FÉRIAS DA PÁSCOA REFREIAM A MÁ-LÍNGUA
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| As esplanadas vivem muito dos turistas e dos profissionais da má-língua. |
As esplanadas apresentaram-se falidas esta quarta-feira. Dois AIDAs na Pontinha vieram dar sonoridade e um certo colorido às caixas registadoras do comércio da baixa, mas muito pouco. Os poucos frequentadores dos cafés da zona central também se mostraram desinspirados pela cor roxa da quadra que atravessamos.
À hora em que pastávamos pela calçada do 'Café Apolo', 'Café Funchal' e 'Restaurante esplanada da Sé', João Cunha e Silva ainda não anunciara a sua pré-candidatura à liderança do PSD. O espírito comum mantinha-se na versão já delineada: Manuel António, apoiado por Jardim, tem mais hipóteses de ganhar o partido, porque Jaime Ramos não irá contra o chefe máximo. Tratando-se de eleições gerais, alargadas a todo o eleitorado da Madeira, já Manuel António apanha um 'banho' às mãos de Miguel Albuquerque. Isto o que dizem as 'sondagens' das figuras secundárias do aparelho laranja, os organizadores de festas, deslocações e impressão de cartazes, os que conhecem os cantos à casa e conseguem levar todos os recados à hierarquia.
É bom ficar calado quando se está perto dessa rapaziada.
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| Só mais para a tarde, Cunha e Silva resolveu fazer destroço na sucessão. |
* Prevaricador manda prender o queixoso - O bancário reformado que parece ter lugar cativo naquela mesa perguntou se havia notícia de alguma diligência judicial depois das denúncias do Dr. Raimundo Quintal. Referia-se à utilização de herbicidas junto de algumas levadas do norte com a ideia de erradicar a tal especie daninha denominada Falsa Abundância. Ninguém ouvira dizer nada. Estranhamente. Mas o Prof. Raimundo afiançou que esse 'remédio' na Levada do Castelejo pode prejudicar as produções agrícolas do Porto da Cruz! Um perigo para a saúde!
Quem sabe se ninguém soube disso? - perguntou aquele antigo vereador do PSD que ontem ajudou a 'lavar roupa suja' do seu próprio partido.
Que não podia ser o assunto haver morrido ignorado, afirmava o outro. As denúncias correram nas redes sociais. A net ainda não chegou ao tribunal? Ou, num caso de saúde pública como este, o tribunal só quer intervir se houver queixa por escrito, em papel selado de 25 linhas, com margem de lei e selo de 2$50? Chiça!
Logo alguém acrescentou: o mais certo é o Prof. Raimundo ainda ser constituído arguido por ter aberto a boca. Vejam o caso da Brimade. O professor reclamou de atentados ambientais, os senhores disseram-se ofendidos, obrigaram os trabalhadores também a levar queixa ao tribunal como ofendidos e lá está o professor em vias de se sentar no banco dos réus.
Isto é: o tribunal, em vez de tentar descobrir as consequências desses atentados ambientais, dá ouvidos aos protestos dos culpados, apresentados em tribunal para desviar atenções.
Boa justiça - conclui o empregado da esplanada, visivelmente desiludido porque o pessoal 'fazia sala' sem despesa.
"Nesta terra, o crime compensa e denunciá-lo só traz sarilhos", arremata um sindicalista com poucos anos de trabalho efectivo.
* Director clínico 'ditador' - O director clínico do Hospital voltou a ter a cabeça no cepo da impiedosa esplanada. Insistem uns sujeitos conhecedores da vida hospitalar, por experiência própria ou através de familiares empregados nas unidades do Sesaram, que Miguel Ferreira foi atacado pelo vírus da prepotência. O que me admira muito. Fomos colegas de Liceu e o Miguel, como já referi aqui, primava por uma tolerância que lhe valia popularidade geral entre a 'malta' - o que se mantém hoje, no jantar anual comemorativo dos finalistas de 1969/70.
"Um ditador por acaso muito requintado", ouço vezes seguidas no Apolo. Contam: o director clínico, à saída do Hospotal da Cruz de Carvalho, deparou-se com um magote de funcionários à porta de umas acanhadas instalações de esquina. Admirou-se, mas, em lugar de perguntar o que aquilo significava, pôs logo o responsável por aquela área em sentido: "Vi aquilo tudo, de monte... Ora, se há gente a mais, manda-se imediatamente para casa!"
A explicação era simples: os homens estavam ali retidos porque os serviços de viaturas agora controlados pelo próprio Miguel Ferreira não lhes facultavam meios de trabalho. Uns aguardavam transporte para se deslocarem a serviço externo, outros precisavam de viatura para realizarem o serviço que lhes cabia pela escala. Mas o 'ditador' não quer saber, ainda que as culpas sejam mesmo suas. É o que se continua a dizer.
* 300 serviços diários de transportes de doentes - As orelhas ardem a Miguel Ferreira, por ter levado para o hospital a central que dirige a frota de viaturas da Saúde, instalada até agora no Bom Jesus, na Segurança Social. É para ele mesmo controlar tudo de perto. A sua ideia é reduzir o mais possível os serviços adjudicados à empresa de transportes da Associação de Bombeiros e assim cortar despesas. Mas, dentro dos serviços, ninguém acredita que o consiga. O Sesaram tem de garantir mais de 300 deslocações de doentes por dia, para consultas e sobretudo reabilitação. Os carros da Saúde chegam para meia dúzia das necessidades. O resto continuará dependente do exterior. Mas Miguel Ferreira teima na ideia contrária, diz que paulatinamente o recurso à empresa baixará de intensidade. Impossível.
* Análises sem reagentes - Mais valia que arranjasse dinheiro para os serviços normais do hospital - ataca o sindicalista profissional - Há médicos a fugir porque não querem ser responsáveis por situações como a falta de equipamentos e de medicamentos nas operações cirúrgicas. Diz mais: nem sequer reagentes há no hospital para as análises! É o caos. As enfermeiras compram rotativamente papel higiénico para as suas casas de banho. E até rasgam lençóis velhos quando precisam de um simples trapo. Uma vergonha - insurge-se o homem, finalmente pedindo uma torrada com manteiga só de um lado.
* Programa de Agachamento Financeiro - Por falar em dinheiro, o velho autarca tece um comentário isolado: "Anda o homem (Jardim) no Porto Santo a falar do cumprimento do Programa de Ajustamento Financeiro... e eu não sei se ele está mesmo a falar do Programa de Agachamento Financeiro. É que ouvi esta expressão a um grande senhor do PSD..."
* Falsos do 4 de Abril - Alguém ouviu pela rádio o que foi dito na cerimónia do 4 de Abril, no Pilar. Não me consegui calar: "Esses que discursam no dia de hoje seriam os primeiros a condenar os revolucionários de 1931, se vivessem e tivessem algum poder nessa altura. Deixem-se de hipocrisia!"
Ninguém deu sequência à conversa.
* Chefe com polícia feito securita - O contabilista habitual frequentador da mesa, quando não anda a tratar de insolvências e falências, chega à última hora e um pouco indignado. "Passei pela Pena e vi um guarda da PSP à frente da casa do Alberto João. Continuei a descer... lembrei-me e dei a volta pelo Alto da Pena para confirmar. Mas o tipo está no Porto Santo... - pensei para mim. E era mesmo um polícia que lá estava. Ou seja, ele (Jardim) está de férias na casa do Porto Santo paga com 20 euros diários e ainda lhe custeamos um polícia para vigiar a casa da Pena, que está vazia. Nem o Saddam! Ele que contrate um securita... e pague!"
Outro ressabiado complementa com muito veneno: "Um guarda à porta da casa dele para evitar roubos? Mas não é ele que elogia a establidade e a segurança desta terra? Não é ele que chama comunas aos que falam do perigo da instabilidade social? Ele agora chamar ladrão ao povo superior?"
Não demorou 3 minutos, estava eu na volta higiénica ao aterro, para reciclar o oxigénio envenenado. E, mesmo assim, noto a má-língua um pouco mais contida, nestes dias ingratos para Pedro, que mais hora menos hora vai renegar Cristo três vezes antes de o galo cantar.



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