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terça-feira, 5 de março de 2019




5 de Março 2019






Democratas salafrários




Há três eleições para deputados este ano. Vamos estragar três domingos para escolher uns quantos vigaristas que, misturados com os políticos honestos que ainda existem, serão pagos por todos nós para nos enganarem e surripiarem o que puderem a título de 'milhos fritos', como diz o povo. Lá vão eles para os parlamentos com a ideia de produzir o menos possível, porque trabalhar faz calos. Como de costume, tratarão de inventar artifícios imaginosos para desempenharem o menos possível as funções que teoricamente lhes cabem.

Estamos a falar de alguns dos fulanos que serão eleitos para a Assembleia Legislativa da Madeira, para a Assembleia da República e para o Parlamento Europeu.
Ou será que desta vez só teremos raparigas e rapazes bem comportadinhos naquelas bancadas? 
Esta semana mesmo, tal é o estado caótico do hemiciclo de S. Bento, em fim de legislatura, estreia-se um novo sistema electrónico destinado a inviabilizar as indecentes e usuais 'presenças-fantasma', expressão utilizada pela imprensa nacional para as situações em que o deputado não põe os pés na Assembleia mas, com recurso a trampolinas bem pensadas, recebe o prémio da comparência como se tivesse tomado parte na sessão.
Agora será mais complicado. Os espertalhões terão de aparecer no assento à frente do seu pc, introduzir a identificação e a palavra passe, mas agora mais, precisarão de responder com um clique à pergunta do computador sobre se estão mesmo presentes.
Ao que chegámos!
Não estamos a falar dos putos que fazem uma gazeta à aula de Geografia para namorar ou experimentar um jogo novo no tlm. Falamos de adultos sem vergonha impenetráveis à humilhação que é para um regime democrático a necessidade de recurso a um controlo daquele jaez. 
No caso do sr. José Silvano, que é secretário-geral do PSD e recebeu dinheiro de sessões a que não assistiu, apareceu uma companheira de bancada tentando limpar a barra com a inteligente desculpa de ter assinado a presença por ele, mas sem intenção.
Sempre a descer na honra.
Estes elementos eleitos para os órgãos democráticos por excelência, os parlamentos, coleccionam burlas atrás de burlas, com desfaçatez e à-vontade. 
Cá na Madeira não vamos muito mal nesse capítulo, embora não fosse descabido fazer o levantamento do tempo que certos 'doentes' ficam na bancada, depois de assinarem o livro do ponto. 'Jogadas' espectaculares verificam-se com as ajudas de custo dos deputados em S. Bento e em Estrasburgo.
Quem não se lembra dos ilustres deputados que viajam à borla e depois vão levantar o subsídio associado às passagens vulgares? Eles, a começar pelo cara-de-pau que dirige a carroça de S. Bento, dizem que não é ilegal. E o povo fica-se.
Pelo continente, é um festival de parlamentares que multiplicam quilómetros pela ganância e o quartinho no bairro da capital pelo instinto burlão. E o povo a pagar.
Vem a talho de foice recordar aquela vez em que um eurodeputado madeirense, ao abrir a porta do apartamento em Bruxelas, se deparou com uma equipa de reportagem da TV alemã a perguntar-lhe o que fazia lá, se tinha metido os papéis para receber todos os subsídios devidos à deslocação a esta Ilha nesse fim-de-semana.
Vão dizer que não se deve bater assim nos deputados. Por haver gente pior. De facto, estamos num País onde antigos primeiros-ministros e ministros se vão cruzando à porta da penitenciária de Évora. Em que antigos deputados têm celas reservadas no Brasil e em Portugal. Em que as ajudas a vítimas de incêndios desaparecem pelo caminho. Em que uma pessoa passa perto de um banco e é assaltada. Como agora: depois de tantos milhares de milhões que pagámos durante estes anos por conta do Novo Banco, ainda nos vão extorquir mais mil e 400 milhões, para cobrir prejuízos em 2018 com os quais nada temos a ver! Que país é este se não um país de trapaceiros e ladrões? 
A vida continua enquanto o povo consome TV-Lixo o dia inteiro, espectáculos rasca com a participação do Presidente da República, primeiro-ministro, chefes de partidos e até da esquerda 'intelectual', que tanto praguejava os três Efes no tempo da Velha Senhora!
Vamos lá então votar três vezes e dar emprego dourado a mais uns quantos salafrários. Eles leram bem a situação, pouco depois do 25 de Abril: onde é que há dinheiro para sacar? Pois claro, na política. Então...
Não desejo que nos próximos mandatos os deputados sejam mais assíduos no serviço. A falar a verdade, prefiro que recebam o seu dinheiro e não apareçam sequer nos parlamentos, que não se perde nada. Julgo não ser o único português disposto a fazer o sacrifício de pagar mais uma subvenção se eles a exigirem para não conspurcarem os hemiciclos.
Não esqueçamos: quanto mais vezes houver quorum no plenário, mais probabilidades de eles legislarem para aumentar os seus próprios vencimentos e mordomias. Sai mais caro para todos. Mais um furo no cinto da plebe.  

16 comentários:

Anónimo disse...

Será que o deputado Gualberto que vive no Funchal que de vez em quanto vem à Ponta do Sol, também recebe subsídio de deslocação!!!
Entremeam-se as pastuscadas entre o Outeiro e a caramanha , a ultima foi uma cabidela com penas e tudo!!! Foi tudo pela encosta abaixo???? Ambiente a funcionar!!!

Anónimo disse...

Um comentário que se podia resumir numa frase: a democracia é um regime que só elege oportunistas, tragam-me outro regime, até aceito tentar uma ditadura!
Que tal o trabalho de síntese, senhor Calisto?

Anónimo disse...

Pela primeira vez na minha vida, não levantarei o rabo do sofá para ir votar em nenhuma das próximas eleições.
Esta gente não merece essa atenção.
Por mim, podem ir todos para aquele lugar.

Anónimo disse...

GUALBERTO já foste , o FESTAS está a preparar o perdedor do Juvenal para candidato nas próximas eleições regionais !!! São muitas as reuniões na PRAIA!!!!

Anónimo disse...

A questão é que à política cada vez mais chegam só os medíocres, salvo raríssimas excepções.
Vê-se à distância.
Mas os partidos assim o pretendem, porque dessa forma os seus directórios controlam esses eleitos, e outros não eleitos mas nomeados.
E depois, o descrédito instala-se. A abstenção não pára de crescer, e as novas gerações com formação e alternativas, nem quer ouvir falar de política.
Enquanto a lei eleitoral não for alterada, existindo pequenos círculos que elegem apenas o seu deputado, que pode ter partido ou ser candidato independente, em que esse deputado responde perante os seus eleitores, e não a direcções partidárias, nada mudará.
Por isso nenhum partido quer estas alterações, porque dessa forma viam a possibilidade de não controlar os deputados, acabando o amiguismo, o compadrio.
Por isso, só os medíocres interessam aos partidos.
Vejam na Madeira os exemplos nos diferentes partidos. Fica tudo explicado.

Anónimo disse...


Oh de 5 de março de 2019 às 11:48
...sendo todos "democratas salafrários" votarei no Partido da candidata mais bonita … se não achar nenhuma bonita … não voltarei.

Anónimo disse...

Quem não vota terá moral para criticar? São preciso pessoas para governar. Temos é devotar na ideologia que melhor gere as finanças.

Anónimo disse...

E que ideologia é essa, ó devoto(a) das 20.33?

Anónimo disse...

Temos de votar nos pequenos partidos, para obrigar os grandes a sentar o rabinho no hemiciclo. Se não tiverem a maioria piam baixinho!

Eu, O Santo disse...

Não votar é beneficiar os partidos mais fortes.
Os partidos pequenos têm os vícios dos grandes: a luta é por um cargo que eventualmente possa levar a um tachinho. Essa mera possibilidade faz com que os de mérito ou que possam realmente fazer a diferença sejam encostados.
A escolha dos cidadãos, especialmente os políticos, entre criar uma Sociedade mais justa (e consequentemente: 1) beneficiar população e os seus; 2) diminuir a injustiça e a desigualdade social; 3) criar riqueza; 4) efectivar os direitos de todos) e o sonho de um tacho sistematicamente pende para esta última opção.
A guerra por uma Sociedade mais justa e mais rica está perdida enquanto os políticos/cidadãos decidirem de acordo com a "utilidade" para si próprios.

Eu, O Santo disse...

Alguns anónimos explicaram bem a principal razão da nossa ineficácia e ineficiência como Sociedade: Os nossos políticos são medíocres.
Nem é preciso conhecê-los bem para perceber que vai uma grande distância entre o que dizem e o que actualmente fazem; se no partido não cumprem as regras e os estatutos, então na governação procederiam/procederão de maneira igual.

Um bom exemplo da preponderância das qualidades pessoais sobre os sistemas, é o Real Madrid com Cristiano Ronaldo e sem Cristiano. Os resultados estão à vista e são completamente diferentes.
A Madeira não é o Real Madrid, no máximo seria o União, e poria o CR7 no banco.

(Discordo a posição da ideologia ou sistema. Um corrupto ou incompetente pode ter a ideologia perfeita, mas inevitávelmente vai destruir muito mais riqueza que a que eventualmente poderia criar)

Anónimo disse...

Câncio,

Medíocres há em todo o lado.
Agora essa de defenderes o Ronaldo está boa. Defendes um que foge ao fisco e teve que pagar vultosa multa.
Vindo de ti, nobre defensor da virtude, é um mimo.

Miguel Câncio de Jesus e Silva disse...

Já que não foi publicado o meu comentário no texto certo, aqui respondo ao meu aficionado.
"Câncio, será que a notícia da tua candidatura, aquela liminarmente recusada, ao Conselho Disciplinar da Ordem foi uma fake new?"

A minha candidatura foi recusada pela Mesa da Assembleia Regional. O Conselho Disciplinar da Ordem nada tem a ver com o assunto.

Anónimo disse...

Desapareceu o "tu deves ser tonto uma vez que não concordas comigo", agora vem o "apaixonado do Cãncio". Há cada cromo!

Anónimo disse...

Os medíocres tendem a concentrar-se no PSD-M.

Anónimo disse...

Câncio,
Achas que os medíocres se tendem a concentrar no PSD?
Mas foram os cafofianos dos PS'oas da Câmara que ninguém quiseram ouvir falar do teu nome para chefe.
Fugiram de ti como o Diabo da Cruz.