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sexta-feira, 15 de março de 2019




15 de Março 2019




Lume brando





A CDU apresenta hoje em Lisboa os seus candidatos às europeias de 26 de Maio. Um deles é Ricardo Lume, representante da estrutura comunista da Madeira na lista que terá João Ferreira à cabeça. 
Que influência política tem esta participação do PCP-M, aliás CDU, numas eleições que pouco de concreto trarão para a Rua João de Deus? Ricardo Lume não figura entre os 5 primeiros e para o mandato ainda corrente a coligação unitária elegeu apenas 3 eurodeputados. 

É de considerar a mobilização que uma campanha eleitoral proporciona sempre. Só que, no respeitante à Madeira, neste caso assistimos ao atear do lume brando que consumirá os pequenos partidos ao longo do ano tri-eleitoral. 
Pela primeira vez, a situação política bipolariza-se com o passar das semanas. Não é mais o tempo em que a parte de leão dos votos estava encomendada ao PSD e o resto era distribuído mais ou menos irmãmente pelos outros competidores. As sondagens e as mais recentes corridas autárquicas, com ou sem lógica, confirmam o fenómeno de popularidade Paulo Cafofo, que está a servir de reboque ao Partido Socialista, o qual por sua vez ficou reduzido nas pretéritas regionais à mais insignificante minoria da sua história. 
A situação é de equilíbrio aparente, embora em circunstâncias inéditas e desconcertantes. 
Aos eleitores que já decidiram votar Cafofo (e não propriamente PS) juntam-se os social-democratas descontentes com o processo de transição no PSD e ainda os votantes habituais de outras formações contrários à continuidade do establishment - para isso votando nem que seja no gato, isto é, em Cafofo/PS. 
Do outro lado, aos eleitores PSD que nunca mudam de voto juntam-se os socialistas, sobretudo da velha guarda, que não querem 'este' PS-M no poder, e também os de outros partidos que se dizem em pânico só de pensar que Cafofo e os 'loucos' que o acompanham, depois da pancada surrealista já percebida por toda a gente, possam tomar o poder na Madeira - e daí serão capazes de pela primeira vez votar no demónio laranja.
Calcula-se que estes dois lados da corrida estarão presentemente equilibrados e que serão engrossados com o aproximar das regionais, à custa dos pequenos partidos. Curiosamente, o PCP apresenta-se como o mais blindado no capítulo da fuga de eleitores. Enquanto o JPP tergiversou nestes 3 anos e meio entre Cafofo e a demarcação de território; enquanto o Bloco de Esquerda se entregou a Cafofo/PS, vivendo de acções e comunicados do líder Paulino Ascenção como prova de vida; enquanto o CDS revelou neste último período não merecer a confiança de quem julgou ter votado num partido de oposição para a câmara do Funchal - enquanto tudo isso, o PCP não vergou. Tem sido coerente e independente em qualquer cenário conjuntural. E depois os activistas trabalham e trabalham e trabalham. Têm qualidade e os deputados são pro-activos no parlamento. Não se esquecem da sua ideologia mesmo em matérias delicadas. Em suma, os dirigentes do PCP não ofendem a memória de quantos aguentaram o barco durante toda a grande tempestade - como Mário Aguiar, Armindo Miranda, Rui Nepomuceno, padre Mário Tavares. Hoje, Sílvia Vasconcelos e Ricardo Lume representam uma nova vaga de quadros que evoluem rapidamente. Edgar Silva concedeu há dias uma entrevista à RTP-M mostrando que a luta desigual que lhe coube nas Presidenciais não afectou a sua clarividência, argúcia e conhecimento da Região.

O PCP nunca vai ganhar eleições em Portugal. Jerónimo não terá possibilidades de executar um plano quinquenal, à moda da velha União Soviética. Marchais, Carrillo e Berlinguer fizeram umas graças na política dos respectivos países, mas deixaram os seus partidos desaparecer na onda do eurocomunismo. E os seus sucessores afundaram-se às mãos da Perestroika. 
O PCP permanece vivo. Com foros de pureza doutrinária. Mas, vendo bem, precisou de fazer cedências para sobreviver. Como apologista da ditadura do proletariado, nunca equacionou, desde 1975, a incoerência de participar em parlamentos burgueses (Lenine até não achava mal). O metalúrgico Jerónimo não manda para Estrasburgo um operário da ferrugem para ensinar direitos dos trabalhadores, antes destaca biólogos, professores, economistas. As câmaras presididas pelo PCP renderam-se ao compadrio pequeno-burguês entre vereadores e familiares. Até pessoas chegadas ao líder do partido caem na tentação capitalista das jogadas empresariais obscuras.
É notório o incómodo dos comunistas madeirenses quando não conseguem fugir ao tema Venezuela, cientes da antipatia que o apoio do PCP a Maduro provoca nas centenas de milhares de madeirenses afectados pelo contestado regime. Justificar a miséria em mantimentos e medicamentos que está a matar os Venezuelanos, com a sumária cassete de que é tudo sabotagem dos ianques e pronto, está resolvido, deixa-os morrer, é como elogiar a matança pela fome que Estaline decretou a 13 milhões de soviéticos descontentes com a colectivização, 6 milhões deles só na Ucrânia.
Um pesadelo para os democratas do PCP-Madeira. Ou "democratas", para ser mais coerente?

Será difícil para todos os pequenos partidos resistir aos três actos eleitorais na Madeira. A bipolarização já ateou um inclemente lume brando para os chamuscar com gravidade. É a moda deste ano de 2019. Num futuro breve, PSD e PS sentirão provavelmente o afago do lume brando, quando algum poder populista, também em moda, fizer o levanto em Portugal, e na Madeira. 
Por falar em Venezuela, temos aqui réplicas fiéis do Copei e da AD. Se o PCP é a formiguinha, PSD e PS são destravadas cigarras, à venezuelana. Na Venezuela, já não há Copei nem AD que se vejam. Não há copeianos nem adecos. Um inesperado incêndio de gigantescas proporções varreu os primeiros lumes brandos da faustosa época de Andrés Pérez, Campíns, Lusinchi.
Alguém entre os políticos que nos caíram em rifa na Tabanca conhece o significado de barbas do vizinho a arder?

3 comentários:

Anónimo disse...

Futuro para esquecer é este
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=uriserv:OJ.C_.2019.101.01.0007.01.POR&toc=OJ:C:2019:101:TOC
FIM DA MADEIRA

Anónimo disse...

Ó das 15.25 mas o site que enviou é o FIM da Zona Franca da Madeira !!!
Está ciente disso ? a quantidade de empresas de management que fecham as portas e de impostos a não serem cobrados!!
Não se brinca com isto é muito grave!

Anónimo disse...

O Bloco continua a ser o Almada e mais nada. Com a falsa bordadeira entregue à cafofada e com o trafulha das viagens a dizer meia duzia de baboseiradas que só uma elite entende deem graças a Deus do Almada, mesmo depois da traição que sofreu por parte da conselheira do Cafofo, continuar a falar para o povo na Assembleia. Corram com ele e depois chorem...