VIDA MUNICIPAL

CAFÔFO 'DESPACHA' SECRETÁRIAS

DOS VEREADORES QUE SAÍRAM

Secretárias dispensadas e dificuldades para arranjar vereadores para pelouros delicadíssimos - assuntos na ordem do dia municipal 

O ambiente carregado que há muito se instalou nos corredores e gabinetes da Câmara do Funchal não há maneira de se dissipar. Mas parece que os executivos e colaboradores que ganharam a recente guerra, com direito a ficar nos cargos, vivem apostados em alimentar o mal-estar. Já é gosto de complicar.

Esta tarde, a origem do clima irrespirável era a notícia de que as secretárias dos vereadores que apresentaram a renúncia receberam 'guia de marcha' para os lugares que ocupavam antes. 

Cumprindo ordens superiores, o director dos Recursos Humanos, João Neto, chamou as profissionais em causa ao seu gabinete, na torre dos Paços do Concelho, e deu-lhes a nova: a partir de agora estão dispensadas do serviço de secretariado, pelo que voltam imediatamente aos lugares de origem.

Trata-se de um procedimento que não é anormal. Mas há muitas maneiras de conviver em sociedade e na vida pública. O lugar de secretária constitui um pulo de prestígio na carreira, que insufla o brio profissional de cada uma. Os vereadores, quando entram em funções, têm direito a escolher o staff. Acontece que muitos têm sido os casos, como agora com a 'Mudança', em que o executivo eleito escolhe uma secretária da vereação anterior, o que consiste numa impagável manifestação de confiança com reflexos infalíveis na produtividade da pessoa distinguida. Mas é lícito a escolha de novas secretárias, ninguém está a dizer o contrário.

O que não cai bem é, sem uma palavra prévia do presidente da Câmara ou, vá lá, do seu chefe se gabinete, uma pessoa - 'olhar pelas pessoas' é olhar para todas as pessoas - uma pessoa ser chamada para receber friamente a novidade da sua dispensa. Há secretárias nesses lugares há 15 e há 20 anos, o que revela competência e dedicação.

Eram comentários sobre esta desfeita profissional que corriam nos corredores e secções da Câmara, sabendo-se que havia lágrimas expostas e contidas algures nos Paços. Até que a mensagem chegou ao 'céu' e então saiu uma determinação: que as secretárias se apresentem amanhã no gabinete do presidente. Para um louvor arrancado a ferros, presume-se.

Perguntava-se baixinho: como é que eles sabem que os futuros vereadores não quererão trabalhar com estas secretárias?

Associado a mais este 'espalhanço', corre um inevitável burburinho: que a ideia é criar lugares vagos para os novos vereadores poderem meter mais boys e girls no apoio à equipa executiva.

A modos que o que resta da Mudança não se dá senão a criar problemas. Dar origem a falatório parece promessa feita a algum santinho. E isto depois da encarniçada polémica em torno dos nomes entrados para a equipa de apoio ao próprio presidente!

Vereadores, precisam-se

A expressão sorumbática do presidente, que não passou despercebida na reunião de vereadores de hoje, foi portanto premonitória para o que se passaria na parte da tarde.

Quando devia exultar de satisfação, já que recebia o que tanto ansiava, a renúncia dos 3 elementos da vereação a quem pedira que saíssem - Filipa Jardim Fernandes, Gil Canha e Edgar da Silva -, Paulo Cafôfo passou uma reunião inteira de "moral em baixo", como nos relataram mais de um vereador.

É capaz de ter a ver com as dificuldades em colmatar as lacunas resultantes das 3 saídas. Garantiram-nos que Maurício Marques não faz a menor tenção de entrar. Assim como alguns dos seguintes na lista. Ora, a lista foi composta de 11 elementos efectivos. Daqui a nada será preciso recorrer aos 11 suplentes. 

Com sinceridade, gostaríamos de estar enganados. Porque está em causa um município com a importância deste. Cafôfo tem nas mãos para entregar os mais importantes pelouros da Câmara - obras e urbanismo, habitação, área social, finanças. A lista foi constituída com gente capaz de assumir essas delicadas competências. Agora, na selecção de nomes para candidatar, há 7 meses, ninguém neste mundo poderia adivinhar o tsunami que chegaria ao fim de 6 meses. Se alguém adivinhasse, então não colocariam na lista elementos para encher, como todos os partidos fazem.

É humano que Paulo Cafôfo esteja preocupado. Mas, como tudo fez para 'livrar-se' dos 'obstáculos', terá soluções na manga.

Fácil não será, porque, se o fosse, teria avançado já hoje com os nomes dos novos vereadores, para fazer esquecer automaticamente os que saem. Não pediria mais uma semana de espera.

Que as musas inspirem Paulo Cafôfo.