JARDIM DÁ DICAS À OPOSIÇÃO
SOBRE COMO ESMAGAR DELFINS
Mais do que dicas, aliás, o homem incentiva os adversários históricos a, "na hora própria", caírem em cima do seu sucessor "de forma arrasadora"
Antevia-se que a retirada política de quem mandava na Madeira havia décadas custaria muito à personagem. O seu apego ao mando e a sua tirano-dependência não deixariam espaço à clarividência de perceber que tudo tem um fim e que é bonito saber sair.
Mas o ponto a que as coisas chegaram, consumado o adeus às armas, não habitava o imaginário de ninguém. Rei da Tabanca começou por entender que quem lhe quisesse disputar a liderança do partido era ingrato e traidor. Ora, como de um candidato à sucessão se passou à meia dúzia deles, foi o descarrilamento absoluto daquela desesperada cabeça, que até à última hora sonhava com o milagre da continuidade.
Os seus artigos diários no JM revelam um 'alapamento' à cadeira e uma inveja por quem vier a seguir que uma pessoa enjoa sem embarcar.
Custa a crer. Mas é verdade. O homem cai hoje na baixeza, naquela última página, de passar dicas à Oposição sobre a forma de futuramente arrasar quem lhe suceder - a ele, chefe Jardim.
O artigalho pretende atribuir aos outros os pecados da personagem. Designadamente, nos ataques feitos ao próprio partido. Como se não fosse o próprio régulo desta tabanca quem afirmou estar farto do PSD-M e ameaçou fundar um partido para combater a Rua dos Netos.
Como sempre, quem lhe critica uma qualquer opção é acusado de "cuspir no prato onde comeu".
Miguel Albuquerque já o ouviu - e leu - durante dois anos, para não irmos mais longe. E os outros pretendentes à sucessão caíram na mesma zona de bombardeamento.
Só para recordarmos as mais recentes rajadas, apontamos o artigo de quarta-feira passada. Começa assim: "Detesto os sonsos". E continua de cima abaixo com uma vergonhosa 'lavagem' num Delfim que representou o seu partido durante uma década no Parlamento Europeu - Sérgio Marques. A ideia condutora da beberagem naquela caixa com trama continua a ser o "cuspir no prato onde se comeu".
Hoje, o sermão de perdigotos dirige-se a Miguel de Sousa, porque o primeiro vice do governo se disse contrário à iniciativa de revisão constitucional saída das Angústias, aliás considerada anacrónica por todo o Portugal político.
No ver de Meio Chefe, discordar dele também leva à linha condutora do "cuspir no prato" e atacar o próprio partido.
Daqui a 'lógica' de concluir que a Oposição "tem estado a compilar as asneiras produzidas [pelos Delfins] para, se porventura também for inteligente, na hora própria as esgrimir de forma esmagadora".
Inenarrável!
O que é isto senão incentivar a Oposição a afiar as armas para "na hora própria" arrasar "de forma esmagadora" quem ganhar as eleições no PSD?
A Oposição obviamente não precisa de incentivos para fazer o seu trabalho de combater o adversário. O que está aqui em evidência é o desejo que vai naquela mente doentiamente egoísta. Aquilo, sim, é combater o próprio partido.
E é bem feita para eles todos, que também são frescos e estão a colher o que andaram a regar tanto tempo.
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