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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Madeira ao Vivo


 
MADEIRA - porta aviões à deriva no Atlântico





Escrevi na semana passada que a Madeira me parecia um porta aviões à deriva no Atlântico. O comandante continua a gritar e a gesticular, sem consciência de que perdeu o poder de fogo e que a tripulação já está à fome. A situação agrava-se a cada dia que passa perante a resignação dos esfomeados, a inação do chefe supremo das forças armadas de Portugal e o olhar hipócrita dos comissários europeus.
Desde 11 de Setembro a Avenida do Mar, no Funchal, está vedada para impedir que os indígenas e os turistas observem livremente a loucura que para ali vai. São camiões atrás de camiões a transportar terra, areia, cascalheira e blocos rochosos para construir uns pontões, já duas vezes destruídos pela ondulação.
Os pontões em causa têm por objetivo criar novas praias artificiais até à Fortaleza de São Tiago. Mais. O aterro criado após as cheias de 20 de Fevereiro de 2010 já foi parcialmente esvaziado e os materiais transportados para os tais pontões e para um novo aterro a leste da Ribeira de João Gomes. O que é que isto vai diminuir os riscos das cheias repentinas das ribeiras?
Porque no depósito de inertes junto ao cais não há blocos rochosos em quantidade e volumetria suficientes para proteger os pontões e as projetadas praias, então já começou uma correria de camiões transportando grandes blocos de basalto da Ribeira Grande de Santo António. Só depois de retirados muitos milhares de metros cúbicos de pedra e da ribeira ficar transformada numa perigosa pista para os caudais lamacentos, é que começarão a construir os açudes para retenção de materiais. Em que é que isto aumenta a segurança do Funchal e dos funchalenses?
As empreitadas com o objetivo de unir os troços finais das ribeiras de João Gomes e Santa Luzia, de desmantelar o aterro e preparar a construção dum cais para navios de cruzeiro, de construir e reconstruir pontões para praias artificiais, começaram a 11 de Setembro com dinheiro da Lei de Meios.
Já muita terra e pedra tinha sido levada pelo mar, quando surgiram indícios que esta loucura também seria financiada pelo QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) 2007-2013 (http://www.povt.qren.pt/tempfiles/Convite_POVT_eIV_%20RAM_final_28_set_12.pdf).
E como na União Europeia as empreitadas têm de ser feitas com programação e muita transparência, o Governo Regional encomendou já este mês à empresa de consultoria QUATERNAIRE, por 24.500€, um estudo sobre o custo / benefício (Diário de Notícias – 27.10.12) das obras iniciadas há mais de um mês com dinheiro da Lei de Meios, mas que devido às sucessivas intromissões do Atlântico vão necessitar de dinheiro do QREN.
É provável que os técnicos da QUATERNAIRE tenham uma visão da interação ribeiras / baía do Funchal diferente da minha e demonstrem que os 80.000.000€ do QREN são fundamentais para manter o porta aviões “MADEIRA” à deriva mais dois anos.
Entretanto, as retroescavadoras e os camiões continuam, a um ritmo alucinante, atirando terra e pedra para o mar, que, provavelmente, amanhã voltará a intervir na empreitada.
               
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
 
Baía do Funchal


Baía do Funchal


Baía do Funchal


Ribeira Grande - Santo António


Baía do Funchal


Baía do Funchal


Avenida do Mar
 

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