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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Política


A imprensa nacional releva as eleições no PPD-M: reportagem de Tolentino de Nóbrega no 'Público', publicada esta quarta-feira, que 'Fénix' reproduz com a devida autorização
 
 
 
 
 


CANDIDATO A LÍDER DO PSD-MADEIRA APRESENTA MOÇÃO QUE CENSURA JARDIM


 
 
Por Tolentino de Nóbrega
 
 


Miguel Albuquerque, o primeiro adversário de Alberto João Jardim na disputa da liderança regional dos sociais-democratas desde 1975, divulgou ontem, no Funchal, a moção alternativa que irá apresentar nas eleições directas e internas do PSD-Madeira e que é intitulada Tempo de Mudança - um documento de censura ao actual presidente.

"Candidato-me porque entendo que o PSD-Madeira precisa de se renovar e de mudar", com "novos protagonistas, novas políticas e novos objectivos para vencermos a situação dificílima que enfrentamos", declarou ontem Miguel Albuquerque, presidente da Câmara do Funchal. Justifica ainda que se assume como alternativa a Jardim porque recusa "um PSD-M enfraquecido e prostrado, em perda crescente de credibilidade junto da população", e com "uma evidente incapacidade de apresentar um novo horizonte de esperança" para os madeirenses. "Temos de mudar o partido se queremos melhorar a nossa região", frisou.

A actual liderança, diz Miguel Albuquerque, "revela não ter capacidade, nem ideias, nem energia para inverter a actual situação em que a região está colocada - vergada a um plano de ajustamento irrealista e a um surto recessivo económico e social devastador para as pessoas, para as famílias e para as empresas". Por isso, na moção preconiza a revisão do plano de resgate assinado por Jardim e propõe "um novo ciclo de rigor na afectação dos recursos públicos".

No segundo capítulo da moção são apresentadas as linhas programáticas de um futuro executivo a cuja presidência Miguel Albuquerque se propõe, caso vença as eleições internas. Se perder, Jardim ameaça expulsá-lo do partido, sob a acusação de alegadamente estar a promover clivagens, "fazendo o jogo da oposição".

O autarcas diz que o PSD, "infelizmente, acolheu e promoveu em certos sectores a ideia errada de que o debate político e o direito de criticar e divergir com lealdade são "traições" no partido e uma "bênção" para os adversários políticos". Esta situação, frisa, "não é saudável nem benéfica".

Albuquerque foi o primeiro a apresentar-se como candidato, em Março, numa altura em que não havia outro anunciado e Jardim até recusava convocar o congresso que estatutariamente deveria realizar-se em Abril do próximo ano, a tempo do novo líder poder conduzir o processo eleitoral das autárquicas. O governante lançou na corrida o seu secretário regional, Manuel António Correia, mas, face ao crescente apoio ao autarca funchalense, antecipou o congresso e, contrariando o que disse ser irreversível até por razões de saúde, recandidatou-se.

No documento orientador da candidatura alternativa nas eleições directas - marcadas para 2 de Novembro, a anteceder o congresso regional agendado para 14 e 15 desse mês -, Albuquerque defende que é essencial que o partido "recentre a sua prática política e o seu discurso junto da sociedade e dos cidadãos", "respeite a vontade do povo e a oposição eleita pelo mesmo". E, em completa ruptura com o estilo de Jardim, o autarca funchalense considera também "imprescindível voltar a dignificar todas as instituições, em especial a casa-mãe da democracia e autonomia", a Assembleia Legislativa da Madeira, onde, ao contrário do que tem acontecido, o presidente e membros do governo deverão "deslocar-se frequentemente para prestar os esclarecimentos necessários".

Ao nível interno e partidário propõe que seja "repensada a forma de fazer campanhas e comícios", com a racionalização das verbas utilizadas, e que nas estruturas de base seja "estimulada a livre participação de todos e o saudável confronto e debate de ideias diferentes". Ou seja, defende "um partido que não é afectado pelo desgaste do exercício do poder" e que não se resigna às torres de marfim da governação e não perde o contacto com a realidade".

No capítulo de políticas sectoriais para a região, sob o signo da "credibilidade, sustentabilidade e notoriedade", propõe a revisão do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro da Madeira, uma maior competividade e autonomia fiscal, a redefinição do Centro Internacional de Negócios da Madeira (zona franca), uma nova estratégia para o turismo e reformas nas políticas para a educação, cultura, desporto, ambiente, agricultura, mar e pescas.

Simbolicamente a moção foi apresentada num hotel localizado em frente da sede regional do PSD. No acto, o candidato esteve acompanhado pelo seu mandatário, Emanuel Rodrigues, que foi ameaçado de expulsão do partido por criticar a "falta de democraticidade" no PSD-M.
 
SOBE
Miguel Albuquerque
Algo está a mudar
na Madeira. Pela
primeira vez em 30
anos, Alberto João Jardim vai
ter um adversário na disputa
da liderança regional do PSD.
Miguel Albuquerque, presidente
da Câmara do Funchal, é o
rosto dessa oposição interna
ao histórico líder dos sociais-democratas
madeirenses. E promete dar luta.
O texto que suporta a sua
candidatura é uma espécie
de moção de censura
a Jardim, com

propostas para o futuro.


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