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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS




DO MASOQUISMO DO POVO
AO 'FURACÃO CATARINA'




Fora o  tufão Catarina Martins/Bloco, as eleições de ontem não trouxeram nada que impressionasse. Como se esperava, o eleitorado deixou-se levar pela sua fantasia masoquista pondo-se a jeito para continuar a ser tramado e mal pago por uma coligação que tanto massacrou os Portugueses mais fracos durante quatro anos.
Já se esperava o que aconteceu, pelas sondagens que desta vez encheram os ecrans familiares em várias versões diárias - mas coincidentes nos resultados.
Aqui na Madeira, também não seria de esperar que a maioria de povo que se acomodou a 40 anos de festa e regabofe viesse castigar o PPD regional e o nacional pelos quatro anos de austeridade a dobrar. O 4 de Outubro deixou uns sinais de descontentamento com a crónica maioria laranja, resta esperar pela próxima oportunidade - as autárquicas - para se fazer uma projecção mais consistente sobre quantos anos mais teremos de apanhar com a ditadura popular que nos impinge laranjal ao almoço e ao jantar há tantas décadas.


'V' DE VÍRUS     

Ganhar e perder, perder ou ganhar, etc e tal. (Foto GREGÓRIO CUNHA)

Miguel Albuquerque referiu-se a uma "vitória concludente" do seu partido ao usar da palavra ontem depois de conhecer os resultados eleitorais. Teve um bom mestre nesse tipo de leitura. Quem só nestas eleições tomasse conhecimento da correlação de forças na Madeira, diria o mesmo. Mas quem já virou alguns frangos nestes anos todos apercebe-se de que há mesmo vírus instalado na máquina laranja. Sim, o PSD ganhou as eleições em toda a Região, à excepção de Machico. Mas perdeu um deputado. Relativizando as coisas, ganhou aos outros partidos ontem mas perdeu quando se faz a comparação com os seus resultados de 2011. Foram-se mais de dezenas de milhares de votos, quando esta nova nomenclatura só está a mandar há 3 meses. O vírus está a minar aquelas cabeças.
Depois, por azar, os 3 deputados eleitos na desastrada lista de Albuquerque não contarão para o totobola de São Bento. Com eles ou sem eles, a coligação governa com maioria relativa. Poder de negociação, zero.
O que Miguel não disse foi que o seu partido acentuou a curva descendente que já se manifestara na milagrosa maioria absoluta das regionais. Ora, mais importante para a decisão do poder na Região do que as eleições de ontem serão as eleições autárquicas de 2017. Com acento tónico no Funchal. Não sabemos o que vale eleitoralmente hoje em dia, a meio mandato, a 'Mudança' de Cafôfo. O PPD será capaz de arranjar candidato capaz de desfazer esta incerteza, desalojando a oposição da principal câmara da Madeira, fundamental para quem pretenda deter o poder regional?
Os tempos não serão fáceis para o PPD-M de Miguel Albuquerque. Desalojar o vírus instalado na área social-democrata será tarefa bem complexa. O actual Stablishment só tem uma vantagem: está perfeitamente consciente de que o vírus foi trabalhado, não por adversários de outros partidos, mas por gente lá de dentro. Esse conhecimento ajuda a prevenir os golpes palacianos, mais ou menos sangrentos.



MISSÃO CUMPRIDA, 'POR AHORA'

Apesar da campanha sem sal, o PS subiu, porque 
o termo de comparação facilitava as coisas. (Foto GREGÓRIO CUNHA)


Carlos Pereira foi criticado quando resolveu avançar à frente da lista para São Bento. Quanto a nós, foi um acto de coragem necessário. Se se encolhesse, não saberíamos hoje se a sua liderança tinha acrescentado alguma coisa ao PS, mesmo que aumentasse os deputados na mesma para dois. Com a sua coragem, apostou e deixou tudo claro. 
Não esqueçamos que, a dada altura do processo, aquele risco do novo chefe socialista regional aumentou exponencialmente, quando de repente ele se deparou com inesperados alçapões no palco privativo do partido. Se acontecesse descalabro ontem, não faltaria quem o chamasse a contas por se ter imposto ao próprio presidente nacional do PS vetando o nome de Bernardo Trindade - que, com todo o mérito, ganhou estatuto de uma espécie de 'vaca sagrada' do socialismo caviar, cá e lá.
O primeiro embate ganhou-o Carlos Pereira. Claro que este foi apenas o primeiro trovão. A tempestade ainda vem a caminho. Se repararmos nos números, o PS-M não descolou da barreira psicológica dos vintes e poucos por cento. Dirão: mas aumentou 6 mil votos e uns 6%! Bem, se nas eleições anteriores averbasse mil votos, a subida ontem teria sido espectacular. Ou seja, os socialistas debatem-se aflitivamente naquelas águas estagnadas há tantos anos e não foi desta que se deu o maremoto.
Por força da contabilidade, o PS terá dois deputados em São Bento. O que, perversamente, também lhe traz responsabilidades que pesarão em próximas eleições. Aquilo que o governo regional falhar nos dossiers de interesse para a Madeira que forem presentes a Lisboa também chamuscará o PS. Então, agora com dois deputados lá, onde está o seu trabalho em defesa da Madeira? - perguntar-se-á.
Carlos Pereira terá outra prova de fogo, como Albuquerque: as autárquicas. Não vemos como possa contornar a candidatura de Paulo Cafôfo, actual presidente eleito em coligação que se tem mostrado pouco "obediente" à Praça Amarela". O grupo instalado na presidência do Município é uma casta à parte, na área socialista. De maneira que Carlos Pereira está no meio de um incêndio com várias frentes. Pode ceder à nomenclatura autárquica vigente, pairando então entre o eleitorado uma certa ideia de diluição do poder Pereirista no segmente socialista regional. Pode não ceder e então precisará de um nome com muito peso para candidatar e ganhar ao candidato de Albuquerque e quase de certeza a um outro candidato importante, ou seja... Paulo Cafôfo, que não deixaria de concorrer à cabeça de um movimento independente. Se o PS perdesse, caía Carlos Pereira, por não ter apostado em Cafôfo. Mas, mesmo candidatando o actual presidente, Carlos Pereira não resistiria a uma eventual derrota. Ou achará o líder que as 'n' sensibilidades internas morreram? Não morreram, apenas hibernaram para retemperar forças.




HARAQUIRI INGLÓRIO



Foi instantâneo: assim que José Manuel Rodrigues anunciou o seu nome para encabeçar a lista para São Bento, ainda por cima com Rui Barreto riscado do mapa, toda a gente percebeu que o antigo jornalista preparava a sua despedida da liderança do partido. 
Como se vê, o desmoronamento do período, por sinal muito longo, de liderança de Zé Manel foi um filme sem enredo, logo sem acção, suspense, sem sequer um pouco de emotividade a não ser o momento sempre penoso da despedida diante das câmaras.
Não vale a pena recapitular os porquês que andámos a enunciar desde o início deste processo eleitoral. Só recordar que o líder agora auto-demitido tentou travar a ascensão de Barreto no interior do partido - e da política regional. E a sua objectividade saiu-lhe fatal. Porque insensata. Ninguém pode parar um fenómeno natural, e, dentro do Partido Popular, Rui Barreto é isso.
O PP-M perdeu clamorosamente ontem, José Manuel Rodrigues sai de cena vítima de um haraquiri sem centelha de glória, mesmo olhando ao seu trabalho de 20 anos, e agora trata-se de um processo de sucessão resumido a uns trâmites burocráticos. Rui Barreto a voltar ao seu lugar de deputado regional, certamente para ascender a líder do grupo popular, enquanto Rodrigues se prepara para de lá sair e arranjar uma solução para conseguir a mudança para Lisboa com que sonhava. E depois são os tais 60 dias estatutários para o congresso extraordinário da consagração de Rui Barreto. Eis o novo ciclo à vista.



CATARINA E NÃO APENAS

Aconteceu domingo o feito eleitoral mais retumbante
do BE, acima dos 3 deputados eleitos para a ALM, e da Câmara de Machico, em tempos. (Foto JM)

A votação que bafejou o Bloco de Esquerda na Madeira faz parte do 'Furacão Catarina' que abalou Portugal neste domingo. Quem assistiu às reportagens de campanha e ouvia mulheres e homens do povo sabia que o fenómeno nacional teria forte impacto regional. Convém lembrar agora uma atitude da porta-voz do BE que certamente ficou no subconsciente de muitos madeirenses: Catarina fez questão de arrancar cá na Região a sua campanha nacional, inspirada no grande resultado obtido no regresso do Bloco à ALM.
Acreditamos num prémio cedido pelos madeirenses, já agora, ao antigo líder do BE Paulo Martins, a Guida Vieira e obviamente a Roberto Almada, já que o candidato eleito no Funchal, Paulino Ascensão, teve uma prestação na campanha positiva, mas insuficiente para com ela chegar lá. 
Depois de tantos anos a batalhar, Roberto Almada deve estar a desfrutar como é bom escrever direito por linhas tortas.




APANHADOS PELO FURACÃO

Atenção ao tamanho da perna quando
se pensa em dar passos.


Estávamos em crer que o Juntos Pelo Povo, sem precisar de trabalhar muito - e trabalhou - veria cair-lhe no prato um bife suculento. Tanto os eleitores descontentes do PS como os muitos do PP e os tantos do PSD poderiam descarregar no quadradinho dos gauleses o voto de domingo. Assim, não ficavam mal com os seus princípios e as suas aversões a direitas e esquerdas.
Mas eis que da estratosfera desceu uma tempestade sobre a Terra que varreu os temperamentos mais conservadores, syrizando o panorama político-partidário português. Nada menos de 19 deputados para o Bloco... sendo um mandato da Madeira (foi mesmo assim ou ainda não dormimos o suficiente?).
Estamos em crer que, não fora o 'Furacão Catarina', o JPP teria uma votação melhor do que os decepcionantes 7% - menos de 9 mil votos, longe da conquista de um mandato.
...Resultado decepcionante para quem sonhava com um crescimento na sequência autárquicas-regionais-nacionais. Mas nem sempre as contas batem certo. Convinha aos meus entusiásticos conterrâneos de Gaula perceberem que, quando se quer ir longe na política, mais vale caminhar ao ritmo da progressão aritmética do que da progressão geométrica. Lembrem-se do célebre PRD e de fenómenos mais recentes, igualmente conhecidos.  


Quanto às demais candidaturas, também não se assistiu a surpresas retumbantes, nem para cima nem para baixo. Uma palavra apenas para a CDU. Jerónimo, depois do trambolhão do 3.º para o 4.º lugar na tabela classificativa, veio dizer que o resultado, uma vez que uniforme, mostrou a força do... 
Bom, não nos digam que nas próximas eleições teremos outra vez o nosso simpático velhote do PCP a se estafar naquelas arruadas e naqueles bailaricos de província. Poupem-no a ele e poupem-nos a nós. E mesmo aqui na Região, não acham que era tempo de deixar entrar uma aragem fresca através das paredes de vidro?
A todos os partidos e coligações, sugerimos que não arrumem os materiais de campanha no armazém. Cheira-nos que não demora muito vai tudo outra vez para eleições destinadas a São Bento.

9 comentários:

Miss Take disse...

Tirando os 51% de Abstenção mais 3.69% de brancos e nulos, restaram 37.75% para o PSD, muuuiiito longe das habituais maiorias. Se a ultima maioria de AJJ foi motivo para um assalto à liderança do partido por parte de Albuquerque, que dizer desta “vitória concludente”?! No mínimo, Bye Bye maiorias do PSD e Albuquerque só por si e com os seus, não mais chega lá.
O PS, finalmente com um líder capaz e que sabe do que fala, fez um bom resultado mas atenção às “Camaras” perdidas, Porto Moniz e Porto Santo.
JMR pensava que deixava o partido como deputado nacional, assim não foi e com Rui Barreto, pelo menos mais um voto teria, o meu.
O BE surpreendeu de facto, renovou, o candidato Paulino esteve bem e lá foi na vaga da Catarina Martins e da vontade de mudança dos eleitores.
JPP como partido não é a mesma coisa e…FLOP.
Aos restantes, nada de novo, pela 1ª vez o meu voto foi para JM Coelho como agradecimento à coragem e persistência.

Anónimo disse...

O Zé Manel não travou ninguém. Foi várias vezes avisado da personalidade do Sr. Barreto. Foi mordido tantas vezes e deu-lhe sempre destaque pois achava que deveria ser o seu sucessor.

Anónimo disse...

A inveja é triste...

Anónimo disse...

Quem perdeu as eleições? Foi só o CDS? O JPP perdeu porque se mantivesse o seu eleitorado era muito fácil eleger um deputado para a AR. O CDS por embirração e má estratégia de José Manuel Rodrigues perdeu o seu deputado e o seu líder. O PSD perdeu um deputado e muitos votos. O PS surpreendeu a aumentar a sua representação parlamentar de 1 para 2 lugares. E o surpreendente Bloco de Esquerda a eleger um deputado da Madeira. Contas feitas, e à excepção do CDS, tudo como dantes no quartel general em Abrantes.
Na análise de líderes grande derrota de José Manuel Rodrigues. Grande vitória de Carlos Pereira que bateu o pé a Costa e chamou a si o risco destas eleições. Correu-lhe bem e sai com nota positiva.

Anónimo disse...

JPP não é a mesma coisa, e ficou à frente do CDS. E este CDS é o que um partidinho

Anónimo disse...

Bem que por estas bandas tentaram elevar o partido da Rua da Mouraria e o partido gaulês.
Também aqui as garrafas de champanhe ficaram guardadas

Eu, o Santo disse...

Caro senhor Calisto, o primeiro objectivo de quem deseja o Poder é o insucesso de quem o tem, pelo que sim, os candidatos à sucessão tentam prejudicar o lider... Criam medos, injustiças e desempregados políticos para basear o seu poder.

No entanto justificar que a descida de apoio popular do PSD M deve se só a isso é desmobilizar os opositores ao regime...

Anónimo disse...

Só neste país quem ganha, perde e quem perde, "ganha".

Anónimo disse...

O Ps subiu pelo mérito sem dúvida do Pereira ,melhor político que o Vítor, conjuntamente com o aproveitamento devido à conjuntura política atual ,ou seja 4 anos de governo da coligação com todas as medidas anti/sociais implementadas.O Be
subiu pela Campanha ,Imagem ,Mensagem da Catarina Martins !
Não por mérito do candidato da Madeira.. Coitadinho!!!!
O PSD aprendeu uma coisa... não é nos Gabinetes que se faz Campanhas..Saudades do Jaime Ramos esse sim uma Verdadeira Máquina a programar Eleições!