecidos?
Não procede dizer que os anteriores candidatos eram desconhecidos e fizeram excelente trabalho (deve ser por isso que não recanditaram a anterior) por uma razão simples, Cerdas não é a Liliana.