GOVERNO DA 'RENOVAÇÃO' INCENTIVA
PROJECTOS PARA MATERIAL DE GUERRA
Há mais incentivos para criar uma empresa de metralhadoras e carros de combate do que para um projecto de turismo cultural, diz um agente da praça, perplexo com a portaria
Fabrico de armas e munições e ainda de veículos militares de combate é uma vertente contemplada pelo novo Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo da Região. A portaria com a regulamentação específica do sistema, designada por 'Empreender 2020', foi publicada anteontem, 12 de Maio, no Jornal Oficial da Região.
Nomeadamente, são atribuídos incentivos - uma majoração de 10% - às empresas interessadas em 'empreender' no campo do fabrico de metralhadoras, granadas, tanques de guerra e 'brinquedos' afins.
A inclusão do fabrico de armas de guerra nos incentivos ao empreendedorismo surpreendeu alguns meios regionais, dadas as 'tendências pacifistas' do executivo de Miguel Albuquerque.
"Se um jovem quiser criar uma empresa de Turismo Cultural, leva um apoio normal, mas se decidir transformar uma forquilha madeirense numa arma letal para combate, já recebe mais 10% em apoios", comenta um atónito agente cultural madeirense, a quem o assombro deu para ironizar.
A Portaria n.º 85/2015, da responsabilidade da Secretaria da Economia, Turismo e Cultura, enquadra o 'Empreender 2020' no Eixo Prioritário 3 - reforçar a competitividade das empresas. Inserindo-se na Prioridade de Investimento 3.ª - "promoção do espírito empresarial, facilitando nomeadamente o apoio à exploração económica de novas ideias e incentivando a criação de novas (sic) empresas, inclusive através de viveiros de empresas" - do Programa Operacional da RAM 2014-2020. Com financiamento do Feder.
"Este sistema de incentivos", lê-se na portaria, "tem por alvo directo as PME e como objectivo apoiar a dinamização do investimento privado e a criação de emprego materializados em projectos de inovação-produto."
As áreas contempladas pelos incentivos são apresentadas em detalhe pela Secretaria de Eduardo Jesus. Nos sectores de alta e média-alta tecnologia, por exemplo, disponibilizam-se incentivos para projectos de fabricação de produtos farmacêuticos, equipamentos informáticos e para comunicações e produtos electrónicos e ópticos; projectos de fabricação de aeronaves, veículos espaciais; fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos automóveis; fabricação de material circulante para caminhos-de-ferro.
Os alvos deste empreendedorismo não surpreendem. Já nos anos 70 e 80, a Madequipre produzia, na Fernão de Ornelas, peças para utilização em naves espaciais.
O que nos traz aqui é uma questão de estilo: o renovador e civilista governo de Albuquerque a incentivar potenciais senhores da guerra!
Os madeirenses, como diz o agente cultural com quem falámos, contentam-se com a forquilha.
7 comentários:
Eles que não incentivem a criação de empresas para elaboração de materiais de guerra...eles próprios são material explosivo...heheheh...
Cheira-me que algum deles esteja a pensar criar ou desenvolver um projecto dentro desse requisito. É a única explicação para isso...
Tendo em linha de conta o dinheiro que as armas rendem e os empregos que podem gerar, quero lá saber! Que se matem todos mas deixem o dinheiro cá! Qualquer país dito desenvolvido tem a sua indústria de armamento. Só é pena que ninguém vá investir nisso aqui.
Caro Luís Calisto
Toda a gente sabe que as "indústrias" que mais rendem são as do armamento, prostituição e droga. Se o que interessa é encher os bolsos, vamos a isso!...
E o centro de "negócios" abre as portas.
Há muitos negócios rentáveis para as empresas e para o Estado que dão cabo da Justiça e da Liberdade (mesmo nos países produtores).
Exemplos. Prostituição, drogas, armas (devido à forte componente de corrupção, pois as empresas de armas criam as guerras), paraísos fiscais, ...
Mais ainda, indústrias muito ricas (poderosas) tendem a subverter o Estado para que este actue de acordo com os seus interesses.
Pior, algumas empresas vêm para cá para nos sugar dinheiro: o dinheiro dos apoios estatais é maior que o retorno em impostos e taxas para esse mesmo Estado.
Defendo que os madeirenses devem criar a sua própria riqueza, tendo por base o mercado regional.
Não conheço excepção de uma indústria que tenha vingado sem começar pelo seu próprio mercado.
Mais ainda a tendência de investimento é a "glocalizaçao": implantar a indústria no local mais benéfico para o seu lucro (exemplo. custo do trabalho baixo, isenções fiscais, perto das matérias primas, perto dos consumidores, num ponto de intercepção entre as matérias primas e os consumidores, etc...). sendo assim, a Madeira não tem hipóteses de competir na indústria.
A Madeira tem Mar, ainda tem beleza , ainda tem um clima ameno, pelo que as indústrias adequadas são: Turismo e a produção de peixe.
A GESBA deve estar a preparar um novo produto: a banana bomba!
Ihihih... A dividir por três secretário da agricultura, chefe de gabinete e dupla....
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