4 de Março 2019
Curiosa preocupação
O 'Público' guardou para manchete do domingo a preocupação do Partido Socialista com "campanhas de desinformação nas eleições". Percebi que a preocupação do PS castelhano obviamente não era referente às eleições na Madeira. Porque, em matéria de "campanhas de desinformação" na Tabanca, o P"S" está no topo da lista dos implicados. O que não é novo: as suas agências propagandísticas de desinformação já levam anos a sugar dinheiro aos contribuintes madeirenses.
A notícia do 'Público' explicava ontem que os socialistas, "apreensivos com previsíveis campanhas de desinformação e manipulação (...), recomendam ao governo um caderno de encargos de combate às fake news". Acho a intervenção oportuna. É utopia, quando o comboio vai à velocidade que vai, mas entendo que deviam inventar um processo de só ter acesso às redes quem se identificasse devidamente. É da mais reles cobardia qualquer canibal da vida alheia criar um perfil falso para achincalhar, insultar e caluniar aqueles a quem não tem coragem de enfrentar cara a cara. As coisas vão ao requinte de inflamados inimigos desses nojentos abusos de liberdade serem os mesmos répteis da sociedade que se escondem no anonimato para fazerem pior do que fazem aqueles a quem fingem criticar, numa lógica de álibi.
Sei de que escândalos estou a falar.
Não é descabida, pois, a recomendação que o Sargento António líder do PS faz ao Sargentão Costa chefe do governo. É uma preocupação baseada em alertas de especialistas de redes informáticas como José Magalhães. E José Magalhães não fala de cor. No sítio onde ele nasceu para a política, havia uma propaganda infernal para ser obedecida de forma canina. Quem pusesse alguma das doutrinas em causa ganhava férias na Sibéria para o resto da vida, se não caísse na rifa das depurações por fuzilamento simples. De liberdades de opinião percebe o Magalhães. Embora devamos conceder alguma tolerância ao exagero que ele passou na lavagem de cérebro ao Sargentão.
A realidade é que as preocupações com as fake news não vão levar a nada. Porque muitos tentam confundir propositadamente fake news com fuck news, como já aqui dissemos.
É ver umas múmias afundar-se agarradas a uma inútil jangada de papel, proferindo as derradeiras chispas de incompetência para diabolizar o fenómeno perigoso mas imparável das redes. Como é que certas mentalidades tristes querem combater moinhos de vento feitos de bytes e virtualidades a que nem o nosso Gutemberg resiste?
No sábado, Sofia Vala Rocha também escrevera sobre o assunto no 'Sol', considerando "a doutrina socialista sobre as fake news uma polémica quixotesca". A opinadora desmonta a teoria de que uma notícia só o é se for "contextualizada" e "mediada" por um jornalista. Teoria que alguns comerciantes da notícia pretendem fazer crer para desacreditar o admirável mundo novo da informação. Vamos ao exemplo da articulista: "De cada vez que os media publicam os anúncios do governo, por exemplo de investimentos em habitações ou na ferrovia que não se vão concretizar, como se fossem verdadeiras notícias, e não voltam a confirmá-los depois para verificação dos factos, não fazem mediação, tornam-se meros megafones da propaganda governamental."
A cronista rebate ainda a presunção dos saudosistas em fim de ciclo de que um político a contactar directamente com as pessoas, via FB ou Twitter, por exemplo, está a fugir à "contextualização" - eu diria legitimação - da redacção de um medium. Pergunta Sofia Vala Rocha: "Então o político está proibido de tentar comunicar directamente com as pessoas, com os eleitores? Deve o político fechar-se na sua torre de marfim e esperar que os media o questionem, fazendo depois a 'contextualização' das suas palavras?"
Nesse caso, deduz-se, os políticos - ou outros protagonistas - continuariam a aparecer apenas quando os media quisessem, como no tempo de D. Urraca. A redacção não autoriza, o cidadão cala-se. Em que século estamos?
Do outro lado, o 'Público' cita os seus Josés Magalhães da velha senhora que em nome das suas dolorosas preocupações gritam ser preciso "proteger o jornalismo de excelência e a vitalidade da imprensa, que tem lei de imprensa, código deontológico e jornalistas profissionais".
Sim senhor, bonito chavão. Falta um pormenor: saber o que é "jornalismo de excelência".
Esta gente do tempo da Padeira até já se esqueceu dos princípios velhos. Só há um meio de proteger o "jornalismo de excelência", que é privilegiar a verdade notícia a notícia. O que só está ao alcance dos jornalistas... de excelência. Não há jornalismo de imprensa nem jornalismo de redes, há bom jornalismo e há mau jornalismo. E há mercantilismo que não é jornalismo nenhum. Jornalismo para ser bom jornalismo não precisa de ser pago pela propaganda política e pelos interesses comerciais dos abastados. Pelo contrário. Ou enlouqueceram todos?
Os medos da imprensa têm toda a razão de ser. Por culpa própria, o seu desaparecimento será muito rápido. Invocar cinicamente os códigos deontológicos, as leis de imprensa e as regulações para transformar em 'vaca sagrada' uma imprensa sectária não pode levar a bom porto. Pregar seriedade e depois 'vender gato por lebre' é criminoso. Trocar as incómodas 'fuck news' por rendíveis fake news vai dar no porco. Bem como omitir notícias vergonhosamente - e criminosamente - para não prejudicar os benfeitores. 'Vender' títulos enganadores e não escrutinar as notícias de tantos milhões para aqui e tantos milhões para acolá, como observa Sofia Vala Rocha, não é jornalismo.
É postura social miserável, acrescento eu.
Finalmente, a cereja: todas as preocupações dos socialistas (nos outros lados não é diferente) vêm à rua, não por razões éticas, morais, de cidadania, de amor à verdade - mas assumida e descaradamente tendo em vista acontecimentos previstos para este ano. O título do 'Público' diz tudo.
Agora sim a última: Sargentão mandou 'mafiar' cá e esqueceu-se de que também tem eleições lá?
Agora sim a última: Sargentão mandou 'mafiar' cá e esqueceu-se de que também tem eleições lá?
8 comentários:
Excelente artigo.
Que acaba com o brilhante “O Sargentão mandou magoar cá e esqueceu-se que também tem eleições lá”
Cá, o que se passa nas redes sociais é mesmo máfia, entre um par de ideólogos onde reina o Iglesias na Madeira a mando do Costa e seus sequazes continentais, a LPM que define a estratégia, inventa conteúdos e que coloca, por vezes, em plataformas criadas pela própria comunicação social como o Ocorrências Madeira do pasquim Diario de Noticias, que são exploradas ad nauseum pelos repetidores avançados do PS.
Investigue-se
Miguel Albuquerque fez declarações semelhantes.
https://www.dnoticias.pt/madeira/albuquerque-alerta-populacao-para-as-fake-news-que-visam-conseguir-objectivos-politicos-HA4406876
9.18
Miguel Albuquerque fez declarações semelhantes e levou resposta semelhante:
- Fénix do Atlântico 25 de Fevereiro de 2019:
"Fake News ou Fuck News'
Caros Amigos
Anda por aqui um ressabiado a querer passar fake news e fazer-me passar por parvo. Desafio esse ressabiado, borrabotas que mente descaradamente à custa do anonimato, desafio-o a identificar-se, ficando eu obrigado a publicar as suas mentiras na íntegra - o que até me dará oportunidade para prestar publicamente os esclarecimentos que o tratante anda a pedir há muito.
Luís Calisto
Todos os que estão no poder se preocupam com as fake news porque estas funcionam contra eles, e, a favor dos que estão contra eles.
E, como o povo não tem cabeça para distinguir o falso do verdadeiro, e corre atrás de qualquer disparate escrito no facebook, quais carneiros, esta será uma prática cada vez mais seguida.
É destinada a uma molde humana insane, acrítica e acéfala, com resultados rápidos.
https://www.dnoticias.pt/pais/altice-portugal-tem-mecanismos-internos-para-combater-as-fake-news-XC4444725
A instituição da censura
Primeiro, levamos com a Diretiva "Direito de ser esquecido". Depois levamos com o Regulamento Geral de Proteção de Dados.
As entidades fiscalizadoras não funcionam (MP, Tribunais, etc...)
Os cidadãos têm cada vez menos direitos de saber sobre a Gestao da Coisa Pública. Para o GR, na prática os cidadãos só podem saber o que eles dizem.
A situação chega ao caricato do Governo Regional não dar acesso aos Relatórios de Atividades de direções de serviço, por os considerar "privados", e de violar recomendações da Comissão Acesso aos Documentos Administrativos.
Agora vemos políticos a lutar contra "fake news" como se eles não as utilizassem. Até já vemos uma empresa de internet a se preocupar com isso.
Para mim, parece-me que querem criar uma instituição para regular o que pode e o que não pode ser publicado: Censura. Mas esta censura, ao contrário da do anterior Regime, não será vista pelos cidadãos; trabalhará às escondidas... e identificará os protestantes que pensam ter direito de expressão e anonimato.
Já antes falei que as técnicas de controlo de massas/população baseiam-se na transmissão de informação.
Estamos a caminhar para escravatura!
Posso falar assim sobre isto pois muitas vezes me caluniaram e difamaram na net.
Também digo o seguinte, ao criar um qualquer sistema de proteção, esse sistema no máximo só protegerá até uma dada dimensão. Para eventos superiores a esse ou diferentes desse, os sistemas ao invés de diminuir o risco, aumentam o risco e a gravidade das ocorrências.
Exemplo mais conhecido. A existência de forças de proteção de dirigentes políticos. De um lado protege-os de criminosos, por outro permite que eles se tornem em grandes criminosos.
"Segundo Heródoto, Pisístrato simulou um ataque, entrando na ágora de Atenas com feridas que fez em si próprio, mas que ele afirmou terem sido feitas pelos seus inimigos, que o teriam tentado matar. Graças a esta encenação, Pisístrato conseguiu convencer os Atenienses a conceder-lhe uma guarda pessoal, algo que na época não era permitido, dado que o seu detentor poderia apoderar-se da cidade. Ainda de acordo com Heródoto, Sólon, já então de idade avançada, teria aconselhado os Atenienses a não lhe concederem a guarda.
Foi com esta guarda pessoal que Pisístrato conquistou em 560 a.C. a Acrópole, instalando a sua tirania."
Câncio, será que a notícia da tua candidatura, aquela liminarmente recusada, ao Conselho Disciplinar da Ordem foi uma fake new?
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