Powered By Blogger

sábado, 9 de março de 2019





9 de Março 2019


CDS-M precisa de reencontar
a garra perdida



O CDS está muito activo este fim-de-semana, com a líder nacional Assunção Cristas e o cabeça-de-lista às europeias Nuno Melo na Madeira. Mas os discursos, os jantares, as conferências e os apelos ao voto não fazem esquecer a realidade: o partido nacional não levou devidamente em conta a situação política regional ao elaborar a lista de candidatos às eleições de 26 de Maio.

O CDS-Madeira precisa de força para se impor no mapa da Madeira do futuro. Futuro que começará numas regionais de 22 de Setembro de onde não deverão emergir maiorias absolutas, segundo indiciam as sondagens, tanto as publicadas como as escondidas. 
Embora discorde da ideia de que as europeias venham a funcionar como primárias, porque o eleitorado se divorciou dos seus deveres com a UE e as abstenções acontecerão sem nexo político, entendo que neste contexto seria importante o CDS-Madeira ganhar projecção especialmente neste processo eleitoral.
Os centristas regionais já tiveram um eurodeputado, o Eng.º Rui Vieira, no tempo da liderança de Manuel Monteiro. Foi uma quota de mandato no sistema de rotatividade aplicado na altura por Monteiro. A ideia poderia ter sido retomada desta vez, com a diferença de o candidato madeirense aparecer como elegível à partida e depois ceder no sistema de rotatividade, se fosse o caso.
Não acontece assim. Margarida Pocinho, professora universitária, surge no 5.º lugar. Quando o CDS nacional elegerá três, na melhor das hipóteses. Assunção Cristas assim resolveu. Mas Rui Barreto foi parte da negociação. Aceitou, pois. O que revela flagrantemente a falta de garra que afrouxa este CDS, mesmo na convivência interna. Tal como se vê de uns anos a esta parte nas hesitações e indecisões no interior do partido regional - e não vale a pena recordar que tudo começou com a primeira grande hesitação e renúncia de Rui Barreto, que deixou espaço à impensável recuperação do PS, derrotado e humilhado nas regionais de 2015.
Alguém se lembrou nestes três anos e meio de que o CDS é o segundo partido com mais deputados no Parlamento? Só para recordar: PSD 24, CDS 7, PS 5 e JPP 5. Será que o CDS tem transmitido a menor ideia de que é o segundo partido na disputa das próximas regionais? Nem em sonhos. Abdicou da corrida, rendido ao PSD e ao PS, este o actual 'partido dos cinco'. 
Há muita culpa própria. Um partido que marca presença desde 1974 na Assembleia, não podia simplesmente abdicar perante o surgimento do fenómeno Cafofo. O nome do CDS tem história e carisma - aliás só por isso ainda não desapareceu. Curioso: partido com carisma, com âncora segura em Lopes da Fonseca, com perspicácia político-partidária em José Manuel Rodrigues, com boa informação na Saúde em parlamentares suficientemente documentados para manter o CDS por dentro da guerra no Sesaram, personalidades ainda referências na Rua da Mouraria, um departamento de comunicação competente e que funciona bem, coisa rara no panorama partidário, e ainda a juventude e o talento no líder Rui Barreto... mas eis um veleiro vistoso estagnado no meio do oceano em mar de desesperante calmaria. 
Que é que falta ao CDS? Garra. Brio. Empenho. Determinação. Auto-confiança. Pica. Gosto pela política. Espírito de vitória. Desejo sincero de ajudar a levar as duas pasmadas ilhas para o futuro.
Rui Barreto, chefe regional, não o conseguirá enquanto não descolar da mediocridade em cena a toda a largura do palco regional. Ele brada: o Estado tem de cumprir escrupulosamente as suas obrigações com a Madeira; o governo central não pode deixar a Madeira fora dos planos de infra-estruturas nacionais; é preciso resolver a mobilidade; é preciso esbater as assimetrias das regiões ultraperiféricas; o Estado deve ajudar no projecto hospital.
Pergunto: quem é que não diz isso? Até o PS-M o diz, com mais cuidados em atenção a quem governa em Lisboa. Todos gritam pelo mesmo.
Barreto diz não aos populismos e ao politicamente correcto. Mas o que tem feito é colaborar com o populismo que desponta e ser politicamente correcto até quando garante não ceder ao politicamente correcto.
O CDS precisa de reencontrar a garra. O brio. A pica. O ânimo. Entusiasmo político. Assunção Cristas é uma inspiração nesse capítulo. Fora com a fatiota cinzenta que abafa o partido no mofo. Força para decidir em vez da hesitação 'nem sim nem não'. De contrário, o CDS não servirá para outra coisa que não para viabilizar a suspensão de PDM's na câmara e para integrar o pelotão de pequenos partidos quando for para constituir uma maioria que governe depois de 22 de Setembro.
A líder nacional está hoje no Funchal a 'ouvir Portugal'. Rui Barreto também precisa de 'ouvir a Madeira'. Mas a Madeira profunda, porque a do café só percebe de Cristinas, Gouchas, futebol e FB. 
Se o CDS de Rui Barreto fosse o CDS de Baltasar Gonçalves, Cabral Fernandes, Ricardo Vieira ou José Manuel Rodrigues, numa altura em que a Madeira se encontra numa encruzilhada política histórica, a lista europeia de Cristas seria diferente, aposto. Cristas sabe que as regionais terão grande repercussão nas nacionais que se seguirão, mas neste caso foi conveniente ignorá-lo. António Costa também sabe muito bem disso e actua em conformidade.

7 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns Calisto, além de teres razão o artigo está magistral.

Anónimo disse...

Rui Barrete não encontra nada sobre o que possa falar que vá para além do que os outros partidos declaram.

Anónimo disse...

O Barreto é um motor novo numa carroça cheia de oportunistas que não querem folgar o motor.

Anónimo disse...

O Rui Barreto é um Barreto de orelhas, tem que ser muito mais activo e deixar de ter medo dos corruptos (Sousas, Ramos e AFA)

Anónimo disse...

O CDS é a mulher a dias da política regional! Por isso não podemos esperar muito da mulher a dias!

Anónimo disse...

Dois nomes a reter neste texto, Manuel Monteiro um dos pouquíssimos políticos em Portugal que mereceram a minha confiança, enquanto ele esteve à frente do CDS, o meu voto foi sempre dele. E o não menos importante Eng. Rui Vieira, por si só com mais valia do que todos os elementos actuais do cds juntos.

O CDS nas ultimas regionais beneficiou da divisão Jardim-Albuquerque e a confirmar-se a aproximação destes mais o efeito cafofo, penso que retornarão ao seu lugar natural de 2-3 deputados no máximo.

O Barreto numa primeira abordagem pareceu ser uma lufada de ar fresco na politica regional, mas infelizmente foi apenas uma ilusão, a realidade trouxe-nos apenas mais um na linha daquilo que já tínhamos.

O actual CDS esta a meu ver longe da matriz da sua génese, o medo de afrontarem o politicamente correcto faz com que eles sejam apenas mais do mesmo, é pena pois o país precisa do verdadeiro CDS e não tenho duvidas que os portugueses iriam demonstra-lo nas urnas.

Anónimo disse...

O CDS é o carro de socorro do sistema partidário, quem está à rasca chama o reboque CDS e lá vem as primas donas safar o partido atolado. É por isso que é um partido de m....