A Guerra na Política Pessoal tem
semelhanças com a Guerra entre Países, inclusive a primeira também por vezes
descarrila para agressões físicas.
As causas do Conflito (incluindo a Guerra)
são: Medo (i.e., defender o que tem); Lucro (i.e., obtenção de coisas); Glória
(i.e., mostrar a sua superioridade); e Faltas de Respeito (tais como sinais de
ódio ou desprezo).
Cada contendor, pelo Conflito, pretende
impor a sua Paz: ausência de guerra nas condições que a Paz permita a obtenção
de seus objetivos ou desejos[i].
O estado de Guerra inicia-se quando há
vontade em combater ou ausência de um poder que mantenha os indivíduos em
respeito, tal como Hobbes descreve:
“Com isto se torna manifesto que, durante
o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em
respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma
guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não
consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de
tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida.
(…) Todo o tempo restante é de paz.”
THOMAS HOBBES DE MALMESBURY, LEVIATÃ ou
MATÉRIA, FORMA E PODER DE UM ESTADO ECLESIÁSTICO E CIVIL,
A Guerra é:
“Sem dúvida a guerra é a pior das
calamidades. Em certos povos todo o sentimento humano desaparece, o instinto da
fera se faz então sentir, vê-se tudo vermelho e não se é verdadeiramente feliz
que depois de ter assomado sobre o inimigo todas as paixões e apetites
sanguinários. Não se conhece mais nem a piedade nem o perdão, nem compaixão,
nem benevolência qualquer. O coração está a tal ponto endurecido, que nenhuma
pulsação qualquer de caridade não bate mais a favor do adversário infeliz.”
In Prefacio de “As Crueldades Inglezas por
um Neutro”
Sim, a tendência de evolução da Guerra é
extremar as posições; no início até poderiam ser povos irmãos, mas no final
serão inimigos que quase cortam a sua mão para tirar um braço ao adversário.
Isto significa que a evolução da Guerra faz com que as Regras deixem de ser
aplicadas.
A máxima “prepara-te para o Inimigo,
não pela eventualidade de vir, mas por que ele vem” é adequada também à
Guerra Pessoal.
Hesíodo nomeia os filhos de Éris: a
Discórdia. Penso que os efeitos da Guerra Pessoal são semelhantes a esses
filhos:
“Depois, a Discórdia odiosa deu à luz a
Fadiga dolorosa
e o Esquecimento, a Fome, as Dores que
trazem consigo o Pranto
e as Batalhas, as Guerras, os Assassínios,
os Massacres,
as Querelas, os Enganos, as Falas e as
Discussões,
a Desordem e o Desvario, que andam sempre
juntos,
e o Juramento, que para os homens que
habitam sobre a terra causa
a maior das ruínas quando alguém
voluntariamente perjura.”
Hesíodo, Teogonia
Saliento que:
“Na guerra, a força e a fraude são as duas
virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem parte das
faculdades do corpo ou do espírito.”
THOMAS HOBBES DE MALMESBURY, LEVIATÃ ou
MATÉRIA, FORMA E PODER DE UM ESTADO ECLESIÁSTICO E CIVIL, Tradução de João
Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva
Quanto à segunda oração, penso que a
justiça faz parte da Guerra Pessoal na medida em que tem espectadores, juízes,
aliados, etc… e o próprio individuo. Adam Smith declara que a Virtude é o modo
de proceder para obter o apoio dos outros e o seu próprio.
Relembro o custo de mentir é não
mais voltar a acreditar em ninguém… e isso não é Viver. Assim, um dos custos de
cometer injustiças é para sempre recear que as cometam contra si. Os justos
previnem-se contra a injustiça mas não deixam de dormir ou de viver por causa
da eventualidade de a sofrerem.
Mais ainda, até os ladrões inventam razões
para roubar: “o gajo tem muito”, “ele bate na mulher”, “ele
explora os trabalhadores”, “não lhe faz falta”, pelo que as
injustiças conhecidas propiciam o aumento de ataques pois diminuem o custo
Moral dos adversários e dos seus aliados.
Eu, O Santo
[i] Esta definição de Paz também existe: "Aquele
que constituiu a paz para os seus fins" (Sl 147,143). “Deixo-vos a
paz. Dou-vos a minha paz.” (Jo 14, 27)…