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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Laboral



O GRANDE ESTRATEGO

Deste bombástico título de Abril-2011 não se infere necessariamente ser à crise do 'pata rapada' que o entrevistado se refere




Não se entusiasme demasiado, Leitor, este número do antigo JM tem um ano e meio.



Além de Único Importante, sua excelência percebe de estratégia. O antigo periódico da diocese, actualmente armado em jornal de campanha do dito-cujo nas eleições internas do PPD, publicou oportunamente a manchete que reproduzimos aqui acima, de modo a tranquilizar os madeirenses seus apoiantes e amigos quanto ao perigo que então se avizinhava. De facto, Jardim pressentia que alguém andava a ensaiar um assalto aos seus bolsos.
 
"JÁ TENHO ESTRATÉGIA CONTRA A CRISE", titulava o então JM, citando mestre das araras. Edição de 9 de Abril de 2011.
Que tipo de estratégia teria descoberto rei das Angústias?
O JM acabava 'ab initio' com as ilusões dos curiosos, escarrapachando como antetítulo da espaventosa manchete:
"JARDIM NÃO REVELA 'SEGREDO' PARA QUE OS ADVERSÁRIOS NÃO SE APROVEITEM"
Os leitores do jornal ficaram a cismar sobre a invenção anunciada. Mas só agora se consegue atingir a parangona com segurança.
 
Como todos se lembram, a populaça vivia nesses meados de 2011 com o 'credo na boca' perante as ameaças de que a crise económica se agravaria. A estratégia de Jardim seria uma inteligente aposta nas relações com Lisboa? Na entrevista, o cavalheiro do Quebra-Costas previa, passando graxa no lombo do companheiro, que Pedro Passos Coelho seria "um bom primeiro-ministro"...
 
Para situar, historiemos rapidamente:  o JM publicava tal entrevista dentro de um suplemento de 16 páginas - tudo pago pelo povo - dedicado ao XIII Congresso do PPD-M.
Já ao tempo, couberam referências a "idiotas úteis" que andariam a tentar "rebentar o partido por dentro". Chefe das Angústias avançava que não os iria identificar no congresso, porque, se os houvesse mesmo, não passariam de "um ou dois", logo sem categoria para serem mencionados.
 
Relativamente à sucessão, o chefe retirava "relevância" ao tema, porque... "Os estatutos do partido, em qualquer momento, previnem como resolver esse problema com a maior maior normalidade."
 
Voltemos ao negrume político-económico-social que surgia por essa época diante da Madeira.
Chefe tratava de se relacionar com Passos Coelho, é verdade. Mas o drama dele não era o que se possa pensar.
Nas declarações ao seu jornal - pago por nós - o rei tranquilizava os conterrâneos: "Eu tenho já uma estratégia montada, mas, sabe, revelar as estratégias é um erro porque os nossos adversários iam apoderar-se delas ou então tentar subvertê-las."
Para convencer definitivamente os pessimistas, propalava ele: "O que quero dizer aos madeirenses é que me sinto tão ou mais seguro, talvez mais seguro, devido à experiência de vida, do que como sempre me senti seguro. Ou talvez mais seguro do que aquilo que sempre actuei."
 
Contra os críticos do costume, damos hoje razão ao chefe: ele descobriu realmente a verdadeira "estratégia contra a crise".
- Quê?!" - reagirão os analfabetos, os psicopatas e os que padecem de traumas de infância - Então se a crise piorou mil vezes daí para cá e o povo passa hoje fome de rabo!
 
Temos uma leitura diferente, desculpai. Não depreendemos daquela entrevista que a engenhosa estratégia tivesse que ver com a crise do povo - mas com a crise que o pudesse ameaçar a ele, chefe das Angústias.
O resto é especulação jornalística.
 
Perante as ameaças, infelizmente concretizadas, de o governo alfacinha cortar cada vez mais nas pensões, reformas, subsídios de desemprego e esmolas dos indigentes à porta das igreja, e depois de tanta obra obrada, o homem não precisava de acautelar a sua própria velhice?
Aí está. Desde Abril de 2011, chefe das Angústias, sempre que atacado em matéria de reformas, mostrou-se intransigentemente defensor dos direitos de quem "descontou durante a vida" para mais tarde receber reforma digna.
 
Essa, portanto, a sua estratégia contra a crise: não admitir sequer falar em beliscar os direitos de quem, como ele, goza de duas mesadas douradas.
De facto, enquanto, com o passar do tempo, e quando a plebe infileira diante da sopa do Cardoso e no desemprego, enquanto miúdos vão para a escola de barriga vazia e os jovens procuram saber desesperadamente em que país é a próxima vindima ou a apanha de morangos, enquanto a já escassa classe média passa fome em casa, o sua excelência de lá de cima sente-se
"mais seguro do que nunca".
Tem todas as razões para respirar fundo e puxar do charuto, por conseguinte.
De resto, passando ele, como passa, a maior parte do seu tempo em hotéis europeus de '5 estrelas', longe do 'pata rapada' a quem a desgovernação regional expôs aos ditames do Gaspar e da Troika, ele mal dá pela 'insegurança' de quem, na tabanca, tem família e contas para pagar.
Ainda melhor com a sua consciência deve ficar ao lembrar-se, lá pelas Europas, de que os seus amigos estão devidamente salvaguardados perante as patifarias do Passos e do Gaspar. Se não chegam verbas do orçamento, chegam da Lei de Meios para meter máquinas de fazer dinheiro no aterro.
A Providência não fecha uma torneira que não abra outra.
 

2 comentários:

Anónimo disse...

A estratégia dele,como sempre foi, aproveitar as propostas da oposição depois de as chumbar inicialmente! Sempre foi assim...

Anónimo disse...

Excelente artigo. Primeiro ri-me mas depois foi difícil manter o sorriso. Cumprimentos e que esse artigo seja divulgado no DN, por exemplo. Luís Oliveira