O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda entregou um requerimento na 1.ª comissão da ALM para que o secretário regional com a tutela da comunicação social, Sérgio Marques, seja chamado a responder no Parlamento a questões sobre o futuro do JM.
Mostramos o texto do requerimento:
Exmo. Senhor:
Presidente da 1ª Comissão Especializada de Política
Geral, Juventude e Comunicação Social da Assembleia Legislativa da
Região Autónoma da Madeira
ASSUNTO: Pedido realização de Audição Parlamentar com a presença do Senhor
Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, com a tutela da
comunicação social, sobre o futuro da Empresa Jornal da Madeira
1.
A
Empresa Jornal da Madeira (EJM), detentora do Jornal da Madeira (JM) e da Rádio
Jornal da Madeira (RJM), é uma empresa de capitais, esmagadoramente, públicos,
não obstante ser a Diocese do Funchal a detentora do título do JM.
2. Ao
longo da vigência dos sucessivos governos regionais do PSD, o JM transformou-se
numa caricatura do que deve ser um título da imprensa escrita de serviço
público, passando a ser um Jornal ao serviço do Governo Regional e do partido
que, ainda, o suporta, não 1.
obstante,
custar ao erário público entre 3 e 4 milhões de euros ao ano, pago, portanto,
por todos os madeirenses e porto-santenses.
3.
A
orientação editorial imprimida pelas administrações nomeadas pelo Governo
Regional na EJM, sempre fizeram “tábua rasa” da liberdade de imprensa, do
pluralismo e das obrigações de serviço público que se exigiam a um Jornal e a
uma Rádio pagos com o dinheiro de todos os contribuintes.
4.
Por
outro lado, a fixação de um preço de capa de 0,10€ e a sua distribuição
gratuita, configuram, ainda hoje, uma prática inaceitável de “dumping
comercial” (prática de colocar no mercado produtos abaixo do custo, com o
intuito de, entre outras coisas, eliminar a concorrência e aumentar as quotas
de mercado) que tem tido consequências graves noutros títulos da imprensa
escrita regional.
5.
Como
se isso não bastasse, durante anos – e ainda hoje! – a publicidade
institucional era, no essencial, atribuída ao JM, em claro prejuízo de outros
títulos, sem que o Governo Regional do PSD tenha, sequer, aceite cumprir a
legislação existente ou criar legislação que garantisse uma certa equidade na
distribuição dessa publicidade institucional.
6. Não
obstante todas estas ‘cambalhotas e jogadas sujas’, que causaram sérios danos
na restante imprensa regional, a EJM nem conseguiu manter os postos de trabalho
de dezenas de jornalistas e outros trabalhadores que, mesmo com as milionárias
transferência anuais de milhões do orçamento da Região, se viram, de um momento
para o outro, atirados para as malhas do desemprego desesperante, tal como
dezenas de profissionais de outros órgãos de 1.
comunicação
social, vítimas desta política absurda para a área da comunicação social.
7.
Quando
se esperava que a tão propagandeada “renovação”, depois de instalada na
governação da região, cumprisse as suas promessas e desse sinais claros de
querer alterar esta situação, eis que o primeiro Conselho do Governo Regional
anuncia o início do processo de privatização, mantendo tudo na mesma, “até ver”.
8.
Se
é verdade que não se pode fazer alterações radicais ‘do dia para a noite’,
exige-se, no mínimo, a tomada de medidas imediatas que acabem com o ‘dumping
comercial’, que obriguem o JM a ter um preço de capa idêntico ao dos restantes
títulos da imprensa regional e que se acabe com a sua distribuição gratuita.
Exige-se, desde já, uma clarificação imediata sobre a atribuição de publicidade
institucional e sobre a política de apoios públicos à comunicação social
regional no seu todo. Exige-se, desde já, a alteração do Estatuto Editorial do
JM, numa perspectiva de obrigar aquele matutino a praticar o pluralismo, e a
cumprir escrupulosamente as obrigações de serviço público a que, ainda, está
obrigado.
9.
Além
de todas estas clarificações que terão que ser dadas pelo Sr. Secretário
Regional na Audição Parlamentar, que agora se propõe, exige-se que o governo
regional explique que medidas vai tomar para reduzir o montante inaceitável que
o Orçamento da Região transfere para a EJM, o que vai fazer para garantir a manutenção
dos postos de trabalho na EJM, e se a decisão do governo é a melhor opção para
garantir a existência do Jornal da Madeira – livre das amarras políticas e
editoriais que, ainda, o aprisionam –, e assim contribuir para o pluralismo de
informação que deve existir em qualquer Democracia.
Sobre
todas estas questões, e outras que o Senhores Deputados entendam suscitar, a 1ª
Comissão Especializada de Política Geral, Juventude e Comunicação Social deve,
com urgência, ouvir presencialmente o Sr. Secretário Regional dos Assuntos
Parlamentares e Europeus, com a tutela da comunicação social.
Funchal, 11 de Maio de 2015
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda
1 comentário:
melhor o pedro calado do que este
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