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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Delírios da Madeira Nova


CULTO  À COREANA 'AZOUGA' NA SARJETA 

Abusaram do poder e pintaram a Madeira toda de laranja. Mas está por pouco

A iniciativa política de José Manuel Coelho ontem em Machico não foi um mero número para preencher calendário. Foi um grito de revolta contra o culto de personalidade imposto às mentes e à paisagem visual por um regime jardineirista apostado em embrulhar o estômago do cidadão pensante.
Quanto ao mentor e protagonista do regime, estamos conversados. Nada se fez nesta terra, em 40 anos, nas costas do Rei da Tabanca. Ele era convidado para a inauguração de arranha-céus e para a entrega de diplomas de lavores.  
A Madeira era ele e o resto caca que o eleitorado ia revolvendo e atiçando de 4 em 4 anos.
Mas não era só o inquilino das Angústias a impingir-se com a sua omnipresença. Uma pessoa não podia - e ainda não consegue - respirar sem apanhar com um pivete laranja pelas narinas dentro, seja em que parte for da Região.
Vivia-se um 1.º de Maio e o 1.º de Maio já não era do povo, mas do governo. Vinha a Festa da Flor e a Festa da Flor estava governamentalizada. Tocava a banda na aldeia e os acordes soavam a laranja. Exibia-se o grupo folclórico e o grupo folclórico tinha sido escolhido a dedo pelos caciques PPD da zona. Queria-se fazer alguma coisa na terra, mas tudo chocava com o presidente da câmara que era deputado, chefe dos bombeiros, padrinho da filarmónica, presidente do clube e bufo do Alberto. Ia uma pessoa para o carnaval e num repente até as máscaras eram governo.
Passava-se numa rotunda e ali estava o nome do pai político do Rei da Tabanca, o bispo Santana. Entrava-se na Estrada da Pontinha e estávamos na Avenida Sá Carneiro. 
Laranja por todos os lados. Incluindo a Avenida do Mar, às tantas das Comunidades - quando o sua excelência precisava que os emigrantes mandassem os familiares votar PPD, porque, no fundo, o espertalhão borrifa-se para a 'viloada' que embarcou. Todos o perceberam quando deixou de precisar desses expedientes.
Numa palavra, viver na Madeira era respirar a ditadura ultramontana que o manhoso do povo alimentou.
A dada altura, eis os nomes de secretários regionais, que não se notabilizaram em nada para além do desempenho normal das suas funções, como os concidadãos fazem, a invadir a toponímia regional. A que propósito?!
O PTP mostrou ontem a sua revolta perante estes procedimentos que mandam Idi Amin para as carruagens de trás no comboio dos vaidosos.
Atenção que os 'galardoados' pouco têm a ver com o capricho do chefe. Ele obviamente promove todos eles para todos eles saberem o que fazer quando tratarem da memória dele. Ele quer ser 'reconhecido'! 
Pois não tenha dúvidas de que o será. Se será!
Que embrulhada no estômago.
Tanta presunção e gabarolice para um dia, mais tarde ou mais cedo, aparecer uma geração esclarecida e disposta a varrer as tontices inscritas naquelas placas de ruas, escolas e outras merdas. Até já vimos estátuas de gente bem importante atiradas da varanda da Câmara do Funchal!...
A alvorada não tarda. 

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