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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Madeira ao Vivo




COITO PITA FALA DE "MORAL" E "ÉTICA"


Caro doutor, dizemos nós: só quem foi escolhido por ser subserviente deve gratidão eterna ao autor da escolha



 
 
O nosso particular Amigo Dr. Coito Pita, fogoso deputado pelo PSD-Madeira, temível advogado na praça e discreto homem de negócios, reaparece nas páginas do JM a explicar com eloquência de pensador as palavras "Ética" e "Moral" do ponto de vista etimológico e a ensaiar a distinção entre um conceito e outro.
Não vamos debater "Moral" e "Ética", nem ao de leve, com a classe política. Nesse pormenor, o escaldado povo madeirense finalmente  é senhor de uma opinião formada com tal solidez que não sofrerá quaisquer alterações nos próximos 200 anos.
O Dr. Coito Pita, talvez pela sua longevidade na política regional, conhece muito bem o arder de orelhas nessa matéria.

O que nos impele a meter-nos onde não somos chamados é, abusando da Amizade que nos une ao ilustre causídico, um incontível atrevimento de comentar a teoria desenvolvida na maior parte desse texto que encontrámos esta segunda-feira no 'jornal de campanha' jardinista. Ou seja, no JM, onde o Dr. Coito Pita descarrega, presumimos, a obrigação de mostrar serviço em defesa de chefe Jardim na luta corrente contra Miguel Albuquerque.

O conhecido articulista, líder da JSD quando essa organização aparentava um certo nível, organiza metodicamente em dois pontos o ataque formal que lhe deve ter valido já um cartão de visita elogioso escrito pelo seu chefe.
 
 
Parasitas apoiam quem cospe no prato 
 
Que pontos são esses?

1. Bordoada impiedosa naqueles que cospem no prato onde comeram.
2. Sova de criar bicho em quantos, nada tendo a ver com o PPD, tentam interferir no processo eleitoral dos Netos, ainda por cima contra o sumo pontífice da seita laranja, patrão Jardim. 

Comecemos pela segunda parte, que é onde nos sentimos atingidos.
Escreve o autor da peça: "Revolta-me a posição de uns parasitas que não são militantes ou simpatizantes do partido de que dizem mal quando acordam até se deitarem..."
O Leitor insinuará: se o cavalheiro se diz atingido por essas palavras, lá saberá porquê...
E insinuará bem.
Afinal, por que "acusamos o toque"? Porque o Dr. Coito Pita, nos nossos encontros, infelizmente raros (e casuais, casuais, não queimem o homem na fogueira social-democrata por isso) tem a frontalidade de nos acusar, olhos nos olhos, de radicalismo exacerbado nas análises que envolvam a política laranja, sobretudo Jardim.
Diz o nosso Amigo lamentar o quase fanatismo que vê nas nossas crónicas porque - entende ele - quem diz invariavelmente mal, sem reconhecer o que é positivo, acaba perdendo credibilidade.
Daí encaixarmos esta crítica, como outros provavelmente encaixarão, sem hipótese de fuga.
 
O articulista, no correr do teclado, esgana os "parasitas que não são militantes ou simpatizantes do partido"...
Neste quase complexo de culpa, chegamos  humildemente a pensar que, de tantas notícias havermos publicado na carreira jornalística com base em fontes do PPD e do desgoverno regional, transmitimos uma ideia de "parasitas". Vá lá que daí para lá ninguém pode regougar, porque jamais ganhámos um tostão da política ou por via dela, ao contrário de tantos parasitas que não só ganharam uns tostões como estão ricos hoje em dia - bom proveito lhes faça.
 
 
Vadios, frustrados, bêbados, invejosos
 
O Dr. Coito Pita prossegue no artigo castigando, com o seu implacável verbo, esses tais que dizem mal desde que acordam, "como se fossem uns intelectuais com provas dadas ou uns beneméritos dedicados em exclusivo ao bem comum, quando na realidade nada foram a não ser uns frustrados, vadios, bêbados, incompetentes e invejosos".
Volta o Leitor a entrar em cena: se o cavalheiro acusa também esse golpe de cutelo...
 
Aqui já não interpretamos a cutelada como ataque dirigido particularmente a esta insignificância.
A oração abrange mais pecadores. Mas também não estamos fora do seu alcance. Nem pouco mais ou menos. Isso da mania de "intelectual com provas dadas", quantas vezes relemos os nossos escritos e coramos de vergonha pela afectação posta na vazia prosa? Julgamos que a vaidade é defeito exclusivo dos outros, mas agora que o Dr. Coito Pita fala nisso, reconhecemos a vã e infundamentada ostentação de coisa nenhuma em que por vezes caimos.
"Beneméritos dedicados em exclusivo ao bem comum": aí estamos descansados, porque não temos papel altruísta que justifique o mais insípido farisaísmo e, mais do que isso, condenamos a convocação da imprensa para propagandear o bem que episodicamente façamos.
"...Na realidade, nada foram a não ser uns frustrados, vadios, bêbados, incompetentes e invejosos" - carrega o nosso Amigo ainda mais sobre aqueles demónios.
Como podemos, Leitor Amigo, assobiar para o lado como se não fizéssemos parte dos azucrinados pelo discurso do Dr. Coito Pita no seráfico 'Jornal da Madeira'?
Sejamos sérios - dizia já Vale e Azevedo.
 
Poderemos nós assegurar que não somos "frustrados"? Talvez outros possam, mas da nossa parte é impossível disfarçar. Exemplos? Olhe, sentimos que, se tomássemos juízo mais cedo na vida, em lugar da prolongada boémia que privilegiámos, teríamos agarrado diferentes opções de vida. Não estamos arrependidos daqueles belos tempos, nem por sombras, mas acreditamos que aqui no subconsciente durmam frustrações que talvez o Dr. Saturnino ajudasse a deslindar. Sabemos lá!
Esqueletos no guarda-vestidos fazem parte...
 
 
Doutor, vai um tinto?
 
"Vadio", francamente, é profissão que não escolhemos quando acordámos para o quotidiano a doer. Mas não nos podemos gabar, porque nessa altura ainda não haviam inventado a tacheira parlamentar. Será que...?
"Bêbados": neste caso, o doutor pega tanta gente "com o pé na argola". Nós? Xi, quantas borracheiras não teremos no cadastro! Pior, caro Dr. Coito Pita: ainda hoje, quando aparece ocasião, não nos fazemos rogados para beberricar um trago. É o que se leva desta vida. No próximo encontro (casual, casual, chefe Jardim), tentaremos desencaminhar o Dr. Coito Pita para uns tintos a valer - de rolha, não 'Ganita', que se lixe a crise. 
Temos um amigo que costuma dizer: "Virar as costas a um copo é um acto de cobardia." Desculpe, doutor, mas concordamos com ele.

Tudo isto para dizer que, sim senhor, Dr. Coito Pita apanhou-nos em flagrante com as apreciações plasmadas no seu interessante artigalho desta segunda-feira.

Aceitamos, pois, o raspanete que nos prega de quando em vez sobre o exagero na linguagem que utilizamos contra o seu partido e o seu líder, nas croniquetas que rabiscamos.
Mas garantimos que é por não conseguirmos dominar a revolta contra o mal que vemos na política laranja de que o próprio Dr. Coito Pita é um dos protagonistas.
Está bem que decorre uma corrida eleitoral num partido a que não pertencem determinados "parasitas". Aqui, podemos jurar ao Dr. Coito Pita que, não fora essas eleições e muitas jogatinas internas do PPD influenciarem o resto da Madeira e os madeirenses, nem uma linha dedicaríamos à ridícula brigada que acampou há 30 anos na Rua dos Netos.
Quereríamos lá saber das cretinices lá dentro se não fossem os senhores a rebentar  o que resta do aparvalhado povo madeirense? Combatemos os que estão por cima no PPD porque deles nasceram jackpots, desemprego, dívida pública ruinosa, declarada e oculta, pobreza extrema, clima de guerra entre madeirenses, prepotência e arrogância no exercício da política, ausência total de democracia e por aí fora.
De resto, passem bem!
 
 
Dr. Coito Pita, que diacho, quase insulta as suas qualidades de advogado
 
Uma simples referência ao primeiro golpe atacante - ponto 1 - do artigo escrito pelo Dr. Coito Pita: o ponto que açoita os que "cospem no prato onde comeram".
Na ânsia de repetir a tese do seu caquéctico chefe, para justificar a produção do artigo e o lugar na comissão política e no parlamento, o Dr. Coito Pita insulta o seu cartaz de deputado experiente, perspicaz e astuto - mas sobretudo o posto de advogado.
Espremendo aquele artigo no JM, deduz-se que a ideia é condenar quem se atreve a pôr em causa o lugar indiscutível do chefe Jardim. Chefe Jardim, aquele a quem todos "devem tudo", na escrita do nosso Amigo parlamentar e causídico.
 
"Cuspir no prato", Dr. Coito Pita? O senhor foi escolhido por ser subserviente ou pela sua competência?
 
E... "Devem tudo"?!
Doutor Coito Pita!
Vossa excelência deve o quê ao seu chefe partidário? A carreira? O lugar nos órgãos do partido? Aquele assento parlamentar?
Não estamos na barra, mas responda-nos a isto: acha que o patrão das Angústias o escolheu nestes 30 anos por causa do seu valor, Dr. Coito Pita, ou fê-lo porque viu em si mais um quadro subserviente para abanar a cabeça que sim?
Das duas, uma: se o senhor foi escolhido por só ver virtudes no chefe e considerar que ele deve governar até morrer, pois bem, rasteje toda a vida sob os pés de quem o escolheu.
Agora, se foi metido nas listas e nos cargos pela sua competência e porque significava mais-valia para o partido, então não deve nada a ninguém nem tem de estar agradecido a ninguém.
A menos, lá está, se aceita que foi escolhido por ser mais uma dócil ovelha no redil dos Netos. Escolhido pela sua utilidade quando chegasse o momento de defender a eternização do chefe que distribuiu tachos eternos.
Como vê, doutor, o radicalismo não existe apenas nos outros. Nós exageramos no ataque a seu patrão. O doutor exagera na defesa do seu patrão.
Há só uma pequena diferença: o nosso radicalismo não visa qualquer objectivo interesseiro.
 
P.S. - Mande sempre, Amigo doutor. Pedimos-lhe encarecidamente que nos dispense doravante a mesma amizade e não leve a mal esta picardia - que só lhe aumenta os créditos junto do seu cansado chefe. 
 

6 comentários:

Fernando Vouga disse...

"Agora, se foi metido nas listas e nos cargos pela sua competência e porque significava mais-valia para o partido, então não deve nada a ninguém nem tem de estar agradecido a ninguém."

Caro Luís Calisto

Dou-lhe os meus calorosos parabéns por esta sua brilhante reflexão. E o parágrafo que aqui transcrevo diz tudo. Eloquente!

Luís Calisto disse...

Caro Coronel Fernando Vouga
Ainda bem que nos chegam ecos pensantes, como os do nosso Amigo. Porque esta Madeira cansa.
O Coronel sente o mesmo, de certeza, ao laborar no seu brilhante blogue.

Anónimo disse...

Mais um filho dilecto da (ma)Madeira Nova...

Porque a Seriedade, a Ética, a Deontologia e a Verticalidade não têm preço!...

Anónimo disse...

Com tanta cronica anti AJJ, so falta colocar Albuquerque num altar. Nem uma noticia contra Albuquerque, porque sera ?

Anónimo disse...

...sr Calisto, vexa é amigo - Amigo! - dele, daquilo... pois bem, das duas uma, ou o senhor não é afinal assim tão boa pessoa ou ele não é - como sabemos que é! - má Rês.
E agora, como é que saimos desta?

Luís Calisto disse...

Caro Comentador, tenho amigos de todas as qualidades, boas e más, não tenho vergonha de o assumir e não sou melhor do que nenhum deles. A vida são dois dias.
Quanto ao dilema que me põe... Digamos que sou um bocado para o marginal, talvez em reacção aos dois longos períodos de vivência fascista que não me deixam respirar.
Estou em crer que os anjos não me querem no céu e não é por medo da concorrência.
Mas, Caríssimo, a resposta certa àquilo qie me pergunta emerge com limpidez daquilo que escrevo. Sou um livro aberto.