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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Recordar é exigir respeitinho


Grisaleña, Dúlio, Emanuel, Eugénio, Nunes e Andrade, Vasco, Ângelo, Ilídio 'Petita', Isaque e Noémio: eles fizeram História num célebre jogo particular (no tempo em que o Hospital da Cruz de Carvalho ainda estava em construção).


O Sporting de Braga que ganhou a Taça de Portugal em 1966, com Adão Craveiro, ex-Sporting da Madeira, junto do troféu.


MARÍTIMO (regional) DEU 3 NO BRAGA
QUE GANHOU A PRIMEIRA TAÇA



Parabéns ao Sporting de Braga, digno vencedor da Taça de Portugal 2015-16, na disputa épica de ontem contra os bravos craques do FC Porto. O troféu está muito bem entregue. E fez-nos recordar a visita ao Funchal de um Braga que acabara de ganhar a primeira Taça da sua História, numa final curiosamente disputada no mesmo 22 de Maio - 1966.
Nessa época, o popular clube bracarense eliminou o Atlético. Depois o Lusitânia dos Açores. Os especialistas disseram que o sorteio estava a privilegiar os minhotos. Que a festa estava prestes a desarmar as tendas. Com efeito, atravessa-se logo depois no caminho dos nortenhos nada menos do que o Benfica. Mas o conjunto dos resultados nas duas mãos, 1-3 e 4-1, favorável aos arsenalistas, iria surpreender o País. Atenção, com 2 golos assinados por Adão Craveiro no jogo dos 4-1. Ah, pois, o Braga contratara um par de anos antes dois avançados do Sporting da Madeira, de origem africana - Adão, irmão do nosso Amigo Craveiro, também antigo jogador do SCM, e Sabino, interior com um par de pés tão enérgicos que a imprensa, nas suas crónicas de jogo, costumava chamar 'Canhões de Navarone'. 
Havia também um madeirense que ingressara no Braga, o lateral esquerdo do Nacional José Manuel (mais tarde, Fernando Luís e Arlindo brilhariam naquele Clube e Eduardinho não ficou lá por um triz).
Deixando o Benfica pelo caminho, o Braga teve outro 'privilégio' logo a seguir, nas meias finais: o Sporting de Portugal! 
Os Leões de Alvalade não tiveram melhor sorte do que o Benfica e foram para férias mais cedo. À final - 22 de Maio de 1966 - chegavam o Braga e o Setúbal, este um Clube então com peso e fama na Europa. Perrichon, companheiro de Adão no ataque bracarense, fez o único golo da final. Taça entregue por Américo Thomaz ao capitão da equipa. Festa em Braga. Bem rija, como a das últimas horas, depois da vitória sobre o FC Porto.

Meses depois do badalado acontecimento, veio à Madeira a justamente conceituada formação bracarense, orgulho do Minho e de todo o Norte do Continente. Veio enfrentar o Marítimo, na altura limitado a jogar todo o ano num regional a 4 clubes. Vi o jogo desde o 'Peão' dos Barreiros e já foi bem bom, porque quem jogava nas camadas jovens não tinha acesso ao outro lado do Estádio, o das bancadas de cantaria, quando havia jogo grande. Vi pela rama da relva os golos de Ângelo, Petita e Isaque - uma rajada que deixou os detentores da Taça de Portugal mais do que surpreendidos, atordoados. Com uma única coisa para fazer em reacção ao vendaval verde-rubro soprado por uma assistência eufórica e incansável no apoio aos seus. Os visitantes só tinham que defender a todo o custo o 0-3 para o adversário porque o feitio do jogo ameaçava maior desastre. Isaque teve o 4-0, isolado perante o monstro Armando. Inexplicavelmente, deixou o guarda-redes roubar-lhe a bola. Mas já chegava.
Com o ex-nacionalista José Manuel a defesa esquerdo, Adão formou a dupla de pontas-de-lança com o argentino Perrichon. Havia ali um problemazinho: quando actuava pelo Sporting da Rua Ivens, nos regionais da Madeira, Adão fazia o 'catatau' às defesas do União (na altura crónico campeão da Madeira) e do Nacional. Mas, decididamente, não se entendia nem atinava quando pela frente se deparava com o central do Marítimo, Emanuel de Freitas. E aqui está uma parte do fenómeno que se registou nos Barreiros, naquela tarde. Com Emanuel outra vez cara a cara, Adão não funcionou. Mesmo estando a defesa verde-rubra desfalcada, utilizando o reservista Dúlio a defesa direito - e até jogou bem, no seu estilo.
Obviamente que o prestígio do Sp. Braga não saiu beliscado desse jogo... para quem esteve presente. O Braga perdera, e bem, perante uma grande equipa! 
...Nem o Braga perderá nada por recordarmos aquele dia que valeu muito para os dirigentes maritimistas começarem a sonhar que o Glorioso da Madeira, agora que estava a recuperar a hegemonia do futebol regional, se trabalhasse com esforço e coragem talvez um dia...


O argentino Perrichon, marcador do golo que deu a vitória ao Braga na final de 1966, esteve ontem no Estádio Nacional, a convite do seu antigo clube.




O Braga com o genial extremo Fernando Luís e com José Manuel, defesa esquerdo ex-nacionalista.


Nota - A propósito de Taças, recordo a da Liga, com final disputada sexta-feira. Muitos órgãos de comunicação nacionais referiram que se o Marítimo vencesse traria o primeiro troféu de âmbito nacional para a Madeira. Ou aquela gente não tem memória jornalística ou então faz que se esqueceu. Então e 1926, aquele Campeonato de Portugal com 7-1 ao Porto e 2-0 ao Belenenses (tendo este fugido muito antes do fim para evitar a cabazada)? Embora em patamar inferior, não é nacional, como o nome indica, o título de Campeão Nacional da II Divisão, como o de 1976-77?

6 comentários:

Anónimo disse...

se for assim com respeitinho....logo em 1927 o Nacional enfiou 5 golos no maritimo que tinha ganho esse "torneio" de 1926....

Luís Calisto disse...

Caro Sr. anónimo
É verdade. Em 1927, o Nacional 'enfiou' 5 (5-2) no Marítimo, que meio ano antes se sagrara vencedor, não de um 'torneio', mas do Campeonato de Portugal, a única prova nacional à época.
Também é verdade que essa vitória do Nacional aconteceu num amistoso para tirar dinheiro destinado às famílias das vítimas do desastre do Phyzalia. Por sinal, essa foi a primeira vitória do Nacional sobre o Marítimo, o que significa que o mesmo Nacional só ganhou ao Marítimo 15 anos depois da sua fundação (que como se sabe foi em 1912, na categoria de infantis desagregada do Ateneu).
Mas que vivam os clubes todos!

Anónimo disse...

LOL....isso é que é uma história....o torneio que também foi ganho pelo carcavelinhos e pelo olhanense....e quando o "glorioso" fechou a porta logo a seguir na década de 30?...ou não fecharam porque andavam a jogar "water-polo" com as pedras do calhau...

Luís Calisto disse...

- Se o Carcavelinhos e o Olhanense (e o Marítimo, o Benfica, o Sporting e o Porto) ganharam o Campeonato de Portugal, onde andavam os outros da Madeira que nem chegavam ao nível do Olhanense e do Carcavelinhos (aliás fortíssima equipa dos ingleses da linha - Alcântara)?
- O Marítimo nunca fechou as portas.
- Caro Senhor! Investi muito tempo a estudar a História do Futebol da Madeira para estar a discutir com quem se limita a atirar atoardas para o ar sem o menor conhecimento.
Passe bem com as suas convicções.

Anónimo disse...

História do Futebol da Madeira não é história do maritimo

Luís Calisto disse...

Pois não. É história anti-Marítimo
(Marítimo com maiúscula, como os outros).