TUDO ANESTESIADO
A última página do JM de hoje é uma injecção, tirando a caixinha onde dizem que Jaime Ramos suspendeu as funções de secretário-geral do PSD que impliquem com as eleições internas. Jaime enviou missiva ao chefe do partido dando conta dessa sua disposição e obviamente o chefe acha que o seu amparo de 40 anos continua "na brincadeira". A propósito, o JM dizia que não falava das eleições no PSD, mas não previa o aparecimento deste candidato.
Até aqui, normal. O resto da página dá sono. Raio de edição para um fim-de-semana, senhores comissários!
Chefe esteve ontem a desbobinar sabedoria a respeito de liderança. O tema não tem nada de estranho para ele. Mas a teimosa maneira de se impor no centro de tudo o que mexe e acontece tornou-se numa sonolenta rotina. Percebendo-se, em observação mais aturada, que ele falou de modo a não ensinar abertamente como é que se consegue ser um líder de pedra e cal, não fosse a lição chegar aos ouvidos dos Delfins em luta pela sua sucessão.
Uma maçada, insistimos.
Por exemplo: a respeito da organização que existe normalmente para apoiar o líder, o homem preconiza que essa organização deve estar "muito bem feita", que "todos devem ser competentes dentro da organização" e que "todos na organização devem actuar com profissionalismo". Ora, apostaríamos que isso tudo quer dizer a mesma coisa.
Veja-se agora esta particularidade que o mestre invocou: se a liderança for prolongada, o líder tem de ter carisma. E o carisma pressupõe duas coisas: capacidade de audácia e capacidade de sugestão.
Vêem as altas qualidade de um "líder prolongado"? Estão a brincar com quem?
Quanto ao resto, um tédio de ressonar.
Quem o convidou para dar a lição de liderança sabia o que estava a fazer. Foi a Tertúlia de Anestesiologia. Mas se queriam pôr o auditório a dormir, pedissem uns miligramas de anestesia ao Miguel Ferreira. Ele deve ter alguns pozinhos escondidos nas catacumbas do novo Hospital Central.
Outra injecção na última do JM: não para consulta, mas Jardim foi visitado ontem pelo bastonário dos Psicólogos Portugueses, Telmo Baptista. Este cavalheiro entrou lá com certas ideias fixas, sob influência da maçonaria. Que os psicólogos da Madeira eram uns analfabetos. Que a saúde mental por cá precisava de tratamento. Mas velho Jardim puxou de uns conhecimentos adquiridos no COM em Mafra e lavou a cabecinha do bastonário dos Psicólogos de tal modo que o homem saiu das Angústias a fazer um discurso idêntico a todos quantos lá vão: o funcionamento da Psicologia na Madeira é um exemplo para o Mundo!
Novidade! Não fora o alto coturno dos nossos psicólogos, como é que teríamos aguentado estes 40 anos sem dar entrada lá em cima no 300?
Registe-se, no entanto, que se Telmo foi lá cima com ideias de passar uma receita de comprimidos a Jardim, veio de lá tosquiado.
Terceira injecção, o habitual artigalho de Meio Chefe na última página, aquele em caixa e com trama e tudo. Ao homem deu-lhe para discorrer sobre o impertinente mote da energia enquanto base do futuro da Europa. É capaz de haver consistência na teoria. Mas não sabemos o resto. Ao segundo parágrafo, estávamos anestesiado.
3 comentários:
Caro Luís Calisto
Li a peça.
Jardim ainda não percebeu que entre um líder e um mandão há uma enormíssima diferença.
Caro Coronel Fernando Vouga
Julgo ser um pouco tarde para ele aprender línguas.
Pois é Fernando. Mandão grita e não arrisca fora do abrigo, líder prepara as coisas, não improvisa, e acompanha, fisicamente, nas horas difíceis a sua gente. Resumindo: não foge
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