Juíza de Direito foi 
a primeira escolha 

do PS-M para a Europa

Sessão do Conselho Superior de Magistratura de terça-feira impediu a Juíza de integrar a lista europeia do PS.

Perda de antiguidade e do cargo de origem (Comarca do Funchal) desmotivou a magistrada, abrindo caminho a Sara Cerdas 

A decisão do Conselho Superior de Magistratura (CSM) emergente da sessão plenária realizada há três dias - 26 de Fevereiro - levou a Juíza de Direito convidada pelo PS-M para integrar a lista nacional às Europeias a optar por não avançar. 

Tendo em vista corresponder ao convite, a magistrada, que exerce na Comarca do Funchal, quis saber se, caso avançasse com um pedido de licença coincidente com o mandato na Europa, perderia fatalmente antiguidade na carreira e o seu cargo de origem. 

A resposta unânime dos membros do CSM foi desfavorável. Se avançasse para eurodeputada, a magistrada teria mesmo de pedir licença por longa duração e sujeitar-se às regras estabelecidas. 

Pode ler-se na acta da referida sessão do CSM: "Resta apenas a possibilidade de concessão de uma licença de longa duração, que se distingue [de outro tipo de licença] porque o seu beneficiário não pode invocar a sua qualidade de magistrado judicial, implica a vaga do lugar de origem e o desconto do período de licença para efeitos de antiguidade"... "sendo esses efeitos os decisivos na distinção da licença de longa duração da licença por período inferior [que a Juíza pretendia]".

Conhecida a posição do CSM, a Juíza de Direito preferiu não perder os anos de carreira bem como o seu cargo de origem, na Comarca do Funchal. Ou seja, decidiu não enveredar pela política.

Os dirigentes socialistas ouviram o 'veredicto' em cima da hora de indicar a Lisboa o nome da candidata. Com o prazo apertado, foi avançado o nome da médica Sara Cerdas, que seria votado favoravelmente com o resto da lista na comissão política nacional, ontem dia 28, em Lisboa.  

Processo encerrado, depois de peripécias inesperadas. Primeiro, a surpresa da não recandidatura de Liliana Rodrigues - a eurodeputada socialista madeirense destes 5 anos, que porém já devia prever o desfecho, porque faz algum tempo se decidiu pelo ano sabático na UMa.

O 'afastamento' de Liliana foi divulgado neste espaço em 12 de Fevereiro, a par do anúncio de que a candidata seria uma médica. O que veio a acontecer, com Sara Cerdas na lista. Será que Sara sempre esteve de prevenção?

Levanta-se ainda outro enigma: no cenáculo dos socialistas oficiosos, garantem-nos que outra médica foi convidada e também acabou por não aceitar: a neuropsicóloga da Clínica Médica da Ajuda, ligada igualmente ao Sesaram.

Garantidamente, porém, só avançamos com uma realidade: Sara Cerdas é a candidata do PS-M, o que acontece na sequência da desistência de uma Juíza de Direito, por motivos profissionais.