“PARA MEMÓRIA FUTURA”
É triste ver o Partido que ajudei a fundar, afastado do Governo da República apesar de mais votado nas últimas eleições.
Afinal e mesmo que isso custe aos situacionistas do regime que infelizmente e por oportunismo empestam o Partido Social Democrata, eu venho tendo razão quanto à inaptidão do sistema político-constitucional que uma Nação masoquista continua a aceitar.
Ninguém negará que eu me fui opondo aos caminhos que o Governo Coelho-Portas levava. Com as consequências pessoais que suportei.
Fui-me opondo a uma serie de coisas que qualquer cidadão esclarecido antevia conduzir à perda da maioria parlamentar absoluta.
No actual quadro da sobrevivência partidária interna do novo Primeiro-Ministro socialista, conjugado com a vontade comunista (BE+PCP e apêndices) de retirar o Governo à coligação Coelho-Portas, nenhum cidadão esclarecido pode estranhar o desfecho a que chegámos.
Foram até vários Prémios Nobel a confirmar estar errada a política imposta a Portugal pelos poderes financeiros internacionais, errada porque de menos moeda em circulação, de contracção da Economia e de mais desemprego, críticas que sempre subscrevi.
Embora em estado de necessidade, como então declarei, não tivesse podido impedir a imposição colonial e separatista de um Plano de Ajustamento Económico e Financeiro só para a Madeira.
Ora, porque nos tocam directamente, recordemos as obssessões hostis que já vinham de trás, de há muitos anos. Desde a oposição do actual grupo ainda dirigente do PSD nacional à nossa tese anti-sistema político-constitucional, passando por umas ligações internas, cá e lá, em relação às quais tentei me acautelar porque de sinal contrario ao Bem Comum.
Desde a cena da posição pró-Sócrates do então grupo da candidatura interna de Coelho, quando na Assembleia da República conseguimos uma maioria para repôr a anterior Lei de Finanças Regionais.
Desde a intolerância vingativa contra os que tivemos posições contrárias aos vencedores, nas eleições internas nacionais. Passando por uma cena insólita de palco, num Congresso Nacional.
E todos se recordam desse cúmulo de hostilidade manifestada nas eleições regionais difíceis de 2011, onde não faltou um desagrado explícito pela nossa vitória tramar uma coligação já organizada para me pôr de fora caso não tivéssemos alcançado a maioria absoluta.
E mesmo com maioria absoluta, todo depois assistiram ao alimentar constante da desestabilização interna no PSD/Madeira, também a partir de Lisboa.
Puxa, foi demais!…
Todos depois constataram a falta de sentido de Estado em a República adiar a resolução de problemas madeirenses pendentes, alguns já na calha acertada, aguardando até à nova governação pretendida. Quanto custou?!… E, pelo meio, até um “castigo”, feliz e judicialmente já desautorizado, sobre Deputados sociais-democratas madeirenses que defenderam … o que acabou por ser concretizado!…
O que faz a inveja dos medíocres aos que têm mais classe do que eles!…
Ah! E outras “estórias” que a Ética torna imperativo não chamar aqui, embora até tivesse graça essa de cá e lá terem orquestrado uma tentativa de acelerar a minha saída… para o Parlamento Europeu!…
Tratando-se de semelhante gente, nem me incomodei quando, no fim de uma vida inteira dedicada à Nação, nem um gesto, nem uma palavra, à saída!…
Ora tudo isto também contribuíu para que não me surpreendesse a preocupação provinciana de agradarem aos “patrões” da Europa, em vez de um bloco de força dos países financeiramente mais débeis - que eu pessoalmente também sugeri - que forçaria a outros resultados de negociação.
Como não me surpreendeu uma certa arrogância e antipatia para com o Povo, onde ao gosto da plutocracia se ia destruindo a classe média, com a incompetência de nem sequer saberem explicar convincentemente as razões das medidas… até mesmo das que estavam certas!…
Vieram as eleições nacionais, logo a insânia daqueles festejos de “vitória” quando, nessa mesma noite, pelas declarações de todos, se percebeu logo o que poderia e veio a acontecer.
A insânia continuou com uma formalização pública solene de um Acordo de Governo, antes de dialogar com os também “apertados” socialistas, ou sequer aventar a possibilidade da solução hoje mais lógica para Portugal, o “bloco central”, com o CDS a ser Oposição para contrabalançar a oposição das formações parlamentares comunistas.
Não!… Até tomou posse um Governo, sabendo que cairia daí a uns míseros dias! Assim, já se tinha destruído a classe média, destruía-se também o Centro político, radicalizando Portugal.
Outra!… Nem sequer faltou a cena de propôr uma revisão constitucional, depois de desde o CDS às formações comunistas (BE+PCP+adjacentes), passando pelo PSD e PS, todos terem feito uma “união nacional” na Assembleia da República para inconstitucional e antiregimentalmente impediram discussão da proposta de revisão constitucional da Madeira, apontada mais a uma importante e necessária transformação de Portugal, do que incidindo propriamente sobre questões regionais.
Vejam os partidos que temos, de uma ponta à outra!…
Agora vejo os sectores ultraliberais sonhar ganhar umas hipotéticas próximas eleições, que desejam apressadamente.
Talvez tenham uma surpresa. Primeiro, porque a Memória do Povo não é curta e não é de um instante para outro que passaria a dar maioria absoluta à dupla Coelho-Portas, se os respectivos Partidos, talvez por ocupados não se sabe bem por quem, insistirem erradamente em recandidatá-los.
Segundo, porque ficou mal perante o primado do Bem Comum e do Interesse Nacional, anunciar o radicalismo de meninos birrentos de, na Oposição, em nada cooperar.
Terceiro, porque conhecendo os socialistas “de ginjeira”, ninguém se surpreenderá com um próximo eleitoreiro “bodo aos pobres”, inclusive visando as eleições presidenciais.
Desde “menino e moço” que ouço dizer, mesmo em meios tidos por “direita”, que a Direita em Portugal é estúpida. Veja-se tudo isto agora…
Post-scriptum - Depois da cena do 25 de Novembro, ontem, na Assembleia Legislativa da Madeira, de novo mãos dadas com o PCP e desta vez com o CDS, o PSD recusou a solidariedade com um preso político angolano expressa pelos restantes Partidos, invocando a soberania do Estado angolano.
Isto de subordinar os Direitos Humanos, o primado da Pessoa Humana, ao Estado, é estalinismo ou fascismo e contraria a Doutrina social-democrata.
Que desorientação ideológica vai no Grupo Parlamentar do PSD/Madeira, quando até o Presidente da sua Comissão Política Regional participou e discursou num Convívio de militares e civis, evocativo do 25 de Novembro!
Funchal, 26 de Novembro de 2015
Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim