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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Politicando

ALBUQUERQUE "A TREMER DE MEDO"

Apoiantes do candidato à liderança do PSD reagem com ironia e sarcasmo às ameaças de Jardim
























"A tremer de medo". Foi assim que um dos apoiantes de Miguel Albuquerque reagiu poucas horas depois das declarações de Jardim produzidas em São Vicente com ameaças ao presidente da Câmara do Funchal, o primeiro candidato anunciado à liderança do PSD-Madeira.
O mesmo miguelista, autorizado a revelar o ponto de vista da candidatura em questão, repudiou liminarmente as ameaças do presidente do governo, utilizando algum sarcasmo para reafirmar a total autonomia do 'challenger' social-democrata: "O Miguel já está a tremer de medo!"

Promiscuidade descarada governo-PSD

Falando na inauguração da recuperação de caminhos pedonais naquele concelho do Norte, a que presidiu como chefe do governo, Alberto João Jardim dirigiu-se à imprensa, porém, investido das funções de líder partidário. Trata-se de uma prática assumida já com natural descaramento. Na Madeira, toma-se indistintamente o governo pelo PSD e vice-versa. Inclusive, o chefe do executivo, por castigo, colocou a trabalhar na Fundação Social Democrata um adjunto da presidência do governo, que continua a ser pago à custa de verbas do erário sustentado pelos contribuintes. E são social-democratas, eles próprios, a relevar a confusão de funções GR-PSD e PSD-GR. De facto, um deles revelou-nos que, além desse adjunto exilado na sede da Fundação, em Santo António, o próprio antigo motorista da presidência está lá colocado.
Ontem, no Norte da ilha, aonde se deslocou como presidente do governo, Jardim invocaria o tema da sua própria sucessão no PSD-M, para lançar avisos direccionados a Miguel Albuquerque. Fê-lo com a dureza primária e cavernosa usada nos seus verrinosos e achincalhantes ataques aos políticos da oposição, marca jardinista com patente registada já lá vão 38 anos. O ainda líder laranja produziu avisos a quem se atravessar no caminho do plano que gizou com meta final em 2015. Ou seja, Miguel Albuquerque. Quem a tal se atrever, terá de o enfrentar "pessoalmente" - disse puxando voz grossa.
Se lhe tivesse ocorrido gizar um plano até 2030...

Entrevista nacional causa ciúmes

Auto-intitulado de 'Unico Importante' no PSD-Madeira, Jardim morre de ciúmes ao mais leve assomo de protagonismo de um companheiro de partido. Uma inveja patológica que o levou em todos estes anos a proibir social-democratas madeirenses de brilharem no plano político nacional, quer em lugares do PSD quer em cargos executivos. A excepção vai para Guilherme Silva, mas unicamente nos papéis de mestre de cerimónias na mesa da Assembleia da República ou na triste missão de tentar 'defender o indefensável', quando o chefe regional produz mais um dos seus excessos apatetados com repercussões no anedotário nacional.
Desta vez, a causa próxima do agastamento de Jardim, que já mandara Manuel António Correia no encalço do autarca funchalense, em perseguição individual para o trazer de novo ao pelotão dos social-democratas manietados - a causa próxima foi agora, sem a menor dúvida, uma entrevista de Miguel Albuquerque de duas páginas e chamada na primeira página levada a todo o Portugal num domingo, e logo o domingo de Páscoa, pelo acreditado 'Público'. Na qual o primeiro edil funchalense reiterava todas as intenções políticas que fundamentam a sua candidatura interna, além de afirmar não temer nem as represálias do chefe nem a máquina laranja da Rua dos Netos.
Jardim não resistiu e, à primeira oportunidade, tratou publicamente o seu companheiro de partido como candidato 'dondoca' em vias de se tornar em mais um 'desempregado político' e, caso insista em se lhe atravessar no caminho, que se prepare para o enfrentar 'pessoalmente' a ele, chefe Jardim. Um aviso acompanhado da recomendação: está contra, saia do partido.

Sérgio Marques em posição incómoda


Jardim lida mal quando deixa de ser o 'Unico Importante'. Além de Miguel Albuquerque, outro social-democrata a quem prenunciam carreira de notoriedade no seio do PSD-Madeira, sentiu não vai para muito tempo uns laivos da fúria jardinista. Trata-se de Sérgio Marques, que nas últimas 'europeias' preferiu deixar o dourado Parlamento Europeu a recandidatar-se num lugar da lista nacional que achava incompatível com o seu currículo político. Foi nessa altura que Jardim, também em público, desovou uma expressão original para marcar terreno e que se tornaria célebre: "No PSD-Madeira, o 'Único Importante' sou eu!" E que Sérgio Marques - esclareceu chefe da Rua dos Netos - não passava de um 'militante de base'.
O ex-eurodeputado remeteu-se a um prolongado silêncio, enquanto avançava para Bruxelas um candidato de recurso, Nuno Teixeira, das hostes vice-presidenciais de Cunha e Silva. Mas eis que agora, surgindo Sérgio Marques como candidato anunciado pelo PSD-M à Câmara do Funchal, Jardim não confirmou nem desmentiu a notícia (DN). Assim como o tempo corre e o próprio Sérgio se mantém no mesmo silêncio. Consideramos pouco provável a aceitação de tal candidatura por parte de quem se viu, de um instante a outro, vilipendiado publicamente pelo chefe do seu próprio partido. Mas ninguém sabe...
Se acaso não afina pelo jardinismo brejeiro e ditatorial que o convoca por necessidade, Sérgio Marques já se deveria ter demarcado claramente, a fim de pôr cobro a mais especulações e defender o seu estatuto de social-democrata com vontade própria e personalidade autónoma.
Se o silêncio quer dizer um 'sim' tácito a quem o espezinhou e agora o convoca, trata-se de mais um dos milhares que obedecem cegamente aos caprichos do patrão - agora vai, agora vem.

Um partido esfrangalhado com democracia ao chicote

O PSD-M não passa hoje de um partido que parou no tempo - não cresceu politicamente. Tudo corre como há 30 anos, de acordo com a vontade manifestada em cada momento por um só homem. A ponto de, mais de três décadas depois, o chefe considerar um pecado mortal surgir alguém a manifestar livremente interesse em candidatar-se à liderança. Ainda por cima quando o próprio chefe lançou a notícia da sua saída em breve. Ou seja, o chefe, mesmo saindo, quer continuar a mandar em tudo. Até no nome de quem o há-de substituir.
Trata-se de um partido onde, mais de 30 anos depois, os 'dirigentes' não têm uma palavra a dizer. Pelo contrário, são zombados pelo chefe com o mais deacarado escárnio. Eles sentam-se no Conselho Regional para aprovar conclusões da reunião que o 'Único Importante' já leva escritas. Eles vão para os congressos aplaudir os que estão bem com o chefe. Eles são invocados como fontes a consultar previamente - como a Comissão Política - antes de o chefe anunciar nomes de candidatos, para depois se ver que o dito chefe vomita nomes a torto e a direito nas suas passeatas para inugurar remendos e tabuletas de veredas. Eles assistem tristes, porém calados, à expulsão de companheiros, às vagas, como aconteceu no Porto Santo, em Machico, na Calheta, na Ribeira Braca e na Ponta do Sol.
O chefe entende que unidade partidária consiste em ninguém respirar com ruído quando ele dá as suas ordens, mesmo se, o que é frequente, de manhã diz preto e à tarde branco.
Eis um partido em que a unidade é garantida à chicotada.
E todos continuam lá, no redil, fingindo fidelidade ao ditador que odeiam e temem. À espera que o homem caia por si, para então hipocritamente se demarcarem do regime de crápula que sustentaram com as suas ambições e os seus medos imbecis.

4 comentários:

jorge figueira disse...

A confusão entre partido e Gov. vem de longe.Falou ontem como Chefe de partido, embora estando em funções de Governante. Podemos estar descansados que em breve,nos adros das Igrejas, levemente inspirado pelo Espírito Santo (no adro a inspiração é menor. No púlpito resultava em cheio)falará como governante. Aí o chefe do partido dirá que não há dinheiro porque...a maçonaria, a trilateral, os idiotas....blá blá blá e ele faria tudo igual novamente. O Povo resignado aplaude...

Luís Calisto disse...

Em minha opinião, caro Doutor, o povo está resignado... levado pela estratégia da subsidiodependência. A palavra de ordem é 'tudo à borla e voto no chefe'.

Fernando Vouga disse...

Caros Senhores Jorge Figueira e Luís Calisto

O que mais me impressiona é o descaramento de Jardim. Trata o poder como se fosse propriedade privada com escritura lavrada em cartório. Quem pretender apropriar-se dele não passa, a seus olhos, de um criminoso. Ao pé de tamanha desfaçatez. a ignorância pacóvia do povo superior é mero pormenor.
Nos meios equestres, quando a montada não se sai bem, a culpa É SEMPRE DO CAVALEIRO. Se este o ensinou mal, o cavalo não é responsável.
Peço desculpa ao povo superior pela comparação. Embora estupidificado pelo jardinismo, acaba por ter direito ao benefício da dúvida, no mínimo.

Luís Calisto disse...

Infelizmente, penso que o mal é do povo superior... que não deu a ensinadela ao chefão quando para isso não faltaram oportunidades.