O governo está fora e já foi substituído

MEIO CHEFE VOLTOU!

* Com o governo em férias permanentes lá por fora, Jardim é que está a aguentar isto

* Ex-presidente acusa Miguel Albuquerque de governar como se ainda estivesse nas internas do PSD

Uma pessoa olha para a televisão e assusta-se: enlouqueci? A renovação na Madeira foi um pesadelo e afinal continua tudo como naqueles 40 anos?

Quem está a dominar a agenda, televisões incluídas, mesmo as nacionais, é sem dúvida o ex-Meio Chefe. Indiscutivelmente.

São declarações à margem dos eventos para os quais o andam a convidar, como nos velhos tempos, entrevistas a falar da sua suposta candidatura à Presidência da República. 

São discursos à moda antiga nesses acontecimentos, para os quais chegam convites ao Quebra-Costas em catadupa, e com direito a mais declarações paralelas a respeito dos mais variados temas da actualidade. Como sempre vimos.

Foi o brilharete em público no congresso das Misericórdias, com convite para debitar, à parte mas com holofotes ligados, palpites sobre os problemas e as soluções para a TAP, situação que o deixa apreensivo - a ele e não a Miguel Albuquerque, que para regressar de Creta pode, se preciso for, fazê-lo em cruzeiro no 'Emerald Princess' ou no 'Costa Magica', para depois não falar de cor ao suplicar a Passos Coelho as nossas ligações marítimas com o Rectângulo.

É o que tem dado nos últimos dias.

Ainda na manhã de hoje, o antigo Rei da Tabanca foi um dos oradores do seminário sobre 'Autonomia Política Regional', em plena casa-mãe da Democracia, ao lado do presidente do parlamento e mais dignitários. Grande ocasião para discorrer sobre a 'sua' autonomia e para mais uma vez corresponder aos desafios dos jornalistas para umas declarações à margem do acontecimento.

Conclusão: o homem está em todos os jornais e em todos os noticiários de rádio e televisão - incluindo nacionais. Chegando ao ponto de tecer apreciações sobre a perfomance do governo que lhe sucedeu, com espaço para farpear o novo chefe das Angústias acusando-o de estar a funcionar como se ainda estivesse em campanha eleitoral interna no PSD. Ou seja, demarcando-se obsessivamente da governação anterior, mesmo que seja preciso gastar um dinheirão em comissões e relatórios novos que serão iguais a outros feitos no passado e que estão à sua disposição.

A esdrúxula situação tem a ver com a ausência da maioria esmagadora dos actuais governantes, todos eles a dar o litro a favor da Região em destinos turísticos concorrentes da Madeira. Ou talvez não seja isso. Se calhar, os actuais executivos não prestam para o comentário político e os jornalistas, precisando de encher os espaços de jornal ou no audiovisual, fazem o que se impõe: voltam-se para quem sabe dizer duas vezes batatas, interpretar situações políticas e criar cenários.

Seja por uma coisa ou por outra, Miguel Albuquerque e mais dândis do Establishment Azul deviam meter a mão na consciência e reconhecer que precisam de se mexer um pouco. Até porque Jardim anda com a tal candidatura fisgada e, se é para gastar o tempo todo a substituir os novos mandantes nos diários, telejornais e redes sociais, ora adeus Belém, que nem vale a pena tentar concorrer. Já chegam os endinheirados maçónicos que se preparam para lhe 'fazer a folha' caso avance mesmo com a candidatura.

É muito bonito fazer o que Passos Coelho diz e emigrar, como o governo regional fez, mas é melhor ser Jardim a emigrar para Belém do que termos de fazer novas eleições regionais porque os 'nove da vida airada' não aparecem por cá.

Jardim voltou à ribalta. Voltou para ficar? 

Temperança na delicada situação. Que ele faça um ou dois plenários para disfarçar as ausências de que estamos a falar, vá lá. Mas não abusem. 

A sério, senhores do governo: tencionam ficar aí fora de vez? Imaginam a desgraça? Tanta coisa pela Sissi, a Sissi...