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domingo, 14 de agosto de 2016


E DEPOIS DA TRAGÉDIA?
               
             
             Grandes mentes discutem ideias.
Mentes medianas discutem eventos.
Mentes pequenas discutem pessoas.

Eleanor Roosevelt


Sou um acérrimo  defensor do debate de ideias. Detesto os ataques pessoais. Provocam-me náusea os seres que insultam, lançam boatos e destilam veneno com a máscara do anonimato com o objetivo de desviar a atenção das causas das catástrofes que massacraram os madeirenses nos últimos seis anos:
- Aluvião, 20 de fevereiro de 2010;
- Incêndio, 13 e 14 de agosto de 2010;
- Incêndio, 17 de julho de 2012;
- Incêndio, 15 e 16 de agosto de 2013;
- Incêndio, 08 a 12 de agosto de 2016.

No último dia duma semana horrível, com grandes áreas da Madeira e especialmente do concelho do Funchal cobertas de cinzas, com muitas famílias sem casa, com quatro vidas humanas consumidas pelo fogo, com o basalto fraturado aguardando as chuvas outonais para migrar nas vertentes das ribeiras e nos taludes das estradas, com o património natural e cultural severamente calcinado, entendo ser tempo para refletirmos sobre o que correu mal no combate ao fogo e muito especialmente para debatermos as causas estruturais de cinco catástrofes no curto período de seis anos e encontrarmos uma estratégia para minimizarmos o ritmo do sofrimento provocado pelo fogo e pelas aluviões.
      
Não tenho soluções mágicas, mas tenho refletido e trabalhado muito sobre esta temática, que reputo de crucial para o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos.
Estou muito preocupado e temo que, sem um forte movimento de cidadania, os barões do betão, à semelhança do que aconteceu com a inacabada intervenção pós Aluvião de 2010, voltarão a manietar o poder político e, mais uma vez, não haverá reordenamento do território urbano e florestal, condição necessária e fulcral para o desenvolvimento sustentável da Madeira.  
      
Tomei a liberdade de vos enviar (em anexo) o meu artigo  “Pico do Areeiro - Ilha da Madeira. Uma experiência de recuperação da biodiversidade”, publicado em setembro de 2013 no Livro de Homenagem ao Prof. Doutor Fernando Rebelo, Professor Catedrático de Geografia e ex-Reitor da Universidade de Coimbra, onde procurei explicar as causas dos incêndios florestais e das aluviões, e apontei caminhos para inverter o processo de desertificação da Madeira.

Embora longo, peço-vos um pouco de paciência para o ler, na esperança que constitua o ponto de partida para um debate fulcral para o nosso futuro comum.

Funchal, 13 de agosto de 2016

Raimundo Quintal

Nota do Fénix - Pode ler o artigo proposto pelo Dr. Raimundo Quintal acedendo ao link

20 comentários:

Anónimo disse...

O Dr conhece bem a equipa que governa a ilha, trabalhou com muintos deles na Camara, sabe com certeza se os mesmos vao dar prioridade ao ambiente e as populacoes ou aos interesses privados. Tenho duvidas que mais uma vez os politiqueiros PSD lhe de ouvidos,obrigada por tudo o que tem feito pela nossa flora.

Eu, o Santo disse...

Começo por dizer que Eleonor Roosevelt falhou completamente a sua análise: a qualidade e a capacidade do decisor é o melhor garante para uma boa decisão. Basta comparar as decisões dos competentes, com as dos incompetentes e com as dos corruptos. Normalmente ao escolher a pessoa está se a escolher o projecto.
Quanto ao movimento de cidadania é difícil nesta terra. Para além do receio de perseguições políticas, a cidadania em termos de incendios, tem o grande problema que boa parte dos madeirenses (entre os quais me incluo) não tem conhecimentos técnicos evoluídos sobre incêndios.
Concordo consigo quando diz que os problemas dos aluviões e dos incêndios são problemas de ordenamento do território. Dum lado temos a desertificação do centro do Funchal, imensos edificios abandonados encaminhando-se para a ruina e de outro temos construção e manutenção locais inadequados (com custos de urbanização elevados, propícios a serem atingidos por aluviões e incêndios, que provocam problemas de transito).
Mais ainda vêem se imensas casas que pela localização nunca valerão o investimento que lá foi feito. Este é um problema de eficiência económica.
Eu, como não técnico, defendo que a solução é a permuta ou a cessao de terrenos pela Camara com quem quiser construir a sua habitação. A Câmara deve ceder os terrenos quase de graça.
Note se também que os custos para uma Câmara expropriar um terreno urbanizado (especialmente se estiver em ruínas) são muito inferiores aos praticados no mercado.

Anónimo disse...

"Mentes pequenas discutem pessoas". Quem é que se apressou a pedir meia dúzia de cabeças, senhor Luís Calisto?

Anónimo disse...

O pior é que não temos Grandes mentes à frente dos nossos destinos. Seria bom se isso mudasse.

Anónimo disse...

Ao longo dos últimos 30 anos a "cidadania" foi uma flor de retórica. Será que agora vai funcionar? Isto é uma aldeia e ninguém quer se chatear com o vizinho... ou ser queimado pelo regime. Nisso, os renovadinhos são da mesma cepa do antigamente. Aliás, em que escola é que eles aprenderam senão a do AJJ? Só que a criatura sai sempre pior que o criador, e em vários sentidos! Por isso e infelizmente para nós, pouco podemos esperar de um governo de vaidosos que pouco mais é que um bando de amigalhaços reunido pela sofreguidão do poder e suas benesses. Como diria alguém, Deus guarde o povo madeirense...

Anónimo disse...

A análise desta semana do assessor lambe botas do Sérgio Marques no DN é de bradar aos céus. Alguém que interne o rapaz, aquilo já é doença.

Via Pública disse...

Só houve 3 ausências na sua lista de catástrofes: Aluviões no Seixal, São Vicente e Porto da Cruz

Anónimo disse...

Partilhem esta ideia :)

Desafio "VAIMILHÁ"?
Pessoal, quem não se lembra do desafio do banho público? Foi uma loucura! Porque não fazer agora o mesmo mas invés do banho público, fosse plantar uma árvore na serra? Ou algo relacionado ;) Dêem ideias! Pode ser que a coisa pegue ;) O meu, o teu contributo e o de todos, fazem toda a diferença!

ps: E podem desafiar o Cristiano Ronaldo, os políticos da Madeira, os artistas madeirenses... a coisa pode ter tanto sucesso que passa além fronteiras... É só imaginar um vídeo destes na página do Ronaldo, qual não seria a repercursão ;)
É só alguém começar e postar o vídeo plantando ou limpando, seja como for :)

Quem vai ser o primeiro?
Partilhem esta ideia ;)

Luís Calisto disse...

Ao anónimo (claro) das 10.07

Quem primeiro pediu meia dúzia de cabeças foi a minha mente pequena - e que fique claro, não discuti pessoas, pedi que as pessoas fossem mesmo postas sumariamente na rua por não darem segurança à população e à terra, de todo.
Infelizmente, não tenho uma mente mediana ou grande como a do anónimo, logo não posso pedir a demissão de eventos e de ideias, só de pessoas.
Quanto à sua demissão, não conheço fantasmas, não sei se é conveniente ou não.

Anónimo disse...

Eu, o anónimo das 10h07:
Senhor Luís Calisto, não fica surpreendido pelo facto do Professor Raimundo Quintal não pedir que rolem cabeças mas sim a mudança de mentalidades e de comportamentos? Que o povo queria encontrar rapidamente um bode expiatório, não concordo mas é o habitual no povo. Agora, que o senhor Luís Calisto, com a sua idade e percurso de vida, tenha essas reacções emotivas...
Outro dito para a colecção: «Quando o sábio aponta para a lua, o tolo olha para o dedo».

Luís Calisto disse...

Outra vez ao anónimo (claro) das 10.07

Além de fantasma, temos aqui alguém que só usa nos debates uns aforismos com a sapiência dos tempos da Maria Caxuxa, fora de prazo. Nesta altura do campeonato, não há pachorra para aturar pedantismos ocos; por isso, para lhe fazer a vontade, despeço-me com uma espécie de anexim que encaixa bem em mim, já que não percebo nada de incêndios, e ainda melhor em si, que julga estar a olhar para a lua quando o que está a ver é a cabeça do dedo - e isto ainda é pior do que o tolo normal.
Aí vai: Não suba o sapateiro acima da chinela.

Anónimo disse...

A maior catástrofe que se abateu sobre a Madeira são os 40 anos de PPD.

Anónimo disse...

Concordo com o anónimo das 14:37.

KTUDO disse...

Agora vira o negócio de venda de eucaliptos para fabricação de pasta de papel. Aí vem o negócio de milhões.

Anónimo disse...

Quase que aposto que a solução para os incêndios encontrada vai envolver milhões de euros em obras de construção civil.

Anónimo disse...

Ainda ninguém se demitiu ou demitiu-se?

Anónimo disse...

Nós o que precisávamos, era do Drº Raimundo Quintal como Secretário Regional do Ambiente. Aposto que em 3 ou 4 anos, todos aprenderiam a respeitar a Lei e a segurança contra incêndios e aluviões, passaria a ser uma realidade.
O pior é que como o homem é decidido e vertical, não interessa à classe política, pois sabem que ele não pactua com negociatas, e quando começasse a aplicar a Lei, ia incomodar muita gente.
Precisamos de gente séria e conhecedora, e ele é o melhor, o resto, é conversa para entreter.

Anónimo disse...

Não é fácil assistir a tantas e mágicas soluções para resolver as causas das catástrofes ou travá-las no seu clímax, elas continuam acontecendo com todos os seus fatores “naturais” em potencia, como são as temperaturas altas, os ventos fortes, os comportamentos humanos negligentes ou criminosos ( algum dia vão terminar?), ou as chuvas extremas, a globalização da vegetação, etc….
ah! e também, assistir a Santos milagreiros de todas as especialidades, com destaque para ambientalistas, políticos profissionais (existem?) e Doutores disto e daquilo que viram especialistas do acontecimento do momento.
Normal, com a catástrofe surge sempre a olimpíada para as medalhas do protagonismo…o que vale é que a catástrofe termina e a olimpíada continua!
Caros leitores destes comentários, já assisti à troca de posições de todos estes Santos milagreiros e nenhum resolveu, porque não é fácil. Uns cansaram-se rápido e pularam fora, outros ainda mantém-se ou chegaram, mas vão gerindo outras coisas mais visíveis para as câmaras/microfones, e outros, quando começarem a pensar nas soluções já se acabou o mandato e ufa!
Ainda há os tais treinadores de bancada que até já tiveram no banco e pouco fizeram. Por fora, torna-se fácil! dizem vamos debater, vamos pensar soluções, vamos cumprir a lei!
Sabem quando custa aplicar soluções (se é que serão)? Sabem quanto custa cumprir a lei? Sabem quanto custa em dinheiro mudar as pessoas mais expostas a estas catástrofes para locais mais seguros? Sabem quanto custa limpar terrenos não utilizados, mesmo nos espaços mais civilizados, uma a duas vezes por ano? E palmeiras, e mais algumas árvores mesmo em quintas e hotéis que projetam a grande distância faúlhas, e os nossos verdejantes vales (com o “Corredor Verde” em destaque desta vez) que ligam a floresta à cidade….alguns, com hectares de escarpas de difícil acesso, repletas de espécies de florestas que ardem!
Caros fico-me por aqui, deixo para os especialistas e para os que se sentem especialistas a reserva de alguns momentos de reflexão, construção de soluções, e orçamento de custos!…para minimizar os incêndios e as aluviões (catástrofes mais comuns na ilha), sim minimizar as consequências, porque julgo que ninguém os irá deter na nossa ilha, enquanto existir humanos a viver por aqui no caso dos incêndios e no caso das aluviões arranjar a formula impossível? de controlar toda atmosfera terrestre e controlar a chuva (em particular fenómenos extremos) que modelou e continuará modelando esta maravilhosa orografia da ilha da Madeira.

Eu, o Santo disse...

O anonimo das 18:40 apresentou uma variacao interessante do tema "nao vale a pena dicutir politica pois os politicos sao todos uns corruptos". Normalmente este tipo de argumentacao e utilizado para que os individuos desistam: da politica, da cidadania, de se informar, de exigir a aplicacao das leis, de combater pelos seus direitos, de zelar pelo seu interesse pessoal, e de tentar fazer o mundo um sitio melhor.
Neste caso, o anonimo argumenta que se fossem outros a governar tudo iria se passar de maneira igual, como se nao houvesse diferenca entre competencia e incompetencia, e entre bem e corrupcao. Suponho que uma operacao de saude mal feita lhe demonstrasse a diferenca. Teria a sua piada e o seu que de justica...
Mas ja que ele pensa assim, que tal ele me dar seus rendimentos e bens, ja que no final nao faz diferenca.
Nao somos todos iguais! Nao fazemos tudo de maneira igual. Nem todos temos as mesmas capacidades. Ha pessoas de principios.

A intencao do anónimo e acabar com a troca de ideias sobre os incendios,e indirectamente fazer crer que Albuquerque nao merece perder o tacho. Sugiro ao anónimo que convenca Albuquerque a demitir se, e a me dar o tacho dele, pois nada mudara na vida dele. Eu nao ficarei chateado...

Anónimo disse...

A encomenda das 18:40 dos Renovadinhos, quer tentar nos fazer acreditar que somos uma espécie de ovelhas a quem a sorte dos deuses da meteorologia pode dispor a seu bel prazer tal a nossa incapacidade para modelar o território ou combater fenómenos extremos.

É que nem foi o dia mais quente de sempre, nem o dia mais quente de sempre com vento, nem o dia mais quente de sempre com vento e incêndio (p.ex: 1976) e ardeu pela primeira vez o Funchal com um fogo florestal!

Nem vou tentar debater os teus argumentos patéticos nem o palpite das palmeiras (wikipédia?) - O novo vilão que este iluminado achou de se lembrar...

Sobre essa dos custos devias dizê-lo em frente de quem perdeu tudo ou de quem perdeu familiares. É que mudavas logo de opinião.

Mas se calhar podias utilizar essa mente brilhante para calcular os custos de 2010 para cá (só 6 anos, tu consegues!) à custa da incúria dos teus amiguinhos.