DELFINS

JOGADOR, ÁRBITRO, DONO DA BOLA...

Jaime Ramos sabe muito. Tanto tanto que, mesmo que não seja eleito, continuará com o partido na mão! Hoje mesmo distribui o regulamento para eleição de delegados ao congresso. Obviamente redigido por ele.

Candidato há muito tempo, esperava-se mais dia menos dia a demissão de Jaime Ramos dos cargos de secretário-geral e de líder parlamentar. Em vez disso, vai distribuir hoje o regulamento para eleição dos delegados ao congresso - ou seja, os filiados que elegerão a Mesa, o Conselho Regional e o Conselho de Jurisdição. Regulamento que ele mesmo fez sem ouvir ninguém, como aconteceu com o regulamento para uso das sedes e o regulamento eleitoral que arbitrará as eleições em que ele é interessado directo.

Jaime Ramos já mandou distribuir hoje o regulamento para eleição local dos delegados ao congresso de 9 e 10 de Janeiro. Não ouviu ninguém antes de o redigir, a não ser, obviamente, grande chefe Jardim. 

À primeira vista, poderão subestimar o facto: quando se chegar ao congresso, haverá novo líder escolhido e os delegados em nada influirão no futuro do partido.

Falso.

O congresso é que elegerá a Mesa, o conselho de jurisdição, órgão que o tempo veio mostrar ser muitíssimo mais importante do que se pensava, e ainda os membros do conselho regional.

Para quem não tenha bem presente, recordamos que o conselho regional é o órgão mais importante do partido entre congressos. Cabe-lhe a responsabilidade pelo "desenvolvimento e execução da linha política do partido definida pelo congresso regional"... "bem como pela fiscalização da actividade da comissão política regional, do grupo parlamentar na ALM, do secretariado e dos órgãos locais do PSD na RAM".

Que a Providência tenha compaixão deles.

O conselho regional não 'risca'... mas só em tempo de conclusões pré-fabricadas

Compete ainda ao conselho regional - mandam os estatutos - "apreciar a actuação de todos os que exerçam qualquer cargo público cuja titularidade seja directa ou indirectamente da responsabilidade do PSD".

Ui! O que não zunirá nos ouvidos dos desgraçados que tiverem o azar de ocupar um cargo público!...

E se houver futuramente bronca da grossa na vida nova do partido, que é o mais certo?

"Em caso de emergência, assumir as funções do congresso regional do partido até à convocação deste" - é outra competência do conselho regional. Sem esquecer outra a que não se dá importância quando a nau voga num mar sem ondas: "Aprovar o orçamento e conta do partido na Região e determinar os esquemas distributivos das receitas gerais pelas freguesias."

Já estamos a ver! 

Mesmo que não ganhe a liderança nem integre comissão política ou secretariado a eleger em 19 de Dezembro, Jaime não é 'carta fora do baralho'. Ele lá saberá como fez o regulamento para eleição de delegados ao congresso. Não acreditamos que não esteja armadilhado de maneira a ele e Jardim continuarem com poder na Rua dos Netos.

Especulação gratuita? Imagine-se o que não poderão fazer, num conselho regional novo que não embarque em conclusões pré-fabricadas pelo líder do partido, os seguintes conselheiros: os que compõem a Mesa; 53 eleitos pelo congresso (ou seja, pelos delegados a escolher previamente segundo o regulamento de Jaime); um representante de cada freguesia (são 53 ou 54, Jaime?); 15 representantes da JSD; 15 eleitos pelos TSD.

Promete, não acham?

O que não dirão daqui a 50 anos!

É indisputável que o processo eleitoral interno para a liderança do partido, comissão política e secretariado está inquinado desde a primeira hora, por força do traquejo de Jaime Ramos na máquina partidária. Ele fez o regulamento para as eleições propriamente ditas e os regulamentos para utilização das sedes e agora para eleição de delegados ao congresso - este último um documento a entregar hoje pelas aldeias. E este abuso de poder do catedrático da Rua dos Netos desenvolveu-se num clima em que era pública a sua intenção de se candidatar à liderança do partido. Há séculos que se noticia o empenhamento do homem e dos seus colaboradores próximos na recolha das assinaturas para entregar a si próprio, como aconteceu ontem: o candidato Jaime Ramos entregou as assinaturas ao secretário-geral Jaime Ramos.

Surpreendidos, Amigos que vierem a ler esta velharia daqui a 50 anos? Não sabem o que perdem por terem nascido tão tarde. Perderam meio século de ementa à Woody Allen com molho de vilão!

Aliás... Bem feito mesmo, para evitar trabalhos, era Jaime Ramos, na qualidade de candidato e de árbitro do jogo, armar uma jogada mais rasteira para que um cúmplice militante do partido impugne eleições e congresso e então a comédia continue no mesmo registo de loucos!

Brinquem...

Meio Chefe continua firme no auto-elogio fúnebre

Querem divertir-se mais um poucochinho?

Então saibam que, enquanto esta comédia política continua em cartaz e com possibilidades de perdurar, enquanto se trata do que vai acontecer, Meio Chefe pulula tranquilamente por aí dividido pelas suas viagens inócuas e pelos seus textos literários na última página do JM, num persistente e vaidoso auto-elogio fúnebre político do tipo "eu é que fiz obra", "tenho muita honra em ter endividado a Madeira"... e nos intervalos vai inaugurando pelas freguesias e becos aquela exposição de fotografias que documentam os mamarrachos com que ele assassinou a beleza da Madeira nestes 40 anos.

Oposição ajuda à festa

Mais uma ainda? Pronto, mas é a última, que hoje estamos com pressa.

Os madeirenses, como se sabe, vivem uma fase de estupefacção ante o comportamento dos opositores oficiais. Com o PPD rebentado de uma forma que ninguém admitia 3 anos atrás, a oposição não consegue retirar daí o mais ínfimo dividendo. Pelo contrário, perde o tempo a falar dos Delfins para dizer que não se deve falar dos Delfins. 

Impagáveis. Os dirigentes anti-PPD têm revelado indignação pelo atrevimento dos Delfins que pretendem ganhar o seu partido e governar a Madeira, aguilhoando com a circunstância de todos eles serem coniventes com a desgraça governativa regional, daí sendo até abusivo eles falarem em querer mandar.

Pois ligamos a televisão e pegamos em jornais e que vemos? Dirigentes da oposição sentados a debater o futuro da Madeira... com Delfins laranja a quem eles recusam a menor credibilidade! Ainda hoje vemos os dois vultos mais importantes do PS-M, Victor Freitas e Carlos Pereira, bem sentados, cerimoniosa e institucionalmente, a 'dar estatuto' a Miguel de Sousa, de quem têm dito o 'catatau'. 

Quando é que concedem audiência a Jaime Ramos?

Bem, vou ali e já volto.