20 Fevereiro de 2010, Ribeira de Santa Luzia. Foto Rui Silva |
SOLIDARIEDADE COM O 20 DE FEVEREIRO
DESPREZADA EM ARMAZÉNS DO GOVERNO
Não, não é impossível; os milhares de caixas por abrir estão ali há 5 anos! |
Faz por esta altura 5 anos, os miúdos do 6.º B da Escola de Cordinha, Oliveira do Hospital, juntaram-se num gesto solidário enviando a caixinha com a sua oferta aos atingidos pelas enxurradas do 20 de Fevereiro na Madeira.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Caneças recebeu donativos dos cidadãos da sua área que mandou para o Funchal.
Como os alunos de Cordinha e os bombeiros de Caneças, de todo o País emergiu um intenso sentimento de solidariedade com as vítimas da tragédia madeirense.
Passados 5 anos, só num armazém do governo regional jazem caixas intactas cheias de dádivas solidárias, transportadas por 32 contentores de 40 pés.
Bem, algumas caixas rebentaram durante a sua acomodação, mas aí a rataria trata delas.
A situação é conhecida há mais tempo. Mas agora não se passaram apenas 2 anos, 3 anos. Já lá vão 5! Cinco!
Quando alguém trata de saber por que raio não entregam aos necessitados aqueles artigos mais os outros despejados em tantas dependências, ouvem-se coisas como estas: "O ideal era meter tudo em camiões a jogar na Meia Serra"; "É melhor não distribuir aquilo, para não rebentar com o comércio local."
Do que não há dúvidas é que a Cáritas Diocesana, a quem foram destinadas as encomendas solidárias, nunca se mostrou interessada em avançar para uma solução do problema. Inversamente, dizem-nos que a rapidez é total quando se trata de 'trabalhar' donativos em dinheiro. Que neste caso das caixas dá muito trabalho fazer a distribuição.
Quando apertado, ao correr deste tempo, pela comunicação social, José Manuel Barbeito foi-se desculpando com o volume inesperado das encomendas, superior às necessidades, segundo palavras suas.
Ora, é curioso falar-se em oferta superior à procura, em artigos gratuitos, principalmente num contexto de crise e alastramento de pobreza extrema, como acontece na Madeira. Barbeito já disse que as próprias instituições de solidariedade da Região se debatem com excesso de roupas e artigos afins - o que em parte é verdade. Mas estarão a fazer tudo para chegar ao contacto com os necessitados? É tão difícil dar com eles? E será que não existe nenhum sítio do globo onde as mercadorias desprezadas façam falta e aonde se pudesse acorrer através de transportes solidários?
Por sua vez, a Diocese, confrontada em tempos com o problema, perfilhou a postura de Pilatos: as instituições, mesmo as da Igreja, têm os seus órgãos directivos autónomos, eles que se expliquem.
Não acreditamos que, tratando-se de dinheiro vivo, sua excelência o prelado das 4 Fontes deixasse a coisa ao arbítrio das instituições...
A imprensa já confrontou também a Cáritas Portuguesa.
Resolveste?
Nada. Os sujeitos de lá dizem desconhecer a história dos milhares de caixas por abrir, cá na Madeira, e ficam-se pelos elogios ao trabalho dos seus quadros insulares na sequência do 20 de Fevereiro de 2010. Vê-se.
Desrespeito inclassificável pelos desabrigados das noites madeirenses e pelos que julgaram agir bem tirando das suas economias para ajudar as vítimas dos temporais.
Quanto aos miudinhos do 6.º B de Cordinha e a outros de tantas escolas do País que choraram pela Madeira: se por acaso viram pelos jornais electrónicos a importância que por aqui deram às suas ofertas, pois já se passaram 5 anos, eles são uns rapazolas crescidotes e, até pela lição da Cáritas, têm mais em que pensar do que embarcar em certos lirismos utópicos.
8 comentários:
Já que o tema é tragédia.....Fala-se à boca pequena que autarca da zona oeste tem a mansão à venda....não acredito é pura bilhardice..não há mais nada que não se invente...Cuidado com os amigos!!!!!
Vergonha! Isto não é de um partido... Foi alguma alma iluminada a dar está ordem. Agora quem?
Não deixa de ser um facto que a instituição sobre a qual recai estas situações no mínimo vergonhosas é sempre a Cáritas.
Afinal o que faz a direcção? E a Diocese, não diz nada?
Pois é. Mandem os donativos em dinheiro que eles tratam de despachar para alguém...mas não serão os necessitados de certeza. Esta caritas de caridade só tem o? nome. Infelizmente são o tipo de pessoas que lidamos. Isto revolta-me de uma maneira que nem imaginam
Em duas palavras: RESPEITO e VERGONHA. Pelos vistos os fiéis depositárias da "nossa" generosidade e solidariedade não nos dão respeitam e não têm vergonha... Respeito muito a generosidade genuína do povo humilde e trabalhador. Sinto imensa vergonha perante o desrespeito que estas fotos documentam. Isto não pode continuar assim...
É por estas, e por outras, que, por mim, os "voluntariosos" à porta dos supermercados não levam nada!
E preciso ver que nessas dádivas vem muito lixo. Muita gente aproveita estas situações para limpar os armários e livrar-se do lixo. No sismo do Faial aconteceu isso com as dádivas dos USA. Até cuecas usadas mandaram
Se vem lixo é deitar fora e se vêm coisas a mais, acho que temos pobres suficientes por quem distribuir!
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