É NAS HORAS DIFÍCEIS QUE...
O melhor futebolista do mundo, que para nosso privilégio é um madeirense, reagiu sem pestanejar aos crimes terroristas de Paris. Cristiano Ronaldo escreveu, para que todo o mundo lesse, não poder ficar indiferente ao horror de sexta-feira. E que o seu pensamento estava com as famílias das vítimas.
O jogador do Real Madrid sabe ao que se expõe. Há alvos muito apetecíveis para os que lutam armados atrás da cobarde clandestinidade. Ronaldo sabe o perigo que corre perante terroristas sem escrúpulos em busca de publicidade internacional para a sua 'causa'. Mas não conseguiu ficar indiferente aos crimes. E não ficou.
Nós também não podemos ficar indiferentes a este gesto humanista de quem felizmente está bem na vida e podia ficar a recato, observando o terrorismo em directo, pela TV. Não ficou. Interveio. Como um Homem civilizado.
Cristiano já marcou golos soberbos, que somos capazes de descrever agora mesmo. Golos que permanecerão nas memórias e nas histórias do nosso futebol. Mas este gesto com Paris é golo para continuar eternamente no nosso coração.
Falar de rosto descoberto, ante perigos incalculáveis, aliás bem calculáveis, é uma lição de liberdade de expressão e de solidariedade com os iguais.
10 comentários:
Bonito gesto sem dúvida e que mostra a sua fibra.
Não é daqueles que preferem agachar-se de medo, na esperança de que os terroristas tenham pena deles e não lhes façam mal.
Há muita gente que faz por esquecer que armamos esta gente para que eles derrubassem um ditador que se recusava a estar ao nosso serviço. Outros foram derrubados quando se recusaram a deixar-se manobrar por certas potencias ( Saddam, Kadhafi, etc, etc). Entretanto a comunicação social retirou-se para que não tenhamos consciência em que estado deixamos os países em que intervimos para que no futuro se repita a mesma receita sem que ninguém se lembre dos exemplos passados.
Outros tudo fazem para que esqueçamos que desde há um ano bombardeamos diariamente o Iraque e a Síria. Curiosamente as imagens existentes no Youtube nunca foram usadas para ilustrar as consequências desses bombardeamentos no terreno. Se o fizessem corria-se o risco de perceber que do outro lado também há seres humanos. Nas primeiras semanas em que os russos bombardearam a Síria as agências noticiosas "descobriram" que esses vídeos estavam disponíveis no Youtube e descobriram que os bombardeados eram civis inocentes simplesmente porque aquelas bombas específicas eram russas. Os nossos líderes, ajudados pelas agências noticiosas, supõem que os muçulmanos a viver no Ocidente são mantidos na ignorância como a restante opinião pública. Mas não, os muçulmanos no Ocidente, divididos nas várias orientações religiosas, sabem dos massacres que acontecem nas respectivas comunidades de origem apesar do silêncio da comunicação social dos países onde efectivamente vivem.
Desde 2011 que há diariamente um Paris na Síria e desde junho de 2014 haverá uns 3 ou 4 Paris por dia no Iraque e na Síria. O Estado Islâmico e os outros grupos não têm fábricas de armas mas que se saiba não têm estado durante todo este tempo a lutar com paus e pedras.
O "jogo" de quem está nos bastidores não é vencer a guerra contra o terrorismo mas alimentá-la, mantê-la indefinidamente pois se a paz é lucrativa para centenas de milhões a guerra é altamente lucrativa para dezenas de milhares.Estas dezenas de milhares todos os dias trabalham para fomentar a guerra enquanto que milhões se deixam manobrar uns contra os outros convencidos de que só assim serão seres humanos decentes. Num mundo que segue a lei de Talião a maioria acaba cega pelo ódio enquanto que os manobradores mantém os seus dois olhos e conduzem os demais à cegueira fratricida.
amsf
Já se lhe reconhecera ADN de líder. Veio, uma vez mais, comprová-lo com este gesto. Não receou expor-se, saindo da sua zona de conforto na defesa daquilo em que acredita. Outros teriam ficados quedos e mudos até porque não era, em termos pessoais, essencial dar a cara neste momento. Homem mediático como é, não se escondeu dos snipers do DAESH
Caro amsf
Não deixa de ser curiosa a existência de terrorismo islâmico, de extrema violência, muitos anos antes dos ataques ao Iraque ou à Síria.
Não acredito que, se tais ataques cessarem agora, os terroristas acabem no desemprego.
Eles nunca precisaram de provocações para fazerem o que há muito andam a fazer.
Conveniente será averiguar por que razão os prósperos Estados do Golfo, destinos turísticos de grande luxo, ao contrário do que acontece no Egipto, Tunísia e outros países islâmicos, não são alvos de ataques. Não serão eles que alimentam o terrorismo? Com o nosso dinheiro?
Concordo com a publicação e com os comentadores Fernando Vouga e amsf.
O Fernando coloca o dedo na ferida ao questionar sobre as razões últimas do financiamento do DAESH. Aí reside um dos importantes dramas do nosso tempo. A queda do muro de Berlim instaurou um "pragmatismo financeiro" pouco ou nada recomendável aos seres humanos. Compram-se e vendem-se armas com muita facilidade, segue-se-lhe uma forte acção psicológica sobre jovens que, ao serviço de chefes nada escrupulosos,"cumprem ordens", chacinando pessoas indefesas
A sociedade ocidental está a ficar hierarquizada; não há igualdade de oportunidades. Vejo cada vez mais a revolta nos jovens por não terem o que lhes foi prometido: um bom emprego, garantias sociais - incluindo uma reforma condigna- , a promoção baseada no mérito, e igualdade perante a lei. (Não me estou a referir só à Madeira)
Mais ainda são inundados de publicidade e programas televisivos que mostram que muitos outros têm o que eles desejam.
Assim é fácil os jovens estarem revoltados.
Espinoza disse que ao retirar a esperança retira se também o temor.
Para criar um terrorista para além do indivíduo revoltado é necessário dogmatiza lo e fornecer lhe técnicas e meios de operação...
A nossa sociedade continua a produzir em série indivíduos revoltados... E a tendência é aumentar a produção através de leis cada vez mais injustas (que beneficia o capital ao inves das pessoas) e de uma nova evolução dos computadores: eles agora conseguem aprender pelo que os técnicos superiores estão a ser substituídos por programas de computador.
Santo, vai-te confessar...ao cavaco
Anónimo, queres te encontrar comigo para teres o privilégio de me dizer isso na cara... Num sítio isolado...
Mas já que aborrece os comentarios que apresento farei uma nova sequência sobre as entidades públicas madeirenses em honra do Anónimo: SRAPE, Sérgio Marques e Presidência, Miguel Albuquerque.
Sim, aborrece-me ver um concurso público feito para um determinado individuo ganhar. Mais ainda deram uma tarefa a esse indivíduo para ele fazer em 20 meses e ele demorou cerca de seis anos (mais ano menos ano). Cerca de um ano depois foi proposto para ter um cargo de director.
Estes são os valores laranja.
E acho justo que quem defenda esses valores laranja tenha a infelicidade de sempre encontrar incompetentes a tratar das suas coisas: mecânicos, advogados, médicos, professores, canalizadores, mulheres a dias, ... Para sofrerem na pele as injustiças que promovem e defendem.
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