INCÊNDIO MUNICIPAL

DIA DE PÂNICO NA CÂMARA:

FILIPA QUER SAIR, CAFÔFO RECORRE A VICTOR

Dissipou-se a euforia da 'Mudança'. Neste momento, convocado com urgência, Victor Freitas tenta convencer Filipa Jardim Fernandes a evitar a queda da Câmara de Cafôfo.

Está a ser uma sexta-feira 'de gritos': Filipa insiste em deixar os pelouros ainda a seu cargo e o presidente Cafôfo vive momentos extremamente difíceis, sem soluções para ao menos atenuar a derrapagem

Os ânimos não arrefecem nos Paços do Concelho da capital, pelo contrário. A vice-presidente Filipa Jardim Fernandes insiste em não aceitar o desfecho do conflito Cafôfo-Gil Canha, que foi o vereador deixar de gerir todos os pelouros que lhe haviam sido entregues. Então, depois de uns dias de caos municipal, Filipa dirigiu-se esta sexta-feira ao presidente da Câmara comunicando-lhe a intenção de também lhe devolver os pelouros.

Antes do mais, informamos que o assunto esteve para ser pior. Filipa Jardim Fernandes teria a concordância dos vereadores da 'Mudança' Idalina Perestrelo e Edgar da Silva para que todas as competências deles fossem também entregues a Cafôfo, caso Gil Canha não voltasse a tomar conta dos seus pelouros. Aconteceu, porém, que o próprio Gil Canha fez saber a Filipa que jamais recuaria no processo e que, portanto, não valia a pena colocar a questão ao presidente.

Foi assim que a vice-presidente simplesmente anunciou a Cafôfo a decisão de largar os seus pelouros.

Obviamente, Paulo Cafôfo, embora ciente de que Filipa sempre pendeu mais para o lado dos argumentos de Gil do que para os do presidente, em toda a polémica central, sentiu-se apanhado de surpresa pela decidida investida de Filipa, hoje. Pelo que, garante-nos quem sabe, o presidente da Câmara se sentiu na necessidade de recorrer à influência do presidente do PS, Victor Freitas, no sentido de demover a vice-presidente.

Ao que nos contam também, Victor Freitas procurou Filipa Jardim Fernandes para se reunir com ela, o que estará a acontecer nesta meia tarde.

O caso cresce de gravidade. Paulo Cafôfo está com vida difícil, depois dos 6 meses de estado de graça em resultado de uma campanha eleitoral de sonho.

Gil Canha voltar a deter pelouros, estando Cafôfo na presidência, não passa de quimera. Gil não poderia trabalhar com um líder a quem acusa de ligações aos lobbies, sendo os lobbies precisamente o alvo da luta do vereador desavindo e do seu PND. Por outro lado, Cafôfo não poderia ter na sua equipa executiva um vereador que lhe faz tão grave delação e a quem tem acusado de estragar a imagem da Câmara perante os comerciantes do Funchal.

Pois é neste contexto que Filipa Jardim Fernandes afirma que só continua se Gil continuar. Idalina e Edgar são capazes de se mover na mesma linha. Como Gil não volta, Filipa - pelo menos ela - deixa os pelouros. O que isola mais Paulo Cafôfo na presidência, a braços com demasiadas competências para governar.

Mesmo que esta tarde Victor Freitas convença Filipa a segurar a Câmara, para evitar eleições intercalares, é mais do que evidente que a vice o fará a contragosto, fomentando inevitavelmente uma situação municipal de dias contados.

Com toda a franqueza, esta Câmara já deu o que tinha a dar - que foi nada, praticamente. Aliás não teve tempo para isso.

José Manuel Rodrigues, como era mais do que esperado, rejeitou envolver-se no pé-de-vento, se bem que com pena, já que não é seguramente por gosto que o líder do PP deixa cair a última revelação da política insular, Paulo Cafôfo. 

Depois, é preciso contar com o resto da Oposição, sobretudo com os endiabrados vereadores - e deputados municipais - do revoltado PPD. O incêndio que devora hoje os ânimos nos Paços do Concelho apresenta-se com proporções a fazer adivinhar muito tempo de combate.

Para grandes males, grandes remédios, Paulo Cafôfo. Ou por outra: antes que o mal cresça, corta-se-lhe a cabeça.

O tempo urge. Não falta muito para que o fenómeno político das autárquicas seja dado como definitivamente liquidado.