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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Incêndios matam gente, mas atenção ao Turismo



NEM TODOS OS MANUAIS DE COMBATE
PÕEM AS VIDAS EM PRIMEIRO LUGAR


Se não foi miragem, este quadro apareceu ontem no meio da monstruosa onda escarlate e negra que sobrevoou vertiginosamente os céus do Funchal, durante horas.


Alto da Pena


Vivemos três dias de loucos. De inferno. E ainda não acabou. O Funchal cenário de uma guerra. Uma pavorosa mistura nos ouvidos de sirenes com rajadas de vento, detonações arrepiantes, carros em pânico de buzinas e pressa, ar irrespirável, aflição nos engarrafamentos, o trapiche no Largo Severiano Ferraz, fumo, a trapicheira na Avenida, fumo e cinzas. E elas, as labaredas, por toda a parte, pulando em comprimento sem direcção nem sentido lógicos. E a gente. Olhos esbugalhados a sobressair das máscaras de respirar. Correrias com pequenos e velhos pela mão. Animais  à trela. As informações lancinantes de floresta ardida, de casas devoradas, desalojados, bombeiros exaustos, gente levada às urgências. E elas a descerem pelo anfiteatro, de sorriso assassino, restando aos de cá de baixo esperar que mudem de direcção. As labaredas. O inferno. O inferno a subir dos fogos, a cruzar vertiginosamente o céu do Funchal por cima das nossas cabeças, um mar suspenso às bolas gigantes, escarlate, envoltas no negrume do fumo. Um conjunto medonho a tornar o cidadão num pigmeus sem o menor poder de salvar-se a si próprio. De salvar os seus. De defender a casa de uma vida. Morreram no Alto da Pena uma idosa, duas idosas, três idosas. Já uma pessoa viajara para Lisboa à procura de curativo para lesões dolorosas e profundas. Os habitantes largaram as residências à sorte, fugindo para refúgios amigos, ou até para lado nenhum. Hotéis evacuados, hóspedes despejados para improvisados locais de acolhimento.
Contudo, esta história real vem estimulando leituras que devem estar a ser feitas a partir de Marte. Por cima ainda das nuvens de fogo. Perante a tragédia que desfila diante dos olhos de todos, atraindo muitos à fogueira, que ouvimos nas televisões?
Ouvimos que, apesar do vertiginoso avanço das labaredas, da floresta para as zonas urbanas, a Madeira tem a situação muito bem controlada e por isso não precisa de ajudas de Lisboa.
Ouvimos que a situação está consolidada.
Que as pessoas têm razões para estarem calmas.
Mas onde é que já ouvimos isto?
Mas ouvimos que a monitorização e prevenção dos fogos está muito melhor na Madeira.
E outras pérolas.
Que a ilha está a funcionar. 
Que os hotéis estão a funcionar. 
Que os hotéis estão a funcionar - dois, três hotéis foram afectados, mas neste momento o importante é voltar à normalidade.
Sim, é de lamentar a morte de três pessoas - mas foram três idosas...
E lembram-nos que esta é uma terra turística, logo não se deve entrar em pânico. A situação é complicada, mas não uma situação catastrófica.

Bem, a ilha está a funcionar, está: a população funciona em busca de refúgio.
Os hotéis estão a funcionar, funcionando de modo a evacuar as suas instalações, desresponsabilizando-se da sorte dos clientes.
Não eram precisos reforços de fora. Pois os reforços de fora estão hoje no terreno a combater nas várias frentes de fogo. 
Pelo que se tem visto, os processos de antanho que consistiam em desviar atenções da burrice política estão a servir outra vez. Focos dos media para os 'tarados' que andaram a pegar fogo aí. Ora, ainda estamos à espera de consequências da detenção de piromaníacos há meia dúzia de anos, 'investigação' confirmada então pela PJ para contentar o chefe da altura - teoria que se desfez com as cinzas desses incêndios. Agora, podemos ficar mais uns anos à espera de consequências das manobras de diversão que voltaram ao discurso, hoje. Ou então digam quem eles são. Agora há três 'tarados' apanhados, não deixem fugir todos eles.
Somos uma terra muito especial. Em tudo. A versão do povo superior não morreu. Segundo o abc dos fogos, o combate deve seguir a tal hierarquização de primeiramente salvar vidas, depois os bens e isso. Mas há quem na prática prefira privilegiar, em primeiro lugar, a sua própria prestação no palco televisivo; em segundo lugar, o turismo para não agastar amigos; e em terceiro lugar o salvamento de vidas, a não ser que sejam trapos velhos.
Nos céus de ontem pintados a laranja e negro, pareceu-nos ver a imagem inesquecível daquele ministro da Informação de Saddam. 

Alto da Pena








Centro Histórico S. Pedro





Escola Bartolomeu




Rua Nova Pedro José de Ornelas

7 comentários:

Anónimo disse...

O Governo regional pede a populacao que forneca alimento para os desalojados, pede ao Governo central ajuda financeira, SO SABEM PEDIR! Vergonhoso!!

Anónimo disse...

manuais de operações ? o problema é mesmo esse , o Nery a unica coisa que sabe de cordeação e comando é o que leu em manuais.

Anónimo disse...

Senhor Calisto, nem mais. Deu-me verdadeiro asco esta postura do senhor das rosas.

Anónimo disse...

Anónimo de 10 de agosto de 2016 às 17:29

Tem sido sempre assim: A Autonomia sempre de mão estendida!

Anónimo disse...

Atenção o gajo do Faial já veio esclarecer as asneiras do Albuquerque. Sabem quando é que um chefe de gabinete esclarece as declarações de um governante? Quando o governante faz merda. Penso que os renovadinhos podem sair, depois destas asneiras e irresponsabilidade. Ele e a Rubina não têm condições para continuar perante a quantidade de asneiras que fizeram.

Anónimo disse...

O Dr Rui Abreu a tentar safar as asneiradas do seu Chefe. É Louvável

Anónimo disse...

sem os empregos que o Turismo proporciona muitos mais morreram de fome e não vai dar para pagar a cota no sindicato