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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Angústia para votar



CAMPANHA DEIXA ELEITOR
NUM BECO SEM SAÍDA




Os candidatos falaram à inteligência do povo. Aqui fica a confissão: somos burros, não decifrámos as suas parábolas. Mas o problema do eleitor é um labirinto ainda mais complexo do que parece




Quando os cabecilhas do 'arco do poder' apelam para o eleitorado no sentido de que, vote em quem votar, proporcione uma 'maioria absoluta' ao País, eles estão a mandar-nos votar em que candidatura?
É confuso.
Passos Coelho foi claro no sentido patriótico que evidenciou nos debates: a maioria que se pede é para Portugal, portanto os Portugueses devem proporcionar essa necessária maioria absoluta, quer escolham a coligação quer escolham o PS. O importante é que se vote pela estabilidade nacional.
António Costa também foi claro no sentido patriótico evidenciado no frenesim das arruadas socialistas, dizendo a mesma coisa que Passos Coelho disse: seja em quem for, é preciso uma maioria absoluta que traga estabilidade.
Mas aqui a soma de uma recomendação clara com uma recomendação clara não dá duas recomendações claras nem sequer uma só recomendação clara. Dá um enigma que honestamente não conseguimos resolver.
Se pensarmos assim: uma vez que são ambos a sugerir a maioria absoluta, é que a solução é boa. Então, vamos votar para uma maioria absoluta. Mas... como saberemos que não estamos a votar errado, desperdiçando um voto que deveria ir ajudar a formação que está mais próximo da maioria absoluta? Como descobrir em quem votar certo, como eles mandam, sem telefonar ou fazer uma troca de sms com os 9 milhões de eleitores, para que fique tudo bem combinado e todos votem de maneira a uma candidatura conseguir a confortável maioria?
Ora, ou eles se explicam nas escassas horas que faltam de campanha ou arriscam-se a que o povo, sem atingir a perspicácia deles, se divida em duas maiorias relativas, uma maiorzinha e outra mais pequenina.
Vamos a cenários.
Votamos na coligação (cruzes, abrenúncio!!!) e o PS ganha por maioria relativa. "Oh homem, não deste o teu voto ao Costa, lá se foi a..."
Votamos no PS (abrenúncio, cruzes!!!) e a coligação ganha relativamente. "Oh homem, estragaste a..."
Os grandes candidatos do arco-íris, sem ofensa, devem ter-se explicado bem demais, a ponto de chegarmos ao último dia de campanha sem sabermos como votar certo.    
Para mostrar um mínimo de esperteza, vamos a este raciocínio. Dirigimo-nos a Passos Coelho: "Amigo Pedro, quero ajudar numa maioria absoluta, mas não sou capaz de adivinhar qual o caminho correcto."
"Homem, não seja burro, é só seguir as sondagens, elas desde o princípio têm dado superioridade à coligação!"
Realmente, como não nos lembrámos de pensar por aí? Claro, X na coligação.
Espera aí. É justo ouvir o chefe socialista, que também propõe voto numa absoluta. "Caro Tó, não adivinhei como votar ajudando uma maioria absoluta. O Pedro diz-me que é só seguir as sondagens..."
"Homem, não seja burro, não sabe que o povo é manhoso, que desde o princípio diz uma coisa ao telefone e depois faz outra na hora de votar? Desconhece as tranquibérnias do Portas com as empresas de sondagens?"
Não é que é verdade? Íamos escorregando na casca de banana do Pedro. Sim, senhores, X no PS.
Alto e pára o baile, grita o Leitor, com oportunidade. Sabemos o que vai dizer: nenhum deles é boa rês, politicamente falando. E assim ficamos na mesma. Tal como em toda a campanha.

Será que o povo passará o dia de amanhã a reflectir? Qual quê! Os políticos falam com tanta inteligência que ninguém os entende. Mas, sem entender isso de como votar para uma maioria absoluta, o povo não se esforça por decifrar o enigma. Porque há uma parte do problema que o povo percebe muito bem, sem frequentar universidades: a maioria absoluta é importante e decisiva para eles, políticos que procuram o poder absoluto para tramar ainda mais o povo. Ou seja, a maioria absoluta não interessa nada ao povo.
Mas... fica ainda no ar uma última questão, esta sim dramática: como votar para que nenhuma das facções daqueles vendilhões do templo consiga maioria absoluta? Essa é que é essa. Como votar certo para evitar o absolutismo sem saber de antemão como vão votar os outros 8.999.999 eleitores? Uma pessoa põe a cruzinha naquele que pensa que não vai ganhar, falha na previsão e, sem querer, está a meter-se no ninho de víboras alimentando uma maioria absoluta entre os próximos 230 deputados.
O problema persiste. Com o mexilhão sempre 'coiso'.

5 comentários:

Eu, o Santo disse...

Concordo especialmente que a maioria absoluta nao interessa à populacao portuguesa. Vou até mais longe, nem grandes maiorias relativas.
Sugiro que se Vote num partido pequeno que consiga eleger deputados de maneira a que quem for primeiro ministro não diminua as pensões, nem os apoios educativos, nem corte na saúde, nem aumente impostos. Para isto acontecer basta que esse primeiro ministro tenha fraco apoio no parlamento...

Anónimo disse...

A Maioria Absoluta seria importante para estabilizar os mercados financeiros e a dívida não subir. Mas Maioria Absoluta com um partido de esquerda para contrariar atitudes contra as classes mais baixas.
Na Madeira é leite derramado votar nos pequenos partidos, pois com a necessidade de obter cerca de 15.000 votos para um deputado, só o JPP está nessas condições, mas infelizmente nem isto eles disseram. Assim uma projeção para a Madeira poderá ser:
PSD-3
CDS-1
PS-1
JPP-1

Anónimo disse...

Comentário anterior muito realista.
PS muito dificilmente consegue 30000 votos para 2 deputados.
15.000 para 1 JPP com muito mais possibilidades.
NAO deitem votos fora, nos pequenos partidos. Saibam votar. Não desperdicem os Votos.
Só para a Assembleia Regional os pequenos partidos conseguem meter um deputado.
Para Lisboa só o JPP está nessas condições.

paulo disse...

Dentro de alguns meses havera votos outra vez. Sem maioria o Passos e o Paulo nao vao durar muinto tempo.

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Está cheio de razão.
Mas tudo está a acontecer por manifesta falta de capacidade dos políticos que se apresentam nas eleições.
Mas o pior é que começa a estarem criadas as condições para aparecer um messias, melhor dizendo, um Hitler salvador, que arraste as multidões atrás de si.
Eu sei que anda por aí um candidato à cruz gamada. Porém...