Dia de Reflexão

DIZER MAL DO ARCO DO PODER, HOJE

PODE DAR UNS MESES DE PRISÃO

Hoje é dia de reflexão e nada diremos sobre eleições, muito menos alguma coisa que pudesse parecer indicação de voto para amanhã. 

Desde que acusaram o 'Fénix' de retardar a vinda do avião cargueiro, decidimos reprimir o maldito vício de tagarelar à toa. Chega de apanharmos com a água sacudida do capote da fauna instalada nesta Nova Madeira Velha.

Sim, apetecia alertar o povo para o perigo suicida de votar nos troikianos Passos e Portas. Lembrar a vida negra que ambos fizeram aos pensionistas, funcionários e povo em geral, depois das promessas cor-de-rosa de há 4 anos em matéria de impostos. Mas se fôssemos dizer semelhante verdade neste dia de reflexão, certamente amanhã à noite o Albuquerque e o Zé Manel tinham bode expiatório para o ansiado fracasso da direita, apontando o dedo ao 'blogue dos ressabiados' que, infringindo a lei eleitoral, deu palpites em plena reflexão, influenciando os resultados, e tal.

Ora se apetecia dizer que, do mal o menos, António Costa ainda não falhou promessas, porque ainda não governou, e então merecia pelo menos o benefício da dúvida! Sendo obrigatório recordar, também, a calamidade dos antecessores: a fuga de Guterres e o garrote de Sócrates/Teixeira dos Santos. Sem esquecer até que o próprio Costa passou o trapo a Seguro impedindo o homem de disputar umas legislativas.

Calemo-nos, para não termos de apanhar com uma mensagem azeda do nosso Amigo Carlos Pereira.

Dávamos tudo para manifestar hoje talvez o único motivo de satisfação pela aragem fresca trazida no correr da campanha terminada ontem: Catarina Martins e seus incansáveis camaradas do Bloco. Quer-nos parecer que pela primeira vez o País percebeu que a extrema-esquerda - linguagem académica - tem sido uma arma importante perdulária e injustamente rejeitada num Portugal onde uma dúzia de tubarões comem tudo e não deixam nada. Com a conivência do eleitorado. 

Pela mobilização e sobretudo pelas ideias que a líder do BE apresentou nestes dias sem hesitações ou artifícios, diríamos que o povo pode dar amanhã uma lição engraçada ao bolorento regime que aturamos há que tempos. Mas não o podemos dizer hoje, por impedimento legal.

Dirão que podíamos ter falado nestes assuntos até ontem, dentro da lei. É verdade. Mas, com o ruído da campanha, alguém ouviria estas teorias? 

Porque em dia de reflexão sobre umas eleições livres proíbem a livre expressão de pensamento, também não podemos tocar sequer ao de leve no jeitão que daria um deputado como Zé Manel Coelho para abrir as janelas e deixar entrar ar e luz natural naquele putrefacto hemiciclo de São Bento, onde as ratazanas montaram casa e nem por ordem de Assunção Esteves abandonam o quentinho dos esgotos forrados a veludo. Ora se dava jeito arrancar as ligaduras às múmias em que se tornam os deputados da nobreza e da burguesia um dia depois de eleitos!

A lei nem nos deixa, no dia de hoje, formular uma simples equação de política algébrica a várias incógnitas. Onde se perguntasse aos aprendizes de feiticeiro onde acham que votarão os 'populares' da direita madeirense que não encaixaram a exclusão de Rui Barreto da lista e que se desiludiram com um governo nacional que integra algumas piranhas do PP. Ora, cá no burgo, um popular, em alternativa, não vota PSD nem PS, muito menos à esquerda.

Em quem votarão os social-democratas que tão depressa se desiludiram com o Stablishment Azul e que, depois de duplamente explorados pelos carniceiros do governo central, ouvem o seu líder regional não só apelar ao voto naquela gente como avisar que é um dever agradecer os cortes e a asfixia do Paef que impingiram à Madeira? Ora, um votante PSD, se quiser protestar nestas eleições, não vota PP, muito menos PS e muito menos ainda à esquerda.

E que farão as facções socialistas descontentes, sempre activas nestes momentos eleitorais, empenhadas em garantir os auto-golos suficientes para acentuar a derrota em casa? Essas não votam PSD nem PP. Também não alinham pela CDU nem pelo Bloco, porque súcias capazes de coabitar com esquerdistas há muito poucos.

Assim sendo, alguém já reparou que os votos descontentes dos maiores partidos levarão inevitavelmente a Região a perder mais um historiador? E se for um historiador que apareça de camisola verde, nem se fala: rua daqui, São Bento com ele!

Entendemos que as variáveis e as incógnitas da nossa equação deviam ser abertamente equacionadas neste dia de reflexão, porque durante a campanha é tudo uma salgalhada que ninguém se entende, com saliência para os debates da RTP-Espetada. Sai tudo pior do que entrou. Mas a lei não permite nada hoje. 

Lindo! Amanhã é dia de eleições. E hoje não podemos falar sobre elas! O pobre do eleitor é obrigado a reflectir sozinho, calado, quando estão em jogo mais 4 anos de governação.

Os vendilhões do templo e os fariseus que estão bem na vida podem dar-se ao luxo de neste fim-de-semana ir a ares, no campo ou na estância atlântica. Esses, como sabem que os pequenos partidos não chegam ao poder, recebam os votos que receberem ou crescendo a abstenção o que crescer, respiram tranquilamente porque os partidos do 'arco do poder' estão devidamente controlados, pontuam lá os homens de mão para na segunda-feira, ganhe quem ganhar, garantirem que a filosofia do Robin dos Bosques ao contrário não acaba ainda desta vez. Em qualquer caso, está garantido que governará a coligação. Ou o PS.

É como ter pedra para fechar o dominó nos dois lados.

Se calhar já arriscámos muito neste dia de reflexão. A partir deste momento, bicueites.