A questão que se põe é: se depois de levarmos parte da vida, contra a nossa própria natureza, a tentar percorrer o caminho do bem constatarmos que vivemos entre "ladrões", o que devemos fazer? Prosseguir nesse caminho simplesmente porque sim, por amor ao bem no caso de um ateu, ou enveredar pelo caminho que muita gente segue e respeita? Ser honesto no meio de ladrões não será ser idiota útil?! Ser honesto numa sociedade que venera a riqueza e em que o sistema judicial é inoperante não é ser parvo?! Perante estas constatações, como educar os filhos? É que nem toda a gente necessita de percorrer estas várias fazes intelectuais para chegar a estas conclusões. Aqueles que muito têm rapidamente aprendem como manter e aumentar as suas fortunas, os que nada têm rapidamente aprender a lutar pela vida e depois há uma grande maioria que tem a veleidade de seguir as orientações religiosas ou cívicas e estes só tardiamente se apercebem das verdadeiras regras da vida. Entretanto alguns já terão educado os filhos de tal forma que estes estarão condenados a serem vítimas como os país.
Penso que a citação que faz de Maquiavel pouco terá a ver com o contexto desta sua peça. Provavelmente foi retirada da sua obra imortal "O Príncipe". Algo que não é exactamente um manual de boas maneiras para ser aplicado ao cidadão comum. É apenas um tratado de política pragmática para ser aplicado pelos detentores do poder. Repare que ele escreveu "num mundo cheio de perversos", o quererá dizer, no mundo da política. Uma coisa é a moral outra é a política. É triste, mas sempre foi assim e continuará a ser (por razões que Maquiavel explica magistralmente)...
Este seu reparo recorda-me o facto de se pensar que as relações entre países é muito diferente das relações entre pessoas. Da mesma forma que as potencias mais poderosas aplicam critérios de legalidade/ética às menos poderosas que não aplicam, nem deixam que se apliquem, a si próprias (impunidade internacional)o mesmo fazem aqueles que o podem fazer nas relações interpessoais. As "regras" não escritas das relações entre Estados, partidos, poderosos da política ou da finança, também se aplicam, em escala proporcional, nas relações interpessoais entre pessoas vulgares. Normalmente a parte mais fraca ou aceita essas regras não escritas com resignação por não as poder contestar ou simplesmente não se apercebe das mesma dada a sua passividade intelectual. Há muito boa gente que é mais maquiavélica que Maquiavel sem o ter lido.
Apenas quero referir que, sendo a inveja um pecado "individual", digamos assim, pouco terá a ver com a filosofia de Maquiavel, que é muito mais abrangente e intemporal. Já agora, parece-me injusto tratar esse pensador florentino como um despudorado instigador do mal. O que ele escreveu foi uma espécie de manual prático para o exercício do poder, numa época em que tal era aceite numa Europa acabada de sair da escuridão medieval. E a responsabilidade do seu uso recai sobre quem estiver disposto a aplicar esses conselhos sem olhar a meios. "O Principe" tem o mérito de colocar o dedo na ferida do poder. A sua obra tem o condão nos pôr de sobreaviso e entendermos melhor os comportamentos dos políticos. Porque, quer queiramos quer não, consciente ou intuitivamente, a política continua a ser feita com os princípios de Maquiavel.
Caro amsf, a Moral que defendo está relacionada com a Virtude (também chamada de Força) e Independência. Estes dois factores estão relacionados com a Invulnerabilidade. Publicarei a minha opinião sobre esse assunto, mas cada quem está a viver a situação é que melhor sabe qual a atitude correcta.
Para mim, o Mal aplicado pelos grandes não difere muito do dos os pequenos... A principal diferença é que o primeiro é mais refinado.
Concordo com o senhor Fernando Vouga sobre Maquiavel. Ele escreveu o Príncipe para tentar ganhar um cargo. A peça Mandrágora já mostra um Maquiavel a tentar ensinar a população...
6 comentários:
A questão que se põe é: se depois de levarmos parte da vida, contra a nossa própria natureza, a tentar percorrer o caminho do bem constatarmos que vivemos entre "ladrões", o que devemos fazer?
Prosseguir nesse caminho simplesmente porque sim, por amor ao bem no caso de um ateu, ou enveredar pelo caminho que muita gente segue e respeita?
Ser honesto no meio de ladrões não será ser idiota útil?! Ser honesto numa sociedade que venera a riqueza e em que o sistema judicial é inoperante não é ser parvo?!
Perante estas constatações, como educar os filhos? É que nem toda a gente necessita de percorrer estas várias fazes intelectuais para chegar a estas conclusões. Aqueles que muito têm rapidamente aprendem como manter e aumentar as suas fortunas, os que nada têm rapidamente aprender a lutar pela vida e depois há uma grande maioria que tem a veleidade de seguir as orientações religiosas ou cívicas e estes só tardiamente se apercebem das verdadeiras regras da vida. Entretanto alguns já terão educado os filhos de tal forma que estes estarão condenados a serem vítimas como os país.
amsf
Caro senhor
Penso que a citação que faz de Maquiavel pouco terá a ver com o contexto desta sua peça. Provavelmente foi retirada da sua obra imortal "O Príncipe". Algo que não é exactamente um manual de boas maneiras para ser aplicado ao cidadão comum. É apenas um tratado de política pragmática para ser aplicado pelos detentores do poder.
Repare que ele escreveu "num mundo cheio de perversos", o quererá dizer, no mundo da política.
Uma coisa é a moral outra é a política.
É triste, mas sempre foi assim e continuará a ser (por razões que Maquiavel explica magistralmente)...
Caro Fernando Vouga
Este seu reparo recorda-me o facto de se pensar que as relações entre países é muito diferente das relações entre pessoas. Da mesma forma que as potencias mais poderosas aplicam critérios de legalidade/ética às menos poderosas que não aplicam, nem deixam que se apliquem, a si próprias (impunidade internacional)o mesmo fazem aqueles que o podem fazer nas relações interpessoais. As "regras" não escritas das relações entre Estados, partidos, poderosos da política ou da finança, também se aplicam, em escala proporcional, nas relações interpessoais entre pessoas vulgares. Normalmente a parte mais fraca ou aceita essas regras não escritas com resignação por não as poder contestar ou simplesmente não se apercebe das mesma dada a sua passividade intelectual. Há muito boa gente que é mais maquiavélica que Maquiavel sem o ter lido.
amsf
Caro amsf
Obrigado pela atenção.
Apenas quero referir que, sendo a inveja um pecado "individual", digamos assim, pouco terá a ver com a filosofia de Maquiavel, que é muito mais abrangente e intemporal.
Já agora, parece-me injusto tratar esse pensador florentino como um despudorado instigador do mal. O que ele escreveu foi uma espécie de manual prático para o exercício do poder, numa época em que tal era aceite numa Europa acabada de sair da escuridão medieval. E a responsabilidade do seu uso recai sobre quem estiver disposto a aplicar esses conselhos sem olhar a meios.
"O Principe" tem o mérito de colocar o dedo na ferida do poder. A sua obra tem o condão nos pôr de sobreaviso e entendermos melhor os comportamentos dos políticos. Porque, quer queiramos quer não, consciente ou intuitivamente, a política continua a ser feita com os princípios de Maquiavel.
Caro amsf, a Moral que defendo está relacionada com a Virtude (também chamada de Força) e Independência. Estes dois factores estão relacionados com a Invulnerabilidade.
Publicarei a minha opinião sobre esse assunto, mas cada quem está a viver a situação é que melhor sabe qual a atitude correcta.
Para mim, o Mal aplicado pelos grandes não difere muito do dos os pequenos... A principal diferença é que o primeiro é mais refinado.
Concordo com o senhor Fernando Vouga sobre Maquiavel. Ele escreveu o Príncipe para tentar ganhar um cargo. A peça Mandrágora já mostra um Maquiavel a tentar ensinar a população...
Caro O Santo, Diz ao que vens e deixa-te de merdas. Já mete nojo essa pseudo filosofia política de bolso.
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