'FÉNIX DO ATLÂNTICO' sugere a leitura da moção de censura ao governo regional da autoria do PS-Madeira, a debater em breve. Uma peça que merece a reflexão do eleitorado insular.
Moção de Censura ao
Governo Regional da Madeira
(Fevereiro de 2013)
O líder do PS anunciou a moção e o processo avançou com celeridade. |
A - Os Factos:
1. O PS-Madeira denunciou, publicamente,
por várias vezes e em vários locais (incluindo a Assembleia Legislativa da
Região Autónoma da Madeira), que a dívida da Região era bastante superior aos
valores apresentados pelo Governo Regional.
2. O PS-Madeira avisou que o
endividamento excessivo com origem em opções insustentáveis podia conduzir a
Região para uma calamidade económica e social. Fê-lo avaliando a evolução de
indicadores e demonstrando que a fragilidade e dependência financeira da Região
exigia ponderação, bom senso, e cuidada análise custo-benefício.
3. O PS-Madeira alertou para o investimento
público desenfriado em infra-estruturas rodoviárias e equipamentos colectivos,
sobretudo numa época em que já era consensual que o prioritário da
infraestruturação da RAM estaria concluído. Foi ainda referida, por várias
vezes, a importância de introduzir mecanismos claros e consistentes de decisão
de novos projectos, designadamente com estudos profundos de custo-benefício,
evitando a construção de “elefantes brancos” que não gerariam receitas para o
pagamento da dívida ou mesmo para a sua própria manutenção.
4. O PS-Madeira demonstrou que,
contrariamente aos estudos apresentados e votados na ALRAM, nomeadamente o
PDES-Plano de Desenvolvimento Económico e Social, o Governo Regional mantém o
padrão de investimento público assente no betão, que consome quase 60% da
totalidade do investimento, impedindo a diversificação da economia e promovendo
a expulsão do investimento privado.
5. Durante a análise dos Orçamentos Regionais,
sobretudo depois de 2007, o PS-Madeira alertou veementemente para os artifícios
orçamentais utilizados para ludibriar a ALRAM, apresentando receitas quase
sempre impossíveis de alcançar e despesas sempre certas, promovendo sempre
valores significativos de Encargos Assumidos e Não Pagos que estiveram na
origem da dívida oculta.
6. O PS-Madeira alertou o Tribunal de
Contas para eventuais esquemas de profunda irregularidade relativamente ao
processo da ViaMadeira que estariam em desconformidade com as exigências da
lei. Pouco tempo depois as despesas da ViaMadeira acabaram por entrar para o
défice da RAM e, de seguida, o Tribunal de Contas acabou por nos dar razão,
acusando o Governo Regional de várias irregularidades já denunciadas pelo PS-Madeira
mais de 1 ano antes;
7. O PS-Madeira sinalizou, por várias
vezes, as violações grosseiras à Lei de Enquadramento Orçamental e apelou aos
vários Órgãos de Soberania, noutras tantas ocasiões, que manifestassem a
adequada preocupação com a leviandade orçamental com que o Governo Regional
tratava os recursos públicos da RAM;
8. O PS-Madeira demonstrou que a RAM,
desde o ano 2000, promoveu um conjunto alargado de esquemas e engenharias
financeiras que permitiram fugir ao escrutínio público dos níveis de
endividamento, designadamente as Sociedades de Desenvolvimento, as PPP’s
rodoviárias e outros mecanismos mais ou menos sofisticados, como a
titularização de créditos ou a PATRIRAM. Qualquer um destes esquemas foi alvo
de várias comissões de inquérito concretizadas pela PS-Madeira na ALRAM, que
foram sendo sempre reprovadas pela maioria;
9. O PS-Madeira referiu, por várias
vezes, entre 2008 e 2011, que o Sector Público Empresarial da RAM e as empresas
veículo de endividamento criadas, eram o rastilho das contas públicas da
Madeira;
. . Perante tantos e tão graves atropelos,
muitos deles apresentados no quadro dos relatórios do Tribunal de Contas, o
PS-Madeira solicitou, em Março de 2009, uma reunião com o Presidente daquela
instituição, Dr. Guilherme D’Oliveira Martins, onde foram expostas as
preocupações do PS-Madeira com a condução financeira da RAM, com o processo
orçamental e com as manifestas faltas de informação à ALRAM, que permitem
ocultar matérias essenciais de avaliação política. Na reunião, foi manifestado
pelo Grupo Parlamentar do PS-Madeira preocupações com o seguinte:
a. As Sociedades de Desenvolvimento e o
seu financiamento e impacto nas contas;
b. As operações da Via Litoral e Via
Expresso e seu impacto nas finanças regionais;
c. A situação do endividamento da RAM,
designadamente na dívida directa, dívida indirecta, dívida do sector público
empresarial, titularização de créditos, encargos assumidos e não pagos e outros
passivos financeiros;
d. O cumprimento do procedimento dos
défices excessivos (confirmou-se em 2011 que as nossas preocupações eram
reais!);
e. Análise do défice da RAM.
11. Não conhecemos as consequências deste
esforço desenvolvido junto da Presidência do Tribunal de Contas, mas voltamos a
insistir, desta feita através da Secção Regional do Tribunal de Contas na
RAM. Através de informações escritas ou
reuniões, alertamos para os erros e as omissões graves que estavam a ser
cometidas no quadro da gestão dos recursos financeiros da RAM, solicitando o necessário
aprofundamento da fiscalização;
12. O PS-Madeira divulgou alguns dados que
demonstram que a totalidade das responsabilidades financeiras da RAM são muito
superiores aos números apresentados pelo Governo Regional. Entre várias
parcelas apresentadas foi denunciado especificamente o problema dos avales às
empresas públicas falidas, que corresponderiam a um efectivo compromisso
financeiro da RAM, conforme se veio a confirmar;
13. O PS-Madeira apresentou uma Comissão
de Inquérito para avaliação da totalidade das responsabilidades financeiras da
RAM em 2010, isto depois de alguns anos a tentar clarificar a verdadeira
dimensão do problema, sempre ocultado pelo Governo Regional. O PSD-M votou
contra o referido inquérito parlamentar e o PS-Madeira solicitou aos restantes
partidos que assegurassem uma comissão potestativa conjunta, o que se veio a
concretizar;
14. Entretanto, o PS-Madeira denunciou que
a dívida da Região estava próximo dos 6 500 ME, excluindo as responsabilidades
com as PPP’s rodoviárias. Este cálculo foi apresentado com a discriminação de
várias parcelas;
15. O PS-Madeira, na Comissão de
Inquérito, apresentou a solicitação de dezenas de documentos e sugeriu o
inquérito a mais de 60 personalidades ligadas à banca, ao Sector Público
Empresarial e ao Governo Regional, assim como a concretização de vários estudos
para avaliar a dimensão do problema da dívida. Foi tudo chumbado, ficando a
Comissão Parlamentar de Inquérito reduzida à intervenção do Secretário Regional
do Plano e Finanças Dr. Ventura Garcês,
que repetiu o mesmo de sempre;
16. O PS-Madeira denunciou esta grosseira
manipulação ao Representante da República e ao Presidente da República mas não
teve qualquer consequência;
17. Em Maio de 2011, o PSD-M apresentou o
relatório final da referida Comissão de Inquérito (que teve apenas reuniões com
o ainda Secretário Regional do Plano e Finanças!) cuja conclusão foi que a
dívida da RAM ascendia a 2000 ME;
18.
O PS-Madeira voltou a alertar os
órgãos que têm o dever de vigiar o funcionamento das instituições democráticas,
alertando para a mentira que correspondeu o relatório aprovado na ALRAM, apenas
pelo PSD-M;
19. O PS-Madeira votou contra este
relatório e insurgiu-se contra mais esta mentira do PSD-M, sublinhando que o
endividamento da Região está muito distante dos valores apresentados e repetiu
que a dívida estava próxima de 6 500 milhões de euros;
20. Entretanto o Tribunal de Contas
publica um relatório onde denuncia um aumento dos Encargos Assumidos e Não
Pagos que estavam ocultos aquando o relatório da conta da Região de 2010;
21. Perante este facto, o PS-Madeira
apresentou uma Comissão de Inquérito na ALRAM, sobre este assunto, e levou, por
várias vezes, o assunto à ALRAM tendo sido negado pelo Vice-presidente do Grupo
Parlamentar do PSD-M a existência de qualquer ocultação de divida, contrariando
o próprio relatório;
22. O Banco de Portugal e o INE anunciam
um aumento do défice público português, em pleno resgate do país, decorrente do
aumento do défice da RAM com a introdução no perímetro da administração pública
das contas da ViaMadeira e do SESARAM, ambas falidas, e que conduziram ao
inicio do pesadelo da confirmação das ocultações sistemáticas do Governo
Regional;
23. Pouco tempo depois, Julho de 2011, o
Banco de Portugal e o INE anunciam que a RAM ocultou 1 100 milhões de euros das
entidades oficiais do país e da Europa, mais de 20% do PIB, quase 1 900
facturas;
24. Em Setembro de 2011, apenas 4 meses
depois da apresentação do relatório da Comissão de Inquérito sobre a avaliação
da dívida, a Inspecção-Geral de Finanças procedeu à avaliação da dívida da RAM
e concluiu que a dívida da RAM é de 6 300 milhões de euros, um valor muito
próximo das denúncias do PS-Madeira e que contraria profundamente as afirmações
do Governo Regional e dos deputados do PSD-M, na Comissão de Inquérito pedida
pelo PS-Madeira;
25. Ao mesmo tempo o “rating” da RAM que
já vinha em queda depois da descoberta da dívida oculta, caiu para níveis de
lixo, os bancos suspenderam todo o crédito à RAM e a falta de credibilidade da
governação passou a influenciar todo o ambiente económico da RAM;
26. Em Agosto, o Governo Regional escreveu
ao Governo da República a solicitar o resgate da Região;
27. Durante a campanha de Outubro de 2011,
o PS-Madeira anunciou que a Região estava falida e que era fundamental uma
mudança e uma ruptura com as políticas do passado. O PS-Madeira alertou que a
RAM precisava de um novo projecto baseado no rigor, no sentido de
responsabilidade. O projecto do PS-Madeira denunciava que nem toda a dívida
seria legítima e que se tornava indispensável avaliar até onde deverá ser
assumida uma dívida que não passou no escrutínio da ALRAM;
28. Já o PSD-M fez uma campanha baseada na
continuidade de um projecto assente em recursos públicos que não existiam e na
ostensiva confirmação das prevaricações. Alberto João Jardim confirmou, várias
vezes em público, que escondeu deliberadamente as facturas porque se assim não
tivesse feito, nunca teria concretizado a despesa;
29. Em Setembro de 2011, o então Procurador-geral
da República, Fernando Pinto Monteiro, anunciou a abertura de um
inquérito-crime para investigar o caso da ocultação de dívidas públicas na
Região, que denominou de “Cuba Libre”. Esta decisão surgiu depois de o
Instituto Nacional de Estatística e de o Banco de Portugal terem divulgado um
comunicado a dar conta de encargos financeiros assumidos pela Região, que não
foram nem pagos nem reportados. Para estas duas autoridades nacionais, em causa
está uma alegada prática "grave", visto que esta "omissão"
obrigaria à revisão dos défices de 2008 a 2010, para incluir no défice
orçamental português 1.113,3 milhões de euros, só nestes três anos, a maior
parte (915,3 milhões de euros), a incluir em 2010;
30. Ainda no decorrer deste processo, em Abril
de 2012, o DCIAP efectuou uma série de diligências complementares de busca e
apreensão de "documentos físicos e respectivos registos informáticos"
na Região, que envolveu um contingente de 25 militares da Guarda Nacional
Republicana e magistrados. Na altura, o edifício da ex-Secretaria Regional do
Equipamento Social, no Funchal, onde funcionam diversos serviços tutelados pelo
Governo Regional, foi interditado durante algumas horas e foram também
inquiridos diversos responsáveis;
31. O PSD-M ganhou as eleições e negociou
sozinho, sem a participação da sociedade civil ou dos partidos da oposição, um
Plano de Ajustamento Económico e Financeiro – PAEF-RAM. O PSD-M entregou a
autonomia a Lisboa e ofereceu os sacrifícios dos madeirenses para se manter no
poder;
32. Em Maio de 2012, o Tribunal de Contas
aponta cinco elementos do Governo Regional como responsáveis pelas contas"
e pela dívida oculta da Região. O acórdão declara que aqueles responsáveis,
nomeadamente, o actual Secretário Regional do Plano e Finanças, o ex-titular da
pasta do Equipamento Social, Santos Costa, o seu chefe de gabinete, a Directora
do Gabinete de Gestão e Controlo Orçamental e o Director Regional de Orçamento
de Contabilidade, praticaram um "acto consciente" que resultou na
"dívida ocultada" da Região Autónoma da Madeira;
33. O PS-Madeira esteve sempre contra o formato
deste PAEF-RAM do PSD-M e avisou que o pior que poderia acontecer à RAM era o
Governo Regional cumprir o PAEF-RAM tal como Jardim o apresentou;
34. O PS-Madeira previu o aumento do
desemprego, das falências, dos níveis de pobreza e assegurou que se iria
provocar um desmantelamento profundo do sistema de Educação e de Saúde.
Infelizmente tínhamos razão;
35. O PS-Madeira apresentou um programa
alternativo para recuperar a Região, incluindo medidas consistentes para o
crescimento económico e apoio social;
36. O PS-Madeira desafiou o PSD-M a
discutir os termos das ideias e propostas apresentadas pelo PS-Madeira com os
madeirenses e porto-santenses e apresentá-las em Lisboa;
37. Infelizmente, Alberto João Jardim, mais uma
vez, preferiu fazer tudo sozinho, aplicar uma austeridade três vezes superior
àquela que estava em curso no Continente (14% do PIB) e assumir uma redução do
défice de 21% para 3% em apenas um ano, impondo um terrível e absurdo choque
fiscal e reduzindo 90% do investimento público, além da redução drástica dos
rendimentos dos madeirenses e porto-santenses;
38. Passado um ano de implementação do
PAEF-RAM, por causa da dimensão da dívida, da sua aplicação e da dívida oculta,
os resultados na RAM são catastróficos: a maior taxa de desemprego do país; o
maior risco empresarial do país; a maior proporção de falências do país; a
maior taxa de pobreza, a maior queda do rendimento disponível; a maior redução
do investimento dos últimos 30 anos. Além da redução drástica da qualidade e
eficácia do sistema regional de Saúde e de Educação;
39. Entretanto pelo meio desta total
ausência de credibilidade e perante suspeitas de vária ordem, a Comissão
Europeia solicita a responsabilização do Governo Regional pela ocultação de dívida;
40. Na mesma linha, o Governo da República
coloca a Direcção Regional de Estatística sob suspeita e exige no âmbito do
PAEF-RAM a sua reabilitação;
41. Por outro lado, o Governo da República
introduz um conjunto alargado de mecanismos de fiscalização e controle ao
Governo Regional demonstrando a desconfiança com que encara a governação
jardinista;
42. Além disso, o Governo da República
retira a autonomia das finanças em matérias tão simples e rotineiras como o
pagamento de cheques e exige uma reconfirmação da totalidade da dívida
administrativa por desconfiar dos valores apresentados pelo Governo Regional.
Processo que ainda não está concluído e que está a estrangular grande parte das
empresas com pagamentos a receber da RAM, facilitando o aumento do desemprego e
do descalabro no ambiente económico;
43. Em Fevereiro de 2013, surgem noticias
que o Ministério Público acusará todo o Governo Regional por crimes de prevaricação, decorrentes do
processo “Cuba Libre”;
B - As Razões da Moção
A dívida oculta foi o corolário de uma governação
irresponsável e insensata que conduziu a RAM para um resgate financeiro e
consequente aplicação do PAEF-RAM.
Os últimos 12 anos de governação jardinista, depois do
pagamento da dívida pelo Governo da República chefiado pelo Primeiro-ministro
António Guterres, foram marcados pela sistemática injecção de recursos
financeiros na economia regional bastante superiores às receitas próprias
geradas na RAM, sejam elas receitas fiscais, transferências da República, ou da
União Europeia.
Na prática, o governo do PSD-M, desde o ano 2000, recorreu ao
crédito para manter níveis de crescimento económico artificiais, acima da média
nacional. O governo de Jardim assegurou a injecção de 600 milhões de euros por
ano na economia regional através dos mais variados expedientes e engenharias
financeiras, que contornaram os limites ao endividamento impostos pela
República.
Foi neste contexto que o governo de jardim foi alimentando
uma economia que se revelava desequilibrada, pela excessiva dependência do
investimento público, cujo impacto foi relevante no curto prazo, mas que se
mostrou insustentado no médio e longo prazo, pela fragilidade do padrão de
investimento, baseado essencialmente nas obras públicas, tendo-se batido
recordes de consumo de cimento como nunca antes visto. Foi uma economia centrada
no betão e no cimento.
O PS-Madeira não se surpreendeu com a dimensão da dívida da
RAM, só verdadeiramente descoberta (formalmente) em Setembro de 2011 com o
pedido de socorro efectuado por Alberto João Jardim à República, isto quando já
eram evidentes os sinais de falência do modelo implementado. Foi precisamente
depois do Governo Regional falir a Madeira e o Porto Santo que a Inspecção-Geral
de Finanças diagnosticou uma dívida superior a 6000 ME, um montante há muito
denunciado pelo PS-Madeira, mas sempre negado pelo Governo Regional, conforme
relatado nos pontos anteriores.
Mas, como se isso não bastasse, fomos surpreendidos pela
existência de mais 1000 ME em facturas não contabilizadas, confessamente
ocultadas das autoridades, regionais, nacionais e europeias, o que
consubstancia o cúmulo da prevaricação governativa a que o PSD-M chegou.
Nas últimas eleições regionais, o PS-Madeira alertou que
havia uma parte significativa da dívida que era ilegítima e que não seria justo
os madeirenses assumirem a totalidade dos custos dessa dívida sem a devida
responsabilização do governo que a escondeu.
Sendo assim, parece claro e irrefutável que o PS-M teve um
papel fiscalizador e de denúncia dos vários aspectos da dívida regional e das
suas graves consequências para a Madeira e Porto Santo, como presentemente se
constata, designadamente pela falência do modelo económico, pelas crescentes
taxas de desemprego, nunca antes observadas no período da autonomia, assim como
o desmantelamento dos sistemas educativo e de saúde pública, bem como o do
apoio social.
Foi o PS-Madeira quem liderou, sempre, a denúncia da dimensão
da divida oculta e das suas graves consequências. Sempre alertamos, como
resulta dos factos anteriormente descritos, para os enormes riscos decorrentes
de opções financeiras tresloucadas e para os excessos de endividamento com
finalidades duvidosas e insustentáveis a prazo.
Assim, as notícias da acusação pelo Ministério Público ao
governo de Jardim revelam três coisas: que o PS-Madeira sempre esteve do lado
da verdade e que, apesar de ter perdido as eleições, não perdeu a razão; que a
democracia falhou redondamente na RAM porque o governo que nos governa ainda é
o mesmo que prevaricou e prevarica contra os interesses da Madeira e do Porto
Santo, contra os interesses dos madeirenses e porto-santenses; e não menos
importante, que o Governo Regional, depois
ficar com o rótulo de um governo sem credibilidade, passa agora a um governo de
suspeitos.
Ora, não há condições efectivas para que um governo sob suspeita
pode ser o protagonista das soluções necessariamente arrojadas e complexas que
a Madeira e o Porto Santo tanto necessitam. Um governo sem credibilidade e sob
suspeita é o “pior dos males” que poderíamos ter de confrontar. O PS-Madeira
considera não haver nenhumas condições políticas para a sua manutenção,
independentemente dos resultados do inquérito “Cuba Libre”.
Posto isto, o caminho é estreito: este governo devia ser
demitido (através da dissolução da ALRAM, sendo esta responsabilidade do Senhor
Presidente da República) e os madeirenses e porto-santenses deviam-se preparar
para um acto eleitoral que permitisse escolher um governo que devolva a
esperança e que apresente um projecto de mudança para o futuro da nossa Região.
Sejamos claros, não há espaço para governos de salvação
regional com a presença do PSD-M. Isso significaria, em gíria popular, o mesmo
que colocar a “raposa a tomar conta das galinhas”. Não há um PSD-M bom e um
PSD-M mau. Estamos confrontados com um grupo de dirigentes políticos que
destruiu a RAM, sob o falso pretexto de a estar a defender, e que desmantelou
as bases do desenvolvimento da nossa Região, não sendo, por isso, de confiança.
Estamos certos que a maioria dos militantes sociais-democratas concorda
connosco. Este partido deve e tem que fazer uma longa cura de oposição.
Portanto, o PS-Madeira
considera do mais elementar bom senso repor a normalidade democrática e, para
isso, nada mais óbvio do que apresentar uma moção de censura que permita uma
crítica consequente e construtiva ao governo do PSD-M e uma clarificação do actual
espectro político, rompendo com esta prevaricação sistemática que agravou
irremediavelmente as condições de vida de todo o povo madeirense e
porto-santense.
A Madeira e o Porto Santo não podem estar dependentes de um governo
de potenciais arguidos, cuja credibilidade está irremediavelmente afectada
deixando, assim, de poder representar um povo trabalhador e honrado como o
nosso que não merece ser confundido com quem nos governa.
Estamos certos que nem todos os deputados do PSD-M querem ser
cúmplices deste processo de prevaricação que destorce a realidade e subverte a
democracia.
Estamos convencidos que a censura, objectiva e consequente,
ao Governo Regional, permitirá repor a regularidade no funcionamento das
instituições regionais.
A saída compulsiva
deste governo, na sequência de uma severa censura, corresponderá a um castigo
merecido e legitimamente exigido pelos madeirenses e porto-santenses.
6 comentários:
A Madeira devia fazer o mesmo que a Grecia que conseguiu um perdão parcial da divida ...
Caro Luís Calisto
Isto toda a gente sabe.
O que falta denunciar é a razão pela qual o GR optou pela obcessão do cimento. Falta aqui denunciar onde é que estão as ligações perigosas; explicar como é que, na verdade, se financiam os partidos no poder.
Mas tal investigação é capaz de atingir muito boa gente...
Se não há coragem para ir ao cerne da questão, o melhor é ficar calado. Porque o povo, não superior, não é parvo.
Pois é, caro Coronel, o povo abaixo de cão e pata rapada, ou superior nos prazos eleitorais, até padece de esperteza a mais. Que se aguente, com ou sem investigações.
Pois, pois, e meus amigos acham que haverá coragem para reformar os partidos? Fica-se com a sensação de que se babam quando olham os milhões das campanhas americanas. Aquilo sim, é que é! Nestas bandas, pode não haver semilha de semente para plantar e matar a fome aos "cachorros", mas havendo jackpot está salva a campanha
Realmente ou se vai ao cerne da questão e se destapa a careca a todos os culpados sem excepção, ou estamos na presença de imensa hipocrisia e má fé!
o chinês fez plástica?
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