Só pode ser boato...

RTP-M ALUGA ESPAÇOS A PRIVADOS

E CEDE MEIOS AOS AÇORES

É tão surreal que entontece. Mas há quem receie haver algum fundamento nos rumores que ficaram a circular na Rádio-Carpete da Levada do Cavalo depois da visita da administradora da RTP - vogal para os centros regionais - Cristina Vaz Tomé.

Segundo corria na praça televisiva, Cristina Tomé trazia consigo "boas notícias" para responsáveis, trabalhadores e telespectadores. E que "boas notícias" eram essas? Pelo menos segundo as ondas da Rádio-Carpete, temos as seguintes:

1. Alugar a privados parte do edifício do centro regional (aliás construído em direito de superfície num terreno do governo regional). Ainda ontem, a administradora fez um périplo pelas instalações acompanhada por um suposto representante de imobiliária, de planta em punho, para avaliar os espaços - os que podem ser arrendados a privados e os valores possíveis das rendas. 

2. Quando os trabalhadores da casa continuam a implorar por mais meios a fim de levarem melhor produto final aos telespectadores da Região (e não apenas), a modos que a administração nacional decide desmontar um dos estúdios da rádio - RDP - em funcionamento na Levada do Cavalo para enviar o material... rumo aos Açores. Decisão que 'joga' com as afirmações de Cristina Tomé sobre a prioridade que o CA assumidamente atribui aos Açores.

3. A frota automóvel é para reduzir e, pior, não faz sentido manter o carro de exteriores da Rádio! 

Perante estas "boas notícias", os trabalhadores da casa - os únicos que percebem de televisão e curiosamente são mandados por quem, não percebendo a ponta de um chavelho do assunto, atrapalha as operações, em vez de deixar produzir quem sabe - perante tudo isto, os trabalhadores não sabem se rir, se chorar.

A subcomissão de trabalhadores esteve reunida com a senhora do CA, mas certamente não conseguiu demover os crânios que em Lisboa fazem o que querem, com a complacência dos patrões da Levada do Cavalo. Cuja gestão deixa muito a desejar, aos olhos do pessoal da casa e não apenas. 

Ainda agora, seguiu para a Venezuela, em serviço, o mesmo jornalista que recentemente esteve naquele país e que ainda há dias andou pela África do Sul - o que faz pensar que não há outros jornalistas na casa capazes de executar um trabalho lá fora. Devem ter-se esquecido, porque muitos já o fizeram, e muito bem.

Aliás, outro jornalista que costuma fazer todos os programas realizados lá na casa sobre política, saúde, economia, dança do ventre, religião, turismo, trânsito, cartomancia, espiritismo e bruxedo, astrologia, astronomia e ambiente, agricultura e pescas, pesca submarina e apanha de lapas, alcoolismo e poncha tradicional, caça ao pombo trocaz e à perdiz, ensino, enfermagem, sindicalismo e comunicação social - pois é esse mesmíssimo jornalista que vai a Coimbra fazer a cobertura da participação do Marítimo na Final da Taça da Liga.

Na esteira deste tipo de gestão, os trabalhadores do centro andam a olhar uns para os outros tentando perceber o que é que uma jornalista foi fazer à Bulgária, onde se encontra, ainda por cima sem operador de câmara dos quadros regionais.

Teme-se que o passo seguinte seja o CA da RTP decidir esvaziar mais uns estúdios e umas salas de montagem digital da rádio, a fim de ficar com mais espaços para alugar.

Da nossa parte, só pedimos àqueles crânios que, se começarem também a esvaziar departamentos da RTP, ao menos não mexam na Manutenção e na Continuidade, porque aí nem emissão haveria no ar. Bem sei que os mandões nem sabem o que está no ar, ou se está alguma coisa no ar, mas os (poucos) telespectadores apercebem-se desses truques.

Esperemos que tudo isto não passe de ruídos provocados por interferências na emissão da cruel Rádio-Carpete.

Só uma perguntinha para acabar este programa num suave fade-out: se não faz sentido um carro de exteriores na RDP-M, onde é que ele faz sentido? Em Ponta Delgada? no Porto? Nas Berlengas?