A Cruz e o Calvário de Virgílio - coisas de outrora
Perguntámos à entrada para o pretérito fim-de-semana, em jeito de passatempo: que figura proeminente da política regional pronunciou a seguinte frase carregada de drama?
"Tive a minha cruz, subi o meu calvário, passei pela transfiguração, andei no Monte das Oliveiras e recebi beijos de Judas."
Dávamos uma pista importante: essa figura era precisamente quem o Leitor estava a imaginar.
Em todo o caso, prometemos a solução para depois, e aqui vai ela.
Muita gente se lembra: quem proferiu aquela frase bíblica foi Virgílio Pereira.
Em 1983.
No Casino.
Num jantar em que o homenagearam depois da sua saída da Câmara do Funchal.
Como se vê, e atendendo à situação actual... tem tudo a ver.
E nem de propósito Prof. Virgílio apareceu na edição do antigo JM, esta terça-feira, para se definir em matéria de corrida interna no PPD - fê-lo mais uma vez e deverá fazê-lo mais umas poucas de vezes até 2 de Novembro, não porque tenha de dar satisfações a quem quer que seja, como salientou, mas porque o jornal de campanha, ex-JM, precisa de ser preenchido dentro da linha que por ora domina o partido maioritário.
A definição apontou, como apontara já antes, para chefe Jardim. O Professor diz que foram muitos anos juntos e que para esse lado vai o seu voto.
Com uma outra razão de peso: Bruno Pereira, filho do nosso amigo Profe, integra a lista do compadre do mesmíssimo Virgílio, logo não poderia haver um proceder diferente.
Bom, há quem defenda que a política não deveria reger-se por compadrio, familiarismo e amiguismo, mas pela opção programática de cada cabeça.
Pela forma de actuar do Prof. Virgílio, quase bendizemos o dia em que o nosso Bruno Pereira optou pela social democracia e não por alguma corrente nazi ou estalinista. Virgílio Pereira, democrata de raiz, a ter de apoiar um filho que por artes do diacho resvalasse para um extremo!...
Ainda bem que os outros filhos do nosso Amigo também não caíram na tentação de se meter por caminhos ínvios e partidariamente devassos. Imagine-se que um dos rapazes aparecia na lista de Albuquerque, portanto contra Bruno. Grande dilema que seria para um pai que tem por norma dar apoio aos filhos!
Assim é que está bem: depois de tanto carregar a sua cruz, receber beijos de Judas e passar não por uma, mas por várias provas de transfiguração, o veterano e conceituado político madeirense pode enfim repousar um pouco e apoiar, sem dar satisfações a ninguém ou azo a disputas, o seu velho compadre Jardim mais o seu filho Bruno.
Esperemos é que o Diabo não venha tecer das suas no dia 2 e pôr fim precocemente a carreiras que mal despontam para o sucesso político-partidário.
Bom, também esperávamos que o referido artigo de campanha escrito pelo Profe mostrasse o que o autor pensa da predisposição do seu compadre para, ganhando as eleições internas, mandar rasgar as fichas dos militantes que estão hoje na outra frente, a de Albuquerque.
Apostamos que o Professor não apoia tal medida sectária, despótica e assente numa unicidade tão fanática e doentia que nem no tempo dos coronéis latino-americanos.
Quem sabe se num artigo próximo Virgílio Amigo não atacará esse ponto! Nunca o conhecemos como homem de medos.
1 comentário:
Na sua última entrevista ao DN, procurando transmitir uma imagem muito para além da fronteira partidária,admitiu que dentro do partido as relações entre cidadãos livres se pautavam por regras idênticas às do partido comunista. Assim tentava explicar alguns processos persecutórios que nestes trinta anos por ali ocorreram. É coerente, por isso, o apoio a AJJ.
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